O Diário de Amelia Hastings

Cap. 23 - Hey, brother...

02/11/2016

Querido Charlie,

Adivinha quem veio me visitar hoje? Você não vai acertar porque nunca falei dele aqui no diário, que na verdade nem diário é porque nunca escrevo diariamente, enfim, vou parar de enrolar. Meu irmão, Josh Hastings, apareceu finalmente e ele é incrível. Mora em Athens, é cinco anos mais velho que eu e sempre me ajuda em tudo o que eu preciso. E me ajudou mais uma vez hoje.

Desde que eu me assumi para os meus pais, vivemos uma guerra fria aqui em casa. Não tocamos mais no assunto, mas ele sempre paira sobre nós, principalmente quando eu chego em casa "fora do horário". Eles sabem com quem eu estou, mas nada dizem. É um pouco difícil lidar com essa situação, mas é melhor do que ficar brigando com eles todo dia, não é mesmo? Se dependesse da Melissa, eu iria morar na casa dela para poder viver livremente, mas não é hora para isso. Enquanto eu puder viver na minha casa, viverei.

Voltando para o meu irmão, ele chegou pela manhã e eu estava na casa da Mel. Quando voltei para a minha, já passava das 15:00. Ele estava sentado perto da porta e parecia estar me esperando. Eu nem acreditei quando vi.

— Mentira que você tá aqui — falei sem acreditar. As visitas dele são raras.

— Eu tô realmente aqui, pequena. — Ele me abraçou. Josh me chama assim desde que eu me entendo por gente.

— Tava com saudade. — Eu o apertei com força.

— Também tava, só não me deixa sem ar, por favor — ele brincou e eu o soltei. — E tô querendo saber o que você andou aprontando, Amelia Hastings.

— O que você já sabe? — perguntei.

— A mãe me disse que eu precisava falar com você e te resgatar pro lado certo da vida. O que isso significa?

Ele apertou os lábios, como se segurasse uma risada. Eu não aguentei e ri.

— Vamos entrar e eu te conto — falei.

Fomos para o quintal e lá comecei a contar tudo para o meu irmão, cada detalhe desde o início. Abri o meu coração na esperança de que ele me entendesse. Queria que Josh visse que o que eu sinto pela Melissa está além dos meus domínios.

— Você tem certeza do que quer? — ele perguntou de forma séria.

— Sim, eu amo ela. Nossa família é super tradicional e preconceituosa, sei que nunca vão aceitar, mas eu não me importo com isso. Eu só quero ser feliz com ela, mas não sei o que fazer pra convencer a mãe e o pai de que eu não tô fazendo nada de errado.

Coloquei as mãos no rosto e suspirei.

— Amy, relaxa. Vou tentar te ajudar e nunca diga nunca. Tudo pode mudar. — Ele sorriu.

— Você conhece os Hastings — falei sem esperança.

— Sim, eu conheço, mas tudo pode acontecer.

— Ok, senhor esperançoso.

Nós dois rimos. Desabafei mais um pouco sobre aquela situação com os meus pais e citei o tal acordo de discrição. Josh achou um absurdo, mas compatível com a mentalidade dos nossos pais. Mesmo assim, o meu irmão disse que tentaria reverter a situação.

— Amelia, eu quero conhecer essa menina — ele pediu depois de toda essa conversa.

— Agora? — Olhei para ele surpresa. Já era umas 16:30.

— Se der, por que não? — Ele riu.

— Vou só ver se ela tá livre.

Sorri como uma criança, completamente feliz com aquela empolgação do meu irmão, e liguei para a Melissa na esperança de que ela pudesse me ver ainda naquele dia.