Cap. 16 - I'm falling to pieces...

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09/09/2016

Querido Charlie,

Faz um dia que Melissa terminou comigo. Eu não sei como consegui levantar da cama. Não consigo esquecer das palavras dela: "eu não quero mais você". Isso me machucou profundamente. Além disso, estou com raiva dela. "Espero que você seja feliz", ela disse. Como ela pôde ser tão fria e ainda me desejar isso? Espera que eu seja feliz? Como vou confiar em outra pessoa depois de todas as promessas vazias que ela fez para mim? Olha, não sei o que pensar.

Como tinha aula, tive que pegar o pouco de força que recuperei em uma péssima noite de sono e me preparar para ir à escola. Eu me olhei no espelho. Que visão! Meus olhos estavam inchados, revelando que a noite não foi nada boa. Minhas olheiras estavam evidentes. Eu estava em um péssimo estado. Peguei uma calça de moletom preta, uma blusa roxa xadrez, uma touca e joguei um óculos de sol dentro da mochila (talvez eu fosse precisar dele). Fui tomar café e minha mãe estava lá.

— Amelia, está tudo bem? — Ela me olhou da cabeça aos pés, preocupada.

— Sim, mãe. — Naquela hora vi que minha voz também estava horrível.

— Aconteceu alguma coisa? — Ela estava realmente preocupada.

— Não. Tô um pouco atrasada, só isso. — Eu estava mesmo.

Bom, Charlie, do jeito que eu descrevi meus pais até agora, parece que eles são péssimos, mas na verdade não. Eles se preocupam comigo, me amam e me dão tudo o que eu preciso. A única coisa que me incomoda neles é o fato de serem "mentes fechadas". Para eles, não existe meio termo. Se eles têm certeza de alguma coisa, não tem quem os faça mudar de opinião. O diálogo é uma coisa um pouco complicada aqui em casa, mas entendo que é pela forma que eles foram criados. Os meus avós não davam abertura para eles, então eles fazem a mesma coisa comigo. Ou seja, é um problema estrutural de família e que, se eu tiver filhos um dia, vou fazer questão de quebrar isso.

— Quer que eu te deixe na escola hoje? — meu pai disse e apareceu na cozinha já pronto para trabalhar.

— Se não for atrapalhar, eu quero. — Eu precisava de um cochilo e ir de carro me daria essa oportunidade.

— Você não atrapalha, minha filha. — Ele sorriu.

Entramos no carro e ele começou a falar:

— Filha, estou preocupado com você.

— Por quê? — Meu tom de voz mostrou que eu não queria conversar. Eu precisava daqueles minutos para fechar os meus olhos e tentar me concentrar em como agir pós-término de namoro na escola.

— Você chegou tarde e estranha em casa ontem. — O carro parou no sinal. — E hoje, olha seu estado. — Ele apontou para minhas roupas.

— Pai, estou indo para a escola. Vou estudar. Não vou para um desfile de moda. — Fui um pouco grossa, mas me perdoa. Eu não queria conversar com ninguém.

— Que jeito é esse de falar comigo? — Seu tom era firme e eu suspirei.

— Desculpa, pai. Eu só estou cansada.

— Vai me explicar por que está estranha?

— Não é nada. Relaxa. — Fechei meus olhos e coloquei meus fones de ouvido, na esperança que Richard Hastings visse que eu queria meu espaço.

Depois de alguns minutos, finalmente chegamos na escola.

— Boa aula, filha — meu pai disse e sorriu.

— Obrigada, pai. Bom trabalho. — Tentei sorrir, mas não deu muito certo. Foi um sorriso forçado.

Caminhei em direção a uma mesa onde Melissa e Mathew sempre me esperavam. Eu nem sei porque fui lá. Acho que era o costume. Procurei pelo meu amigo, mas não encontrei ele de primeira, até que vi ele conversando com a Melissa. Como ele podia estar falando com ela? Eu estava ali, catando os pedaços do meu coração partido, e o Mathew lá, conversando muito tranquilamente com a senhorita Montgomery. Naquela hora, fiquei com uma raiva que não pensei que fosse segurar. Eu não conseguia ver um motivo para os dois estarem se falando. Melissa queria roubar o meu amigo? Não bastava me deixar naquela situação, ainda tinha que me deixar esperando para falar com o Mat?

O Diário de Amelia HastingsOnde histórias criam vida. Descubra agora