Cap. 41 - Just be careful...

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04/02/2018

Querido Charlie,

Melissa comprou uma moto. Eu nunca gostei dessa ideia porque sempre achei esse veículo muito perigoso. Eu estou com o coração na mão. Eu sei que ela é uma ótima condutora, tanto em moto como em carro, mas motos são bem imprevisíveis. Eu espero que tudo fique bem.

Enfim, a Mel me convidou para ir na casa dela almoçar. Eu fui porque estava com saudades dela e dos meus sogros, Kate e Michael. Eles me receberam super bem, como sempre. Estava tudo tranquilo, até que Melissa disse que queria me mostrar uma coisa. Ela saiu de casa e quando voltou, estava com a moto. Kate olhou para a filha preocupada. É claro que a minha sogra já tinha visto aquilo antes, mas eu sabia que nós duas compartilhamos o mesmo sentimento de apreensão. Olhei para minha namorada com uma cara de "não acredito que você gastou dinheiro com isso".

— Melissa, por que uma moto? — perguntei, deixando claro a preocupação na minha voz.

— Porque eu não sou rica como você pra comprar um carro. — Ela riu e eu revirei os olhos. — Eu preciso de um meio para me locomover, minha princesa.

Balancei a cabeça negativamente. Ela veio até mim e me deu um beijo na testa.

— Amor, eu vou tomar cuidado — ela disse, tentando me tranquilizar. — Não precisa se preocupar.

Eu a abracei com força. Sabe o sexto sentido, amigo? Então, era mais ou menos isso que estava me deixando preocupada. Algo me dizia que aquela moto traria problemas, mas resolvi não falar nada naquela hora. Eu sabia que nada ia adiantar. Melissa não ia se desfazer da moto por causa de sensações estranhas minhas.

Passamos o resto do domingo agarradinhas. Eu tinha que aproveitar cada momento. Foi tão bom estar nos braços da minha namorada. Conversamos sobre muitas coisas, inclusive o nosso futuro.

— Ainda não acredito em tudo isso — ela disse.

— Tudo isso o quê?

— Terminar o ensino médio, começar a faculdade, ter uma namorada. Eu nunca pensei que seria tão complicado. — Ela soltou uma risada sem humor.

— Eu sei que é complicado. Estamos fazendo tantas coisas. Vai ser tão difícil não passar mais tanto tempo com você.

— Eu sei, amor, mas agora as coisas estão mudando. Precisamos entender o lado uma da outra.

— Eu entendo, Mel. Tá tudo bem. — Olhei para ela e ela tocou um dedo na pontinha do meu nariz. — Mas promete que quando tiver um tempinho, você vai correr pra mim? — Fui o mais manhosa possível.

Ela sorriu e me deu três selinhos.

— Prometo sim — Melissa respondeu.

— Então tudo certo. — Nós sorrimos.

— Eu sou muito sortuda por ter você, Am.

Outro sorriso bobo que a Mel arrancou de mim. Eu amo o meu relacionamento com ela. Nós quase nunca brigamos, estamos sempre fazendo declarações uma para a outra e nós nos apoiamos em todos os projetos pessoais. Respeitamos o sonho de cada uma e procuramos sempre nos adaptar às situações que nos são apresentadas, como, por exemplo, termos que ficar longe uma da outra.

Voltei para a universidade quando já era noite. Melissa resolveu ir amanhã. Eu queria que ela viesse comigo, então insisti.

— Am, eu vou amanhã de manhã com a minha moto. — Ela me abraçou.

— Eu só quero te proteger — falei, manhosa.

Ela beijou a minha testa e disse:

— Eu sei e acho bem fofo isso. — Revirei os olhos e ela riu. — Fica tranquila.

Respirei fundo e Melissa me apertou bem forte. Eu não sabia explicar exatamente o que eu estava sentindo, mas creio que era angústia. Nessa hora eu pensei "Será que eu deveria falar para ela?".

— Amor? — chamei bem baixinho.

— Eu.

— Vem comigo, por favor. — Saí do abraço e olhei bem nos olhos dela. Era minha última tentativa.

— Am, não me olha assim. — Ela balançou a cabeça para os lados.

Melissa me puxou novamente para um abraço. Eu não queria ir embora. Não queria deixar a minha mulher. Então, só fiquei ali, nos braços da minha namorada, aproveitando aquele calor confortável. Ficamos por um bom tempo daquele jeito, mas eu precisava ir embora e Melissa me lembrou disso.

— Amor, você precisa ir antes que fique mais tarde.

— Eu fico aqui e amanhã você vai comigo.

Ela soltou uma risada nasal.

— Am, sua preocupação e proteção são sempre bem vindas, mas eu preciso cuidar das minhas próprias coisas.

— Eu sei e não estou dizendo que você não pode fazer suas coisas, mas eu me sinto insegura vendo você andando de moto.

— Eu vou tomar cuidado. É só uma moto, Amelia. — Ela deu de ombros. — Eu nunca fui uma pessoa imprudente e não é agora que eu vou ser.

— Não é só sobre você, Melissa. A maioria dos acidentes nem é culpa de quem tá na moto.

— Que pensamentos negativos são esses? Relaxa.

— Não é um pensamento, é uma sensação — revelei, mas ela nem pareceu notar o que eu realmente queria dizer.

— Relaxa, princesa. — Melissa segurou o meu rosto em suas mãos, o que me obrigou a olhar em seus olhos. — Vai ficar tudo bem e eu vou ser a motoqueira mais cuidadosa desse mundo. Tudo pra sempre voltar bem pra você.

Ela me beijou carinhosamente e foi tão gostosinho.

— Você acha que um beijo vai resolver tudo? — perguntei, querendo mais.

— Não, mas deve servir pra alguma coisa. — Ela deu de ombros.

Soltei um suspiro cansado. Não tinha mais o que fazer, então falei:

— Bom, já que eu não vou te convencer de jeito nenhum, vou indo.

— Ei, pode ficar tranquila.

— Vou tentar.

Melissa me deu um beijo na testa. Eu sempre achei isso um dos gestos mais fofinhos e carinhosos.

— Agora vai logo, amor — ela disse.

Dei um beijo apaixonado nela e me despedi. Cheguei aqui no meu quarto e estudei um pouco. Agora vou descansar. Ainda estou muito preocupada com a minha namorada andando por aí em uma moto, mas ela me garantiu que ia tomar cuidado. Nela eu confio, mas o perigo real está no trânsito. Eu sei que carros também são perigosos, mas motos são milhões de vezes mais. O que eu faço, Charlie?

Até outro dia...

O Diário de Amelia HastingsOnde histórias criam vida. Descubra agora