Capítulo Dezenove: Medidas Extremas

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            Coloquei a mão no estômago, como se isso fosse diminuir a dor nele. Eu ria tanto que senti lágrimas escorrendo pelo meu rosto. Estávamos correndo pela rua. Ele me puxando pela mão, enquanto eu o acompanhava em meus saltos. Depois de virarmos tantas ruas, desistimos de correr e paramos.

            Adam me puxou e me abraçou. Ficamos rindo tanto que não nos aguentávamos. Então, ele se afastou um pouco, mas não o suficiente para separar os nossos corpos.

            - Quero fazer de novo. – ele comentou rindo.

            Só concordei com a cabeça.

            Mas, o que é de novo? Vou recapitular:

            - Com certeza. – afirmo, mas não sei mesmo se isso é verdade. Adam não diz mais nada, nem eu.

            - Está quieta. – ele comenta.

            Eu o olho como se ele não tivesse falando algo verdadeiro. – É. – é tudo o que digo. Sinceramente, não consigo parar de pensar no beijo, no rosto de Leon e me sinto uma traidora por ter aceitado sair com Adam.

            - Relaxa, ok?

            Trocamos olhares. Sem dizer nada e eu concordo com a cabeça. Percebo que não pode ser assim, não estou sendo eu. Então, decido me divertir. Adam para na frente de um outro restaurante caro, como aquele que ele me levou no nosso jantar anterior à entrevista. Deixo que ele peça toda a comida e só concordo com a cabeça.

            - Gostou da entrevista? – ele questiona com um sorriso sarcástico nos lábios.

            Levanto uma sobrancelha diante da ironia dele. – Ah, sim, até que me saí bem. – Patty achou um vídeo dela completa no youtube e eu baixei o vídeo para vê-lo sempre que eu quiser. É terrível como a TV pode nos engordar.

            - Sim, muito. – ele confirma com um meio-sorriso. – Conseguiu escapar bem de tudo.

            - Você diz escapar das suas pegadinhas. – nesse momento o garçom chegou e serviu vinho em nossas taças. Mas, ele não pôs a garrafa na mesa. Ele a levou embora.

            - O que seria da vida se tudo fosse chato e enfadonho? Brincar é viver! – ele pegou a taça, deu uma fungada – cara, isso é chique? Porque me parece tão nojentinho você cheirar o vinho. Tipo, é para ver se está podre? Se virou vinagre? Eu nem vou tentar imitar. Deu uma balançadinha na taça e bebericou o líquido.

            - Sei. – foi tudo o que eu disse antes de pegar a taça, sem delongas e beber, quase num único gole, tudo.

            Ele riu e me imitou. Começamos a falar sobre coisas bobas. Na verdade, ele só me contou um pouco mais sobre Aysha, sobre o trabalho social que ela fazia, Depois, falei sobre a minha vida com a minha mãe. Era triste falar dela. Mas, não me senti triste. Na verdade, ele foi muito gentil em perguntar sobre ela.

            - Você quer que eu a leve para visitá-la? – ele me perguntou e depois deu outro gole no vinho.

            O nosso prato chegou nesse momento. Eu não o respondi. Sinceramente, fiquei chocada. Depois do enterro eu não havia mais ido visitar o túmulo. Talvez, agora, mais de três meses depois, fosse o momento. Só não quis falar,

            - Eu vou ao banheiro. – falei me levantando.

            O encontro estava bom e agradável. Mesmo tocando em assuntos como a minha mãe. Eu não queria dar o braço a torcer e dizer que estava bom. Fui no banheiro, lavei as mãos e peguei na bolsa meu batom, passei-o novamente. Assim, que sai me deparei com Adam na minha frente.

A Herdeira (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora