Capítulo vinte e quatro: Enfim, herdeira oficialmente

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            Nem deu tempo para tomar café. Eu vesti a primeira roupa que vi, uma jeans e uma camisa mais bonita. Adam ficou tão confuso com tudo o que houve, que mal consegui se vestir direito. Tenho quase certeza que ele esqueceu de colocar as meias quando se despediu de mim. A presença de Margot realmente o inibiu.

            Quando Adam foi chacoalhado por ela, ele até tentou se desvencilhar. Balbuciou algo que pareci com “por favor, me deixe dormir mais”, porém, Margot estava obstinada a nos fazer sair da cama. Ela o pegou pelo braço e sem um único pingo de lamento ou compaixão, arrastou para o chão. Queria não rir, mas eu já estava rindo há um tempo sem parar. Com medo de ser jogada no chão, já corri para me trocar. Adam me deu um beijo na testa antes de partir e pediu para eu mandar mensagem quando eu chegasse de lá, contando tudo para ele.

            Agora, estava Margot, Menezes e eu num carro, com ela dirigindo. Parece que Fagundes ia num outro carro.

            - Vai ser rápido, assinar uns papelzinhos e tcharam! – Margot falava enquanto fazia manobras que davam medo até nos motoristas de Fórmula I.

            - Senhorita Margot, olha o farol! – Menezes quase berrou ao vermos ela acelerar no farol vermelho.

            Ela desviou de um carro e passou. Coloquei a mão sobre o peito, meu coração estava sambando dentro dele. – Margot, PELO AMOR DE DEUS OLHA PARA FRENTE! – berrei ao ver ela quase atropelando uma pessoa, depois desviando de um carro e cortando um outro carro pela direita. Olhei para Menezes que estava sentado no banco da frente e ele parecia meio esverdeado. Acho que ir na frente era demais para esse pobre senhor.

            Até confesso que desde que eu o conheci, comecei a me sentir sentimental após essa excursão no carro de Margot e senti até mesmo pena e consolo por esse homem. Pobre alma, incumbida de me levar até um local específico (sei lá qual) para assinar uma papelada qualquer. É, dava para ter dó.

            - Eu não quero morrer, - falei MUITO brava. – por favor. – o meu por favor saiu como um suplício, eu estava praticamente implorando pela minha vida. – Você tem mesmo carta de motorista?

            - O quê? Sim, eu a tirei quando fiz 18. – ela respondeu até animada.

            - Você já a renovou?

            - Renovar? Claro. – não consegui acreditar que ela tinha mesmo renovado. Ok, que não se faz um novo teste prático, só a papelada e o teste psicotécnico. Aliás, nem sei como ela passou nesse.

            - Só levei algumas multas, mas já as paguei e elas já venceram, então eu tenho uma carteira sem multas. Eu bati uma vez o carro, dei PT. Foi horrível, o carro passou por cima de um outro e eu capotei três vezes até parar de ponta cabeça, sabe? Como um casco de tartaruga virado para baixo, com os pneus virados para o céu. Veio uma equipe de paramédicos me ajudar. Tiveram que cortar a porta, sabe? Porque por algum motivo ela não abria. Mas, eu saí praticamente ilesa. Ah, sim, o cara do outro carro não sofreu muita coisa. Bem, eu sinto que saí ilesa, alguns arranhões e tive que tirar meu apêndice que deve ter estourado com a batida, sei lá. Mas, fora isso, tudo estava bem. Certo, quem precisa disso? Tem um monte de gente que opera isso sem acidente nenhum.

            Eu a olhei incrédula. Queria matar meu avô por me deixar ir no mesmo carro que ela. Pior, por deixar o Menezes no mesmo carro.

            - Mas, fora esse pequeno incidente eu nunca mais sofri nada.

            - Legal. – foi tudo o que consegui balbuciar. O Menezes não falava fazia alguns minutos e pela cara dele, bem, ele queria vomitar.

A Herdeira (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora