A Herdeira (Concluído)

Capítulo Trinta e Seis: Eureca

            Sou fraca! Eu estava tão absurdamente nervosa com Leon. Não o atendi no telefone o dia todo. Não respondi suas mensagens. Mas, infelizmente, na terça, assim que saí do trabalho e entrei no meu quarto – eu só queria banho e cama, lá estava ele.

            - O que você está fazendo aqui? – perguntei irritada.

            - Bem, você não me responde!

            - Como pode entrar aqui?

            Ele levantou as sobrancelhas indignado. – Carolina, eu sou o diretor geral da rede de Hotéis. É que esse é o Hotel Sede..

            -...Ok! – eu o interrompi. – Bem, vou ligar para a segurança.

            - Não faça isso! – ele exclamou com um certo medo. – Vamos conversar, por favor.

            - Olha, eu estou MUITO cansada e não quero conversar. – falei impaciente. O que ele pensava que era?

            Ele se aproximou de mim e tentou segurar a minha mão, mas eu me desvencilhei.

            - Por favor, saia. – pedi. Eu queria chorar.

            - Eu não queria que tivesse sido daquele jeito, porém minha mãe apareceu naquela hora...

            - Olha, se você tem medo da sua mamãezinha francesa, eu não tenho culpa. – reclamei. Essa história estava ficando chata.

            - Não tenho medo dela!

            - Como não? Ela apareceu e você me fez sair pela porta dos fundos. Sabe o quanto isso é humilhante? Eu me senti uma pu...

            Ele tapou minha boca com o dedo indicador. – Nunca diga isso. Nunca.

            Eu o encarei. Os olhos dele estavam brilhando e suas bochechas estavam sutilmente rosadas. Isso me paralisou um pouco. O jeito que Leon me olhava era espetacular. Mesmo brava com ele, não havia como negar o efeito que ele causava sobre mim. Era algo muito diferente. Felicidade, raiva, tristeza e paixão só por me encarar. Era inacreditável.

            - Carolina, eu não estava com medo da minha mãe.

            - Pareceu.

            - Eu estava com medo de que ela te visse.

            - Isso para mim soa igual.

            - Se minha mãe souber que estamos juntos... Será complicado. – ele disse de forma vaga. Porém, a forma que ele estava falando isso parecia muito sincera. Então, só pelo tom que ele usou a palavra complicado parecia denotar milhões de coisas.

            - Por quê? Por que ela queria que você estivesse com a Joyce, não é? É isso?

            Ele fez uma cara que comprovava isso. Mas, eu já sabia. Eu havia ouvido tudo. Talvez, agora ele imaginasse que espionei. Ou talvez, sempre soube.

            - É isso. – afirmei, já que Leon parecia estar mudo.

            - Não é só isso.

            - Não?

            Isso me parecia algo muito grande. Imaginar que a minha sogra era uma megera e queria a ex-nora do que eu... Aliás, não! Não era a nora, não ainda, nem sei se seria um dia. Afinal, estávamos escondidos... mal tínhamos começado e já parecia tão complicado.