A Herdeira (Concluído)

Capítulo Vinte: Hakuna Matata

            - Obrigada. – eu disse tirando o cinto. Adam deu um sorriso bem grande. Mostrando os seus dentes brancos e alinhados. – Foi divertido. – abri a porta do carro, mas não saí. Estávamos na porta do Hotel.

            - Pensei que esse fosse um daqueles momentos, que a protagonista pergunta: Você não quer entrar? – ele disse de forma brincalhona.

            Eu só neguei com a cabeça. – Imagino que não seja, não. Da última vez, acordei num quarto de Hotel que não era o que eu durmo. – retruquei com humor. Mas, era óbvio que eu estava dando uma alfinetada nele.

            - Não quis entrar no seu quarto sem ser chamado. Eu paguei por aquele quarto. – ele explicou. Mas, não queria saber. Aquilo havia sido o cúmulo.

            - Meu quarto estava ali, era só entrar.

            - Queria entrar nele com você me chamando, não eu te levando de ressaca para dentro.

            - Ok. – só disse isso. O que mais eu ia falar? – Bem, obrigada, mesmo.

            - Não vai me convidar? – a voz dele era de dar pena. Como um cãozinho que está na chuva pedindo para entrar em casa.

            - Não. Mas, - eu me aproximei dele e cochichei em seu ouvido. – Meu apelido é Cacau.

            Adam sorriu. Parecia que ele lembrou da entrevista, que me chamou de Carol.

            Dei um beijo no rosto dele. – A gente se fala. – e sem dar tempo para nenhuma reação pulei para fora do carro, bati a porta e entrei em passos apertados no Hotel.

            Levei um susto assim que vi Leon na recepção, mas ele não reparou em mim. Na verdade, ele olhava para uma mulher alta, mestiça e com um corpo magrelo que ainda conseguia ter curvas. Havia alguns repórteres ali. Na verdade só dois que batiam papo com ela. Sem a filmarem ou entrevistarem. Eu os reconheci da TV. Mais algumas pessoas também o cercavam. Reparei que os dedos de Leon estavam entrelaçados nos dela, eles estavam de mãos dadas. Senti um palpitar acelerado no coração.

            Queria fugir. Queria passar por eles e subir as escadas ou o elevador. O que fosse possível. Mas eles estavam bem no meio da recepção. Coloquei meu cabelo para frente, como se isso fosse possível cobrir meu rosto e caminhei como quem não quer nada em direção a porta que levava para a escada de emergência. Meu único exercício era ir para meu quarto subindo as escadas em vez do elevador.

            Mas, não me aguentei. Quando cheguei perto, quis dar uma espiada. E nesse momento o rosto de Leon estava virado para mim. Ficamos nos encarando meio segundo. Não consegui ouvir nada do que falaram. Depois disso apressei ainda mais o passo. Porém, um segundo depois, ouvi a voz de Adam.

            - Cacau. – ele quase berrou. Eu me virei com uma expressão alarmada. Não queria que os repórteres olhassem eu saindo com Adam. Ia virar fofoca. Para variar.

            Mas, já era tarde, os dois vinham a figura de Adam passando pela recepção. O bom é que aparentemente eles não tinham nada em mãos, nem câmera, nem nada... Um deles ainda tentou pegar o celular para tirar foto. Porém, a Joyce Lee segurou o braço dele e falou alguma coisa que o fez desistir.

            Nem esperei Adam chegar perto de mim. Caminhei até ele o mais rápido que consegui. Deveria ser bizarro me ver pisando tão duro e tão rápido. Estávamos menos de três metros de distância, mas pareceu que corri uma maratona. – O que está fazendo aqui? – questionei. – Eu disse que não ia te deixar entrar.