Capítulo Vinte e Cinco: Quem cala consente

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            - Como está se sentindo, Carolina, agora que é oficialmente herdeira? – um repórter perguntou.

- Bem, estou feliz. – respondi.

- Existe algum motivo para desejar esse tipo de celebração? – outro questionou olhando ao redor.

- Você ainda tem seus pais, senhor? – questionei.

O repórter respondeu afirmando que os tinha.

- Eu não. Não conheci meu pai e minha mãe se foi recentemente. Você não ia comemorar ser bem-vinda em algum lugar?

- Existe felicidade excessiva nesse ato, não há? Para que uma festa?

- Bem, confesso que talvez tenhamos exagerado, nem era essa intenção, mas você não se sente feliz em ser um dos primeiros a falar comigo?

O repórter pareceu transtornado. – Sim. – respondeu sem muita vontade.

- Eu não falo muito, nem vou muito a mídia... Tirando a entrevista com Adam...

- Aliás, o Adam é mesmo o seu namorado?

Eu encarei o repórter que perguntava, eram cerca de dez que estavam que nem urubu para cima de mim. – Você tem quantos anos? Vinte e seis, talvez, ou vinte e oito, não sei. Mas, é jovem, como qualquer jovem, imagino que deve ter ouvido falar o termo ficando ou se conhecendo, como preferir. Enfim, não estamos oficialmente saindo. Só estamos nos conhecendo. Eu sou muito nova ainda.

- Como é lidar com o assédio dos fãs?

- Não vejo nenhum fã aqui. Portanto, acho que não os tenho ou são muito tímidos.

- Você disse que é muito nova, mas já é uma das maiores herdeiras do país, se considera apta em ter todo esse poder?

- Não, sinceramente não. Mas, estou estudando e trabalhando para isso.

- E com o que trabalha?

- Oras, com hotel.

- Administrativo?

- Digamos que sou uma mera aprendiz.

- E existe mesmo uma luta com seu primo?

- Ele está aqui, pelo o que eu saiba, não, mas podem perguntar futuramente para ele também.

Jogar a bomba nele me fez um pouco feliz.

- Você pretende fazer o que agora?

- Voltar ao meu trabalho.

- Acha que sua vida vai mudar?

- Você está atrasada, senhorita, ela já mudou. – respondi para uma repórter com ar prepotente. – Bem, por favor, eu preciso ir, aproveitem, adeus.

Estava cansada. Acho que não era a hora de ir porque Menezes e Margot fizeram cara de merda. Ignorei J.Lee e Leon, eu não queria encarar o casal vinte. Mas, eu não suportava mais perguntas tão chatas. Mas, não me deixei levar, sem esperar, eu saí. Nem quis carona de Margot, ela ia me matar de qualquer forma. Para uma advogada, ela era uma terrível motorista. Não havia mesmo como ela defender alguém na justiça por não ter condições de dirigir.

Sorte que havia trazido nos bolsos o meu bilhete único (depois do assalto eu tive que ir num posto pegar o meu novo bilhete, enfrentei uma fila do cão, só por Jesus). Então, lá fui pegar um ônibus para voltar para casa. Tive que correr para nenhum repórter conseguir me pegar, afinal, agora eu era oficialmente uma herdeira. Carreguei a papelada dentro do envelope, apertando-o com uma força que fez as pontas amassarem.

A Herdeira (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora