Capítulo Trinta e Quatro: Segundas Intenções

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O mundo está girando. Abri meus olhos e fiquei fitando o teto. Mas, apesar de eu saber que estou deitada e parada, tudo gira. A luz no teto parece estar sambando, indo de um lado para o outro. Mas, tudo estava muito branco. Tentei me mover e não consegui. Olhei para o lado e me deparei com o rosto de Leon, ele parecia cansado. Estava sentado numa poltrona.

- Oh, você acordou! – ele exclamou parecendo feliz.

- Meu, - eu tentei me mover de novo e dessa vez consegui. Só então percebi que eu estava num quarto de hospital. – Cara está tudo girando. – Havia uma agulha no meu braço e um soro que goteja por ela. DEUS! Eu estava tomando soro?

Ele riu. – É, imaginei, me desculpe. Eu não pensei...

Eu o encarei e ele pareceu preocupado, e eu não sei porque eu achei que isso era muito engraçado, então comecei a rir. Só uns vinte segundos depois percebi que ele estava me olhando sério. Sem me acompanhar em meu riso lunático. Então, eu tive um flashback.

***

Depois de sairmos do apartamento dele, fomos para uma das baladas mais tops da cidade. Pedimos petiscos e bebidas caras, quais eu não me imaginava tomando, e ficamos conversando.

- Você está curtindo trabalhar na cozinha?

- É bom para aprender, eu não sei fritar ovo.

Leon riu. – É, que coisa feia.

Depois falamos mais sobre isso, sobre os meus estudos e sobre o que mais viesse na cabeça. Acho que nunca falei tanto com Leon na minha vida. Sempre pensei nele como um cara meio sério, mas com a ironia na ponta da língua, não conseguia até hoje imaginá-lo numa balada. Lá estava ele na balada COMIGO. E saber disso me deixou feliz. Porque mesmo que não tenha sido eu o motivo, bem, era EU quem estava aqui com ele.

- Vamos dançar? – ele perguntou.

Levei até um susto. – Claro.

Então, Leon me puxou pela mão e fomos para a pista. E eu fiz o que mais gostava na vida, que era dançar. Eu não fazia isso desde a festa que havia dado no meu quarto. Foi muito bom!

Com Leon pagando tudo o que pedia, sem perceber, eu meio que fui provando todos os drinks caros que haviam no cardápio e provando o nome de tudo o que eu não conseguia pronunciar direito. Conforme eu ficava mais bêbada mais eu errava na pronúncia e quanto mais errava, mais pedia para beber.

- Não é melhor diminuir? – Ele comentou quando a gente estava na mesa. Ele havia pedido umas batatas fritas falando que eu precisava comer algo.

- NÃÃÃOOO, - choraminguei dando um gole no meu drink colorido que eu não sabia pronunciar o nome. – ISSOQUETÁÓTIMO, LEEEEOOOOOOOOOOON.

É, eu já estava bêbada.

- Hmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm acho que tototo enjuada... – foi tudo o que consegui falar antes de vomitar. Só que não parei de vomitar e comecei a passar muito mal. Muito mal mesmo, nem sei descrever. Até que tudo apagou.

***

Meu flashback acabou. Infelizmente, eu havia estragado tudo. – Nossa! – exclamei colocando a mão na cabeça. – Eu... – então vi uma mancha gigantesca na camisa azul dele, mal dava para ver porque bem parecia que ele havia lavado, mas havia ali uma mancha estranha. – Eu, Deus, Eu vomitei em você?

Ele deu um sorrisinho cínico. – Duas vezes. – respondeu.

- Nossa, foi mal! – falei sem graça.

A Herdeira (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora