Capítulo Quarenta e Seis: Tensão

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– Pelo menos, não sou eu que ponho um filho ilegítimo para cuidar de uma herança que não o pertence!

Tensão só é boa quando é sexual, qualquer outro tipo de tensão é ruim, de emocional à muscular.

As pessoas prenderam a respiração.

- Ilegítimo? – vovô foi o primeiro a falar. A sua voz saiu de forma curiosa, como se essa ideia de ilegitimidade não fosse a primeira vez que ele ouvisse. Mas, considerando que eu havia feito um teste de DNA para identificar a minha legitimidade, não era um tema atípico.

Eu engoli o seco. Porque eu não tinha provas...

Ele encarou Belle, como se soubesse do que eu falava. Como se ele estivesse achando que eu ter descoberto isso fosse uma grande piada. Seus lábios finos estavam num meio sorriso atrevido. E seus olhos azuis brilhavam com sarcasmo. Toda a sua expressão dizia: E agora Belle?

- Como ousa? – Belle falou com os olhos marejados.

- Barraco, barraco, barraco... – Margot sussurrava bem baixinho, mas não tão baixo para não ouvirmos. E ninguém a mandou calar a boca.

Mas, o pior olhar era de Leon, esse berrava para mim: NÃO SE META ONDE NÃO É CHAMADA!.

- Carolina, por que isso agora? – ele me questionou de forma séria. Era a gota d'água.

- Eu falei com Louis, ele me contou. – menti.

- Como ousa falar com aquele...? – e Belle disse uma palavra não muito legal em francês, eu não faço ideia do que dizia, mas aposto que não era boa.

- Ah, Louis... Por que Carolina? – Vovô me questionou. – Ele é um idiota mentiroso. Ele te falou isso só para plantar minhocas na sua cabeça. – ele disse num tom até gentil. Acho que pensava que eu havia sido enganada. – Não se meta com ele, ele não é um homem bom. – pela primeira vez ele parecia um avô. Quase chorei...

- Vovô... – murmurei emocionada. Queria até relatar isso em voz alta. Falar sobre a minha emoção.

- Votre foutu serpent. Connard. – Belle começou a fala em francês. A cada palavra dela eu sentia um arrepio por todo o meu corpo. Ela tornou-se histérica. Em menos de segundos estava falando sem parar, na verdade, berrando como uma doida, que eu sempre imaginei que fosse.

- Pelo jeito o clima vai esquentar e a comida vai esfriar. – Margot comentou com ironia. Não era muito apropriado, mas confesso que eu quis rir com esse comentário atrevido.

- Eu... – não podia abaixar a guarda só porque ela estava me xingando em francês. – Eu já estava desconfiada de alguma coisa... Afinal, toda vez que Leon está com você, ele simplesmente me ignora. Ele diz que você não aceita a nossa relação. Por que não? – nessa hora eu quis chorar. Porque era o que estava pesando no meu coração. O clima estava terrível e era culpa da minha boca gigante. Eu podia sentir o olhar de dó de Margot e Menezes, uma curiosidade por parte do olhar de meu avô e o desprezo no olhar de Belle e Leon.

- Connard! Connard, você que é a bastarda, connard! – ela disse aos berros.

- Mãe, por favor, menos... – Leon disse se levantando da mesa. Belle também se levantou e veio para cima de mim, me segurando pelos ombros, me fazendo levantar involuntariamente. Falando de forma eloquente e nervosa em francês. Fiquei chocada, sem saber como reagir. Ela me chocalhava sem parar como se eu fosse algum tipo de chocalho para frente e para trás. Até eu me encher.

A Herdeira (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora