Capítulo Quarenta e Três: Então, é Natal

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            Meu Deus do céu! Meu Deus do Céu! Meu Deus do Céu!

            Eu sabia que havia a possibilidade de meu avô não morar dentro de algum apartamento do seu Hotel. Simples assim. Mas, nunca imaginei que ele ia ter uma mansão nos Jardins. Uma imensa casa branca com jardim, piscina e um salão de jogos (oi? Sério isso produção?). Com churrasqueira, canil com direito a três cachorros (quase do tamanho de cavalos) e uma casa de sauna (CASA DE SAUNA). Oi? É isso mesmo, galera?

            Cinco suítes, quatro quartos, um hall com escadaria de mármore branco. Lustres por todos os cômodos. Uma biblioteca. Empregados! Empregados para todos os cantos. Não como o Menezes. Mas, cozinheira, um MORDOMO. Ai Meu Deus! Um MORDOMO! Um MORDOMO!

            Estou com espasmos e falta de ar de tanta emoção. Uma sala de jantar. Não é copa, galera. É uma sala mesmo. Com uma mesa longa de madeira escura, com cadeiras revestidas por um veludo vermelho e macio. A cada cômodo eu sinto que posso sair dançando e cantando, feliz. Mas, me contive. Eu permaneci só dando um leve sorriso e carregando a minha bolsa.

            Obviamente que apesar de ser Natal, com meu salário, eu não comprei absolutamente nada.

            - O jantar será servido. – O mordomo falou. O nome dele é Severo. Quase como o Snape do Harry Potter. Nem sabia que havia gente real chamada Severo. Quem coloca um nome tão infeliz na criança? Que mãe mais desnaturada! Por isso esse mordomo tem essa cara fechada.

            Meu Deus! Estou tão animada que não consigo parar de pensar. Eu mal consigo parar de me mexer.

            Leon está ao meu lado usando uma camisa branca e uma gravata vermelha e calças brancas. O look poderia ser terrível. Ele foi dominado pelo espírito natalino. Usando coisas brancas e vermelhas. Mas, está tão gato nesse seu modelito bem cortado com cara séria, que eu não consegui zoar a sua aparência. Vovô está conosco, numa cadeira-de-rodas, usando terno e gravata... Deus! Só somos nós e eles estão tão bem vestidos. O Menezes está carregando o vovô para cima e para baixo nessa cadeira-de-rodas. Na verdade, acho que esse adereço do Ângelo é quase um charme. Ele só quer parecer debilitado no noticiário.

            O Leon não para de mexer no celular. Isso está me irritando.

            Fomos para a sala de jantar e agora estamos todos sentadinhos, aguardando as comilanças. E eu ainda estou num puro e completo êxtase inebriante que não me faz ter senso algum.

            Estou usando um vestido azul com um lenço florido azul enrolado na cabeça. Apesar de estar calor e chovendo, eu não quero ficar molhando minha carequinha. Sem falar que eu me senti bem usando esse adereço na cuca. Sério, olhei mil sites e revistas sobre como usar lenços na cabeça sem parecer uma maluca e finalmente consegui fazer de um jeito o lenço que ele ficasse trançado e não só parecesse que joguei um lençol na cabeça.

            - A comida será servida.

            Mas, assim que o mordomo Severo falou isso. A porta da sala de jantar se abriu e vimos um ser fantasmagórico passar por nós. OK, mentira. Era a mãe de Leon, que entrava usando um vestido branco – e nem era casamento ou noite da virada. O vestido tão justo como Deus, marcava cada traço da sua barriga achatada. E eu não consigo até agora acreditar que ela tenha a idade que tem.

            Belle Laurent encarou cada um de nós sem muito pesar ou vergonha, ela só fixou uns segundos a mais o seu olhar congelante sobre mim e depois voltou o olhar para o filho. Nesse momento, com a já descoberta do meu avô... Bem, Leon estava com os dedos entrelaçados no meu sem pudor algum. Mas, assim que viu a mãe, soltou a minha mão. E eu o detestei por alguns segundos...

A Herdeira (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora