Minha cabeça estava explodindo de dor. A pancada havia sido muito forte. Olhei ao redor e percebi que estava numa sala minúscula. Com paredes baixas do meu lado esquerdo, formando uma curva, como debaixo da escada. Havia uma luz pequena amarela que mal iluminava o ambiente. Era um tipo de despensa, porque havia alguns sacos de comida, como arroz e feijão. Fiquei olhando para a porta esperando que magicamente ela se abrisse. Quanto tempo passou?
Coloquei a mão sobre a porta e ela abriu. Mesmo sendo perigoso eu saí. Caminhei lentamente pelo corredor até chegar numa sala. Era uma sala muito grande, com sofás de veludo vermelho e tapete de pele de tigre. Era uma sala de palácio. Quem estava por trás disso tudo?
E o jeito dele me chamar me irritou. Ele estalou os dedos e surgiram dois daqueles homens que estavam comigo na van escolar.
- Tenho uma missão para você. – ele se levantou e caminhou até mim. Me entregou um pedaço de papel. – Você precisa ligar para aquele verme, o Menezes, e dizer para ele te encontrar nesse lugar.
- Não vou fazer isso. – falei de forma séria. Quem esse homem achava que era?
Ele estalou os dedos duas vezes e um dos mascarados me empurrou. Eu caí de joelhos no chão. Então, o outro segurou meus braços. Tentei lutar, tentei chutá-lo, mas não consegui. Ele era forte demais. Apertou ainda mais e tudo doeu.
Um terceiro surgiu segurando uma máquina que fazia barulho. Ele a aproximou de mim. Tentei lutar, em vão. Um segundo depois, ele a passou na minha cabeça e vi meus cabelos caindo. Fio a fio caindo no chão.
- Tu vais ligar, não vai? Afinal, na próxima pode ser o teu dedinho.
- Vou... vou... – falei quase chorando.
Mas, eles não pararam. Fiquei esperando, vendo cada fio meu cair... Um a um.
- Vamos cansá-los um pouco. Dar pistas erradas. Será que você vale algum dinheiro? Aquele velho idiota nunca te deixou com um segurança. Acho que tu não vale absolutamente nada. – o homem falava e ria. Ele era assustador. Fiquei com muito medo.
- Tão tolo. Achando que podia te deixar por aí sem segurança. Tão idiota. – ele ria. Estava realmente me assustando.
- Aí! – berrei quando os dentes da máquina de cortar cabelo rasparam na ponta da minha orelha. Senti um filete de sangue escorrer.
Mas, eles não pediram desculpa. Só terminaram de cortar meu cabelo. Todos os meus fios estavam espalhados no chão. Foi de doer na alma.
- Que pena. Você não fica tão bonita careca. Parece até estar doente.
Você que parece doente! Eu queria berrar, mas me contive.
- Ficou feliz de ficar na minha despensa?
Eu só o encarei. Ele me entregou o celular, já com o número discado.
- Alô? – perguntei.
- Alô, quem é?
- Menezes, sou eu... – falei fraca. – Me encontra num lugar?
Ele deve ter percebido meu tom de voz. Porque não falou nada. Só me ouviu e anotou. Depois que a conversa no telefone acabou, eu fui levada de volta para o quartinho que ficava debaixo da escada. Fiquei ali, abandonada, cercada de quilos de arroz. Eu precisava fazer alguma coisa. Eles me largaram ali naquele cubículo, porém não me prenderam as mãos. Amontoei três sacos de arroz (eles estavam realmente estocando comida) e me sentei como se aqueles 15kg de arroz fossem uma espécie de puff.
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A Herdeira (Concluído)
ChickLitCarolina nunca pensou que a sua vida poderia mudar da água para o vinho - Literalmente. Ela só queria ir para a academia, fugir do trabalho, sambar e ser Madrinha de Bateria, apesar de saber que não tinha influência nenhuma para ser uma. Mas, depoi...