Capítulo Sete: Teste de DNA

8.3K 604 39
                                    

Os dias passaram de forma lenta, tanto que quando chegou o dia de abrir o resultado de exame, eu já achava que tinha passado mais de um século. Meu corpo estava moído de tanto fazer faxina e dobrar lençóis. Estávamos no laboratório – eu, Menezes, Ângelo e, para o meu azar, Leon. Uma mulher que imaginei que fosse uma das enfermeiras estava conosco. Só depois descobri que em testes de D.N.A. a abertura do exame é feito com os dois envolvidos juntos.

            - Acabe logo com isso. – o meu suposto vovô pediu sem ser muito cortês. Imaginei que a ansiedade dominava não só a mim, mas ele também. Eu já tinha roído as minhas unhas até o sabugo.

            Menezes estava segurando o exame nas mãos. Ele abriu o envelope e puxou o papel de dentro. Senti meu coração acelerar e engoli seco. Os olhos dele passaram pelo papel e sem falar nada nos encarou.

            - Então? – eu questionei com ansiedade. A verdade é que eu estava com muito medo. Medo do resultado, medo da verdade, medo do que seria a minha vida pós ler esse papel.

            - Vocês são do mesmo sangue.

            Não suportei segurar. Soltei um berro animado. – Uhuuuuu! Eu sabia! Eu sabia! – exclamei animada. Abracei Ângelo com muita força. Ele estava com o rosto contorcido, uma expressão estranha no rosto e parecia em choque.

            Meu mais novo vovô me empurrou com delicadeza e me encarou com os seus olhos azuis e gélidos. – Isso não vai facilitar nada para você.

            Engoli seco. – Você não ficou feliz? – perguntei. – Feliz em saber que seu filho e eu somos pai e filha, que você é meu avô. Sou o que restou do seu sangue. – dramatizei, totalmente e sem dó nem piedade.

            Ângelo deu um meio sorriso. – Não vai ser fácil. Vamos embora.

            Simples assim, ele agradeceu e saiu. Tudo o que ele podia me dizer era que não ia ser fácil, mas não podia me dizer se estava feliz ou triste. Não podia me abraçar com decência. Então, meus olhos marejaram e quando vi fiquei o vendo ir embora, sendo seguido por Menezes e meus olhos percorreram a sala até encontrarem os olhos gélidos de Leon.

            Tremi. Não porque eu estive com frio. Apesar da sala ter se tornado muito fria. Mas, porque o jeito que meu priminho de segundo/terceiro grau, sei lá, ainda não entendi a hierarquia dessa família, me olhava com puro ódio. Ele tinha ali a comprovação de que pelo sangue eu merecia toda a herança. Eu era a neta do tio-avôzinho dele, eu tinha mais sangue do que ele. Sei lá, ele me odiava e isso me fez tremer.

            - Realmente não vai ser fácil. – a voz de Leon foi ameaçadora. Passei as costas das mãos sobre meus olhos, afastando as lágrimas que haviam nascido.

            - Nem para você, playboy. – provoquei.

            - Vamos ver quanto tempo você vai suportar. – e dizendo isso ele se virou e seguiu o mesmo caminho de Ângelo.

            Eu encarei a moça da clínica. – Obrigada, essa foi a melhor notícia da minha vida. – e sem esperar resposta também fui embora.

            Eu não ia me deixar ser vencida. Não mesmo. Pela memória da minha mãe. Sai da clínica e entrei no carro. Era uma limusine e haviam repórteres nos seguindo. Não sei para que esse exagero – APESAR QUE EU AMEI ANDAR DE LIMUSINE- mas realmente isso é muito chamativo.

            - Menezes, por favor, providencie um teste de conhecimento para a Carolina. – a voz de Ângelo me chamou atenção. Olhei para ele. Como assim teste de conhecimento? – Por favor, providencie professores particulares para ela. Ela vai prestar o ENEM e também o vestibular em Hotelaria e Turismo. Procure também cursos de administração. Veja qual é a melhor instituição.

A Herdeira (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora