Capítulo Trinta e Três: Não está muito quente

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            - Eu não vou falar com ele. – disse pra Patty ao telefone.

            - Bem, mas você podia falar, o que é que tem? – ela quis saber.

            - Eu não... ele que deve falar comigo. – resmunguei.

            - Mas, Cacau, ele já terminou, por que é que tem que ser ele que tem que falar com você?

            - Porque eu que não vou falar com ele. – expliquei.

            - Ok. Eu só queria saber como você estava, mas pelo jeito está bem.

            - Claro! – exclamei teimosamente. Patty não me entendia.

            - Bem, beijos, eu vou trabalhar.

            - Nem fala, estou cansada de lavar pratos.

            - Você que escolheu isso.

            - Nunca me arrependi tanto. – resmunguei.

            Patty só riu. – OK, beijos, sua doida.

            - Beijos.

            Era minha hora de almoço e ela havia me ligado para ver como estava. Meu horário de almoço, não era o horário meio dia a uma da tarde, era às três e meia da tarde quando todos já haviam almoçado!!! Há dois dias as notícias só falavam apenas de uma coisa: o término do noivado do meu priminho querido e de sua noiva mestiça milionária e conhecida mundialmente.

            Havia um milhão de sugestões, fofocas e conspirações. O que mais mexia comigo era a nossa última conversa. Porque eu praticamente acreditava que essa era a verdade. Ele havia terminado POR MINHA CAUSA.

            Isso deixa qualquer um maluco. Eu estava nas alturas.

            - Está atrasada! – Lebisky, o demônio berrou ao me ver. Porque ele me odiava. Na verdade, eu suspeitava que ele era meio preconceituoso. Me ordenando fazer isso e aquilo, às vezes, eu queria dizer que não estávamos mais no tempo da chibata e da escravidão. Porque só faltava realmente ele pegar um chicote e dar nas minhas costas.

            - Vá logo lavar os pratos! Temos muito o que fazer. Depois disso quero que corte todas as batatas, as cenouras, as abobrinhas, os pepinos, as cebolas, triture os alhos, cozinhe os ovos, coloque as panelas para lavar e derreta todo o chocolate e corte as frutas.

            Eu ia anotando tudo mentalmente, mas estava até com medo de ter esquecido alguma coisa. Era difícil. Ele ia ordenando, falando rapidamente sem esperar que eu absorvesse todas as palavras. Sinceramente, eu queria é pegar uma panela e dar no meio da cara dele. Porque ele me irritava.

            Mas, em vez de fazer isso, simplesmente dava um sorrisinho amarelo e acenava, concordando com absolutamente tudo o que ele me falava. Bem, o que fiz primeiro foi ir lavar aquela pilha gigante de pratos.

            - Ele está com a macaca hoje, não? – comentou Gabriel, meu novo amigo de trabalho. Eu ainda via as meninas, mas via muito menos.

            - Nem fala. – e fui direto para a pia.

            Gabriel era o patissier, basicamente ele era o rei dos doces! Era o anjo doceiro. Vê-lo trabalhar era magnífico, ele sempre ficava muito concentrado. Ele deveria ter em torno de trinta e cinco anos, era magro e tinha olhinhos pretos miúdos que ficavam ainda menores com os óculos para a miopia. A beleza dele não estava muito no físico. Tinha cabelos já grisalhos e um pouco de ruguinhas nos cantos dos olhos. Mas, ele tinha um sorriso gigantesco. Adorava falar da filha de dois anos que tinha (porém, já era um homem divorciado). O que eu mais gostava de fazer era vê-lo cozinhando. Era um verdadeiro passatempo.

A Herdeira (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora