Capítulo Vinte e Sete: Ciúmes

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            Existe um problema... Esse problema tem até mesmo um verbo não existente: estalquear ou stalkear, que vem de stalker, que significa perseguir... Na web é fuçar até a última gota de informação sobre o assunto do seu interesse. No meu caso: o romance entre Adam Howard e Mel Boaventura.

            Trabalhei e tive minha aula. Leon veio como sempre, sem tocar mais no assunto. Eu estava tão desanimada que nem tentei falar nada. Então, depois da minha aula, comecei a procurar absolutamente tudo sobre o que fosse possível saber sobre ambos. O bom é que eles são bem famosos. O ruim é que eles são bem famosos. Afinal, havia milhões de notícias e muitas delas eram difíceis dizer a veracidade. Não porque eram absurdas, mas porque podiam muito bem ser verdadeiras.

            Adam e Mel eram um dos casais mais queridinhos dos tabloides. Não só do Brasil, mas do mundo, porque ele era meio americano. Enfim, tudo o que eles faziam estava registrado. Eles podiam estar cagando que havia alguém lá para tirar uma foto. Havia fotos deles comendo em um restaurante, deles na praia, deles passeando num shopping de mãos dadas, deles em um iate (meu, como eles conseguiram essa foto? Eles nem pareciam ter notado a foto, estava abraçados e com os rostos colados), deles chupando um pirulito, no show de Mel, no programa de Adam, em Nova Iorque, Roma, Paris, Japão, Londres, Estados Unidos e México.

            Eles namoraram por cinco anos. Com direito a idas e vindas, suspeitas de traições, escândalos em eventos e tudo o mais que qualquer revistinha vagabunda de fofocas gosta. Parecia que Adam era uma grande inspiração, pois as letras dela pareciam muito reveladoras. Por exemplo, além da última, havia uma que era sobre uma mulher que estava cansada de estar muito ocupada para a relação e seu namorado era tão ocupado quanto, e por isso, ela queria fugir com ele. Levando em conta que ambos pareciam ser muito ocupados...

            Mas, as piores eram a que retratavam a vida íntima (ou era o que eu quis imaginar). Por que ela ia querer retratar essas coisas? Tinha uma com uma parte terrível, que apesar de ser cantada em ritmo pop feliz, quase soava como um funk bem... hmmm estilo entro na balada funk sem calcinha e não pago.

 

            Oh baby, estou tão molhada

            Tão deliciosamente

            Esperando você entrar      

            Pela porta

‘           Nem preciso cantar outro trecho para mostrar o quanto essa música é indecente. Suspirei cansada. Já estava tarde e eu não conseguia dormir.

            Resolvi sair do quarto e passear. Eu não conseguia dormir. Mesmo nessa hora, o Hotel ainda era muito movimentado. Tinha sempre hóspede chegando, pessoas no hall, no bar e andando pelo corredor. Eu fui para o bar, porque só conseguia pensar em beber... Só que não tinha uma amiga aqui para me acolher.

            Assim que entrei, dei de cara com Margot. Ela estava beliscando queijos e tomando uma taça do que parecia ser vinho. Cheguei perto e fiquei bem de frente dela. – Oi. – falei sem jeito.

            Ela levantou os olhos e sorriu. Margot era estranha, mas era uma pessoa boa. – Sente-se.

            E eu a obedeci, mesmo se eu não quisesse sentar, sentaria. Margot tinha um poder estranho sobre as pessoas.

            - Quer? – apontou para o queijo.

            Mas, eu estava um pouco enjoada. Talvez devido aquelas músicas ácidas. – Não, obrigada.

A Herdeira (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora