Capítulo Quatro: A festa

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- Podem entrar! – eu exclamei sorrindo alegremente. Aquela seria a melhor festa do mundo. Eu tinha até mesmo convidado a bateria da Tucanos para tocar. Todo mundo estava empilhado pelo quarto, conversando e bebendo. Havia pedido muito champanhe e canapés para todos. Cara, a verdade era que eu me sentia uma verdadeira socialite da vida. Uma RAINHA MODERNA! Era tudo puro glamour.

Ok, eu sei que veio mais gente do que eu chamei. E meu quarto estava longe de ser grande o suficiente para abrigar tanta gente, sem falar que eu já tinha visto alguns itens do apartamento quebrados e ainda tive que interferir uma galera que resolveu tomar banho (sim, pelado) na minha banheira. Mas, tirando esses pormenores a festa estava incrível.

O som estava tão alto que eu desisti de atender o interfone que não parava de tocar. Só pedi para a galera gente boa da portaria deixar entrar quem falasse o meu nome na portaria. Ok, eu tive que usar palavras como: Sou neta do dono dessa joça, me obedeça! Ou: Não faça isso ou te demito! Mas, tirando esses outros pormenores tudo estava maravilhoso.

Abri a porta, já mostrando os dentes no meu melhor sorriso e fechei a cara assim que vi quem que estava ali. Era o Fernando! Aquele Zé Mané completo.

- VOCÊ! – exclamei horrorizada. Estava mesmo repleta de horror, esse cara era um estraga prazer. – O que fazendo aqui?

- Cacau, minha delícia! – ele exclamou sorrindo e já partindo para o abraço – literalmente. Eu já fui me desvencilhando. Afinal, ele não pode sumir do nada e voltar assim.

Sabe o que é? O Fernando era da minha academia – aquela que eu e a Patty sempre íamos. Acabei trombando com ele sem querer, e aí foi todo aquele chamego, trocamos mensagens, saímos, ele só no papo para irmos para o Motel, acabei cedendo e ele fez o quê? Sumiu! Isso mesmo, para variar! O idiota me deu esperanças, disse que ia passar a vida toda comigo, que ia até conhecer a minha mãe e me faz uma dessas?

- Aff, saí daqui, seu idiota! – xinguei-o com raiva.

- Mas, eu fui convidado pelo PC. – falou isso como se fosse algo muito grandioso. PC era o dono da lan house perto lá de casa.

- Que se dane, pode ir saindo, que isso aqui não é pro seu bico. Só veio me ver porque é um interesseiro. – joguei na cara mesmo. Era interesseiro ou não era? Some sei lá por quanto tempo e aparece assim que anuncio que sou a mais nova madame do pedaço. Só pode ser o maior zé ruela da terra. Idiota! Eu queria dar um soco na boca dele.

Ok, que acabou passando um monte de flashbacks na minha cabeça. Mas, que se dane.

Ele já veio com graça de novo, e eu ficava o empurrando. Ninguém pareceu se importar com isso. O samba estava rolando solto e todo mundo estava acabando de dançar.

- PAREM DE PULAR NA CAMA! – berrei assim que vi umas pessoas que eu nem sabia quem eram pulando. Assim, já era demais. Mas, mesmo berrando, ninguém nem virou para mim. E o Fernando já me encoxando. – Ai inferno, saí de mim!

- Cacau! – era a Patty. Graças a Deus!

- Oi Patty, - Fernando já falou mostrando seus dentes, mas sem me largar com seus braços fortes, torneados e musculosos de quem malha 8 horas por dia... Detalhes... – como cê tá?

- Péssima! Cacau, você é louca! Acabe logo com essa festa.

- Por que vou acabar com a festa? Me larga, seu imbecil! – eu o empurrei ainda mais forte.

Nesse momento, ouvi o barulho de alguma coisa quebrando. E depois olhei para trás e vi um vaso sendo arremessado.

- PAREM DE USAR MEU VASO COMO SE FOSSE UMA BOLA, SEUS IMBECIS! – berrei escandalosamente.

A Herdeira (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora