Capítulo Vinte e Três: Me convida para entrar

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            Adam e eu ficamos lembrando de nossa fuga do restaurante. Depois em como as notícias corriam e falamos sobre matérias escandalosas sobre nós nos jornais. Depois disso, quando olhei no meu celular já era onze horas e eu realmente precisava dormir.

            - Preciso ir, amanhã vou acordar cedo.

            - Hmmm... Mais um pouco, por favor. – ele pedia. Mas, já era a quarta ou quinta vez que ele me pedia para ficar mais. Alegando que eu estava num bar no mesmo local que moro. Ou seja, precisava tirar o tempo de transporte e locomoção.

            - Meu tempo acabou. – expliquei. – Preciso mesmo ir.

            Depois disso, ele pagou a conta, o que eu agradeci muito, porque afinal eu não tenho dinheiro para esses luxos. E como um encontro fofo, estilo americano de comédia-romântica ele me acompanhou até a minha porta. Mesmo que isso significava andar cinco metros e pegar um elevador.

            Paramos na frente do apartamento. A porta parecia significar mais do que uma porta naquele minuto. Talvez, porque lembrei da frase dele que dizia que ele queria ser chamado para dentro. Em vez de ter aberto a porta e me colocado na cama bêbada. Talvez, também porque Adam tinha um humor bem estranho.

            - Você vai me convidar para entrar? – ele perguntou. E essa frase me soou muito familiar. Talvez, porque ele também já houvesse a dito. Olhei para ele por alguns segundos antes de responder. Adam era um tipo de homem que agradava tanto aos olhos que era difícil não checá-lo toda vez que o visse. Tinha porte, tinha ombros largos e um sorriso de prender a respiração. Sem falar nos seus olhos verdes que lembravam a grama verde de um campo de futebol. Parece uma comparação ridícula, eu sei, mas como eu podia comparar com esmeraldas ou outra coisa verde? Talvez uma folha, uma planta, sei lá, no fim, era igual grama. Mas, para mim, os olhos dele eram olhos de gramado de futebol.

            Era difícil dizer que não. – Não. – OK, não foi TÃO difícil assim. Mas, realmente, eu precisava ir descansar. Não queria, nem podia me atrasar no dia seguinte.

            Adam fez cara de triste.

            - Amanhã é um dia importante. – expliquei. Mas, ele continuou com a cara triste. Coloquei a mão sobre o seu ombro. – Amanhã eu vou assinar uma papelada que vai me legalizar completamente como neta do Fagundes.

            Quando vi as palavras saíram. Vi um brilho nos olhos de Adam, mas um segundo depois, ele esticou o rosto, tão imprevisível que seus lábios tocaram os meus. Havia sido de propósito.

            Ele me olhou com sua cara safada. – Boa sorte, Cacau! Um beijo para te fazer a mulher mais sortuda desse mundo.

            E sem pedir permissão, ele me puxou com seus braços. Não houve um espaço do nosso corpo que não tivesse colado. Ele me beijou de um jeito bom. Não tão foguento e desesperador como o meu beijo com Leon (que acho que foi mais desesperado e cheio de fogo porque havia aquele ar de proibido). Mas, Adam me beijou de um jeito gostoso.

            Quando nos afastamos, nos encaramos. Ele piscou os olhos e deu um sorrisinho sacana. – Tem certeza que não posso entrar?

            Eu sabia o que entrar significava. E estava longe de ser apenas sexo. Ah, se eu e Adam fizermos sexo será algo muito estranho, eu não posso fazer isso... Eu tenho que acordar cedo amanhã. Não posso transar.

            Aliás, faz tempo que não faço nada. O último realmente foi o babaca do Fernando e apesar de ter sido ainda esse ano, sendo muito sincera, parece um século. Foi numa outra vida, numa vida em que minha mãe ainda estava viva e podia me aconselhar quando eu falava chorosa sobre Fernando ser um verdadeiro canalha.

A Herdeira (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora