Depois das sessões de autógrafos e fotos, em que ela apenas ficava sentada em uma cadeira nos fundos, e caso precisasse, eu ou Sean a chamávamos e ela vinha traduzir o que um fã dizia, ou o que eu queria dizer a eles. Mas tudo com esse clima seco, profissional. Ela mal olhava para mim, e eu mesmo não tive tempo de prestar muita atenção nela. Me incomodou um pouco que Sean sempre que podia, se sentava ao lado dela e conversavam animadamente. Ela até mesmo tirou fotos a pedido dele.
Quando terminou o evento, eu mais uma vez esperava encontra-la, mas ela foi direto de volta para a sala dos funcionários. Eu estava exausto, e lamentava não poder ir conversar um pouco mais, e me incomodava o fato de eu ter ido até lá e ela mal falado comigo. Mas ainda não era tudo, eu só voltaria para os EUA na noite seguinte. Pedi para o Sean entregar a ela um bilhete quando ele fosse entregar aos funcionários os documentos. Escrevi em um pedaço de papel o nome do hotel, pseudônimo e quarto. Pedi que ela me encontrasse lá.
Quando saí de lá para o hotel ainda estava claro, pretendia ir direto para o quarto e esperar que ela aparecesse, mas ao invés disso, no lobby do salão tinha um bar e uma banda estava tocando algumas peças de blues. Pedi para a recepção avisar que eu estava lá caso ela aparecesse, me sentei e pedi uma cerveja. Fechei os olhos e me recostei na cadeira.
De repente, vi uma figura com uma camiseta preta e uma saia lápis, cabelos pretos e soltos passando pela porta e se dirigindo à recepção. Era ela. Me endireitei na cadeira e esperei. A recepcionista indicou o caminho, e ela sorriu agradecendo. E veio até a minha mesa.
Quando ela chegou, me levantei para cumprimenta-la.
- Me desculpe hoje durante o evento, mal tive tempo de sequer raciocinar. Mas fico feliz que você veio até aqui.
Ela apertou minha mão, e me cumprimentou com um beijo rápido no rosto. A expressão dela parecia cansada, mas mesmo assim sorria. "Finalmente!" pensei comigo. Era aquele sorriso que eu esperava ver.
- Então, - disse ela enquanto se sentava na cadeira do outro lado da mesa. - Eis então, o famoso Norman Reedus...
- Sim...acho que sim... - disse pigarreando, enquanto meu rosto queimava. - E eis aqui a brilhante Alessandra. - respondi com um gesto com a palma da mao aberta apontando para ela. Não tinha intenção de ser desrespeitoso, mas eu simplesmente não tinha a menor ideia do que dizer. Ela apenas sorriu, se virando para ouvir a banda. Acenou para dois membros da banda.
- Você os conhece? - perguntei enquanto cruzava os braços sobre a mesa.
- São amigos de longa data - ela respondeu sorrindo. - É uma cidade grande, mas pequena quando se conhece determinados grupos. Músicos, hm? - Finalizou com um bico rápido e levantando os ombros.
Eu apenas ri e concordei, me sentindo um completo pateta. Ela parecia forte, e segura. E eu, que deveria ser a "estrela" estava me sentindo insignificante.
- então... - disse enquanto chamava o garçom e pedia uma cerveja. - Em que mais posso ser útil?
- Eu só...queria conhece-la pessoalmente...sabe...fora das cartas...
- Entendo....é estranho, não é? Pensei muito nisso, afinal...eu pelo menos já tinha uma boa noção de quem eu iria ver, mas você...
- Como você disse...eu fiquei em desvantagem.
Na verdade, agora, que estávamos os dois sem compromissos, as coisas haviam mudado. Cada gesto dela, cada vez que sorria, e ela sorria boa parte do tempo, cada vez que ela virava para ver a banda, ou cruzava os dedos finos sobre a mesa, depois de ajeitar uma mecha de cabelo atrás da orelha, eu ficava preso. Estava admirando ela como nunca antes admirei alguém. Queria dizer que seu sorriso era exatamente como havia visto na foto, mas não. A foto era apenas uma espécie de amostra. Pessoalmente, era um sorriso delicioso de se ver, espontâneo, e gentil. Seus olhos eram amendoados e brilhantes, e expressavam um carinho e gentileza comigo e com todos, até mesmo o garçom que trazia seu copo, não conseguia evitar sorrir de volta para ela.
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As Cartas da Problemática
FanfictionO que aconteceu antes de "Problemática"? Norman conta como conheceu Ally. "foi um gesto mínimo, de abrir uma carta entre milhares de outras. Outro gesto sem pensar, sem importância, que mudou tudo."