37. Não foi fácil

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Passei algumas semanas ainda em NY. Havia muito trabalho, e lógico, eu não poderia estar mais feliz com isso. Ao mesmo tempo, toda vez que eu falava com ela, mais preocupada ela parecia. Falávamos toda noite ainda, ou a maioria delas, com videochat ou coisa do tipo.

Até hoje ela insiste que foi quando tivemos a primeira briga. Mas eu não acho que foi uma briga. Afinal, estávamos de acordo, ela estava pensando em vir para cá, aos poucos eu a convencia de que seria melhor tanto para ela quanto para o Ian. O mais difícil ela havia conseguido, não estava mais na casa do ex-marido, e sim na casa da mãe dela. Era uma ajuda e tanto, pois ela podia estudar e trabalhar melhor, o pequeno estava na creche e ela tinha mais tempo para fazer tanto as pesquisas da faculdade quanto trabalhar. Mas ainda podia ser melhor.

- Ela é cabeça dura, Norman, mas eu também estou tentando aqui... - uma vez a mãe dela me disse. Não lembro qual foi a ocasião que liguei para lá e a mãe dela atendeu. - Ela é teimosa, mas aos poucos eu falo com ela, e cada vez ela cede um pouquinho mais. Mas precisa de tempo.

- Se depender do tempo dela, ela vai demorar uns 10 anos. - respondi. Estava brincando, mas temia que ela concordasse. Aí estaria tudo ferrado.

- Você já falou com ela, eu já falei...é só questão de tempo. Conheço bem a minha filha. Se ela diz que andou pensando e talvez seja melhor, ela quer ir. O resto é medo.

- Tem certeza?

- É minha filha. Eu sei como ela é. E não é fácil.

- Não mesmo - respondi.

Mas, se ela estava pensando e era como a mãe dela dava a entender, talvez eu conseguisse. Mas acontece que essa conversa com ela me deixou mais ansioso. Mais tarde naquele dia, ela me mandou uma mensagem de que estava chegando em casa, e eu disse que precisava falar com ela.

As Cartas da ProblemáticaOnde histórias criam vida. Descubra agora