Conversaram horas sobre literatura, música, sobre onde a banda do Marco havia tocado, e onde tocariam, sobre o Ian, e claro, que todos tinham alguma coisa para me falar sobre ela. Chegava cada vez mais gente, e logo haviam duas mesas em frente ao sofá, e todas as poltronas ao redor ocupadas, mesmo assim, algumas pessoas conversavam e ouviam a conversa em pé.
Até que chegou um amigo dela, que eu sabia que ela adorava.
Acho que foi a melhor pessoa que conheci ali. E o mais louco. Ele entrou pela porta, em passos largos. Ouvia a voz dele de longe. Eu estava sentado com o Marco, segurando um copo de uísque, quando ele estava passando reto, freou o passo. Usava calça jeans e uma camisa xadrez sobre uma camiseta preta. Parou e disse algo para o Marco, que riu como se não fosse de se esperar outro jeito daquele cara chegar. Se levantou e se abraçaram, e ele se apresentou pra mim. Mas eu não entendia absolutamente nada de português, e ele falava cada vez mais rápido. Lembro que estendeu a mão e quando fui apertá-la, ele me puxou para cima e me abraçou.
O Marco, percebendo a minha confusão, falou com ele no meu idioma.
- Claudio, esse é o namorado da Alê, Norman. Você já deve ter visto ele...
- Eu? - ele perguntou colocando as duas mãos no peito e indignado. - Eu não vejo mais nem a Ale, vou saber de namorado dela? onde está essa desgracenta? Ela te deixou aqui e foi embora? Eu mato ela se ela te fez isso! Isso não se faz, não se deixa o namorado sozinho nessa pocilga!
- Ela tá ali atrás, cara, está conversando com a Yvette e a Simone, relaxa!
- você conheceu esse cara já? Ela te deu esse desgosto, deixou você aqui com o Marco? Esse cara é um crápula, ele me odeia!
Eu não sabia o que fazer. Ele não parava de falar por um segundo sequer. Era divertido, mas intimidava um pouco.
- Alê? ALÊ? ALESSANDRA ! Venha já aqui, sua doente!
Ela o viu de longe, e com um sorriso largo, foi correndo na direção dele e o abraçou. Ele a apertou nos braços e a girou no ar, enquanto beijava sua bochecha.
- Como você desaparece assim, e ainda deixa seu namorado jogado por aí?
- Que saudade de você, Claudio!!!
- Também....você arruma filho, depois arruma namorado, e não me liga mais, porra...olha, não confia nessa, nessa...amiga-da-onça! Ela desaparece que nem o vento! - ele disse apontando o dedo para ela enquanto a abraçava. Os olhos dela brilhavam e estava com um sorriso mais largo de costume.
- Você já conheceu o Claudio?
- Se ele me conheceu? acabei de agarrar ele com tudo, retardada! Alguém tem que saber agarrar um namorado, né!
Ela riu, e eu fiquei totalmente confuso. Aquele homem estava dando em cima de mim?
Do mesmo jeito que ele apareceu, ele se foi. Alguém o chamou e ele foi até a pessoa que estava no balcão e ele a soltou e correu gritando e xingando a pessoa.
- Ele é assim mesmo, Norm...
- Tem certeza?
- Total...o Claudio consegue ser mais maluco que eu. Do que todos nós, aliás... Quando ele se acalmar você vai ver, é a melhor pessoa de todas aqui.
- você gosta muito dele né?
- você vai entender...ele é o irmão mais velho que minha mãe ficou me devendo...somos muito parecidos, passamos por algumas coisas em comum...
- Entendo isso...
VOCÊ ESTÁ LENDO
As Cartas da Problemática
FanficO que aconteceu antes de "Problemática"? Norman conta como conheceu Ally. "foi um gesto mínimo, de abrir uma carta entre milhares de outras. Outro gesto sem pensar, sem importância, que mudou tudo."