"Cara Alessandra,
Me desculpe, mas não entendi muito bem o motivo daquela letra de música, nem o que você quis dizer. Por um lado fiquei feliz por saber que não tinha sido tão especial só para mim, mas mesmo assim, não está claro. O que você quis dizer? Pois desde então nunca mais me escreveu e eu também não tive mais nenhuma notícia sua, e já se passaram meses.
Eu penso muito em você. Se você conseguiu sair daquela cidade, se está tudo bem com seu filho, e se seu ex-marido ainda te trata com o devido respeito. Cheguei a pensar que talvez o outro cara que te agrediu tivesse voltado e feito algo pior.
Não é só preocupação com você, como se eu fosse um amigo, ou algo assim. Você conheceu outra pessoa depois daquilo? Ou já tinha outra pessoa, ou pior....prefere não ter ninguém se só eu estiver te procurando?
Eu queria poder ficar, queria que você pudesse vir e ficar aqui comigo, mas sabemos que não é possível. Mas não entendo porque nunca mais tive notícias suas depois. Foi mesmo tão especial assim, ou você estava apenas sendo gentil? Você estava se despedindo, ou não?
Me pergunto sobre isso o tempo todo. E não consigo esquecer você. Só quero saber o que esperar de você, ou se é melhor eu não esperar mais nada. Só isso.
Caso você realmente não queira mais saber de mim, apenas me diga isso, para eu voltar à minha vida como era antes.
Por que pra mim, não foi nenhum erro ter ido até São Paulo, nem ter chamado você até o hotel. Abrir uma carta sua não foi um erro. E se foi, eu preciso saber.
N.R"
Dia seguinte eu entreguei a carta para a minha assistente enviar para ela. E pedi taxa de urgência, ela receberia a carta em no máximo 5 dias. Durante cinco dias, minha mente me perturbou com todas as possibilidades que você puder imaginar.
Imaginei cenários que eu nem sequer tenho coragem de descrever. Cheguei a imaginar ela rasgando a carta assim que visse o remetente, sem nem sequer abrir o envelope.
Mas quatro dias depois, eu postei uma foto no Instagram e um comentário me chamou a atenção.
"Olhe o inbox." e a autora do comentário era ela.
Estava no meio das gravações, esperando ajustarem a luz. Mas mesmo assim, eu abri o inbox.
"Quando puder, me liga. Não esquenta com fuso horário." e um número de telefone.
Lógico que, apesar de não ser a hora, eu liguei.
"Cartas, telefonemas....quão antiquado podemos ser ainda? Pombo-correio? Sinal de fumaça?" pensei divertido. Mas estava preocupado pois não havia nenhum tipo de carinho na mensagem. Era exatamente como descrevi: seco e curto.
Criei coragem, e liguei, Precisava daquilo esclarecido e logo.
- Alô?
- Alessandra?
- Sim.
- Norman.
- Oi! Nossa...foi rápido... - ela disse com um tom divertido. Me perguntei porque essa mudança toda.
- Er...como você está? Faz um tempo...
- Sim, verdade...me desculpe por isso. Eu quis escrever depois, mas...eu não sabia mais o que dizer.
- Está muito ocupada?
- Não, na verdade não...estou hoje sozinha aqui, e terminei a cota de atividades por hoje...e você?
- Também. Na verdade estou em um intervalo no set....
- Eu recebi a sua carta.
- ... - Fiquei mudo. Não soube o que dizer a partir daí. Me senti um completo idiota enquanto lembrava das coisas que escrevi.
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As Cartas da Problemática
FanfictionO que aconteceu antes de "Problemática"? Norman conta como conheceu Ally. "foi um gesto mínimo, de abrir uma carta entre milhares de outras. Outro gesto sem pensar, sem importância, que mudou tudo."