42. I'm Just A Fool

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Era um bar relativamente grande. Um salão grande com o chão preto e branco, mesas no lado de fora e bancos de piquenique de madeira. Vários carros antigos e motocicletas estacionadas ao redor da entrada.

Lá dentro, além de um balcão grande havia nos fundos 4 mesas de sinuca, e na lateral direita, mesas redondas de madeira e cadeiras antigas e uma fileira de sofás de couro vermelho imitando assentos de carros.

A banda começava a se preparar, então o salão permanecia vazio.

"O que acha do lugar, Ally?" perguntei ansioso.

"Bem, certos ambientes vão ser sempre os mesmos....mas é bom, me sinto em casa..."

"Muito chique pra você?" Perguntei, zombando da aversão que ela sentia por lugares muito chiques e clubes exclusivos.

"Chique na medida certa! Vamos pedir a cerveja."

Já ia se soltar do meu braço , mas a puxei de volta.

"Não. Vamos fazer isso do jeito certo. Por favor, minha dama, sente-se, que eu volto já."

Dei um beijo nas costas da mão dela, pedindo licença para me retirar. Alguns segundos depois, voltei com a cerveja dela, e uma para mim.

Sean voltou do fundo do palco com Nay e dois amigos.

"Permita-me apresentar, estes são meus amigos, Norman, você deve conhecer, e a namorada - que por ora, não conste nos registros, esta noite somos todos anônimos, Ally."

Os dois rapazes cumprimentaram, claro, com mais ênfase no Norman. "Sr. Reedus, qualquer música que quiser pedir, será um prazer..."

"Caras, já fiz um pedido, mas se a minha dama aqui quiser pedir outra..."

Ally levantou-se e disse..."na verdade, queria sim....mas..." pegou o braço de um dos rapazes, se afastando alguns passos, cochichou e riu com ele alguma coisa, e voltou.

Aquilo me pegou totalmente de surpresa, mas a curiosidade era maior. "O que você foi cochichar com ele?"

Ela sorriu com um triunfo estranho. "Você já vai saber....tenha paciência..."

Os dois rapazes se despediram e voltaram para subir ao palco.

E os casais sentaram-se à uma mesa redonda mais ao lado do palco.

A noite correu bem, algumas pessoas vieram pedir selfies e autógrafos mas nada que chegasse a ser incômodo, e Ally tentou se manter invisível. Todas as vezes, tanto eu quanto o Sean pedíamos educadamente aos fãs que não publicassem a foto naquela noite, para evitar que mais pessoas viessem graças ao efeito viral. "Queremos curtir numa boa, sem multidão nem fotógrafos nem fofocas, entende?"...na maioria das vezes eles entendiam e respeitavam. E felizmente, essa foi uma dessas vezes.

Até que quando beberam o suficiente, e a banda tocou algumas músicas de Jerry Lee Lewis, Ally não aguentou mais. Tentou me puxar para dançar, mas eu ainda estava sem graça. E sóbrio demais, claro.

Nay veio e disse para ela "vá dançar com o Sean, eu cuido dele pra você."

Ela sorriu e eu pisquei pra ela, "divirta-se, Shoo...estamos aqui pra isso."

Ela foi já dando passos com Sean até a pista, onde depois de alguns segundos, Sean sentiu-se confiante para dançar com ela, percebendo que ela também sabia alguns macetes para os passos de rockabilly. Ele girava ela para longe e a puxava de volta, absorvendo o impacto do choque com uma mão em sua cintura, girando-a por baixo do braço e depois a segurava com as duas mãos. Parecia que ele a jogaria para longe, mas ela jogava as pernas para trás no ar e dava um impulso igual a uma criança no balanço e pousava em seu colo.

As Cartas da ProblemáticaOnde histórias criam vida. Descubra agora