Um Amor, Por Emergência!

Bruce está melhor

Bruce

Acordei e o dia já estava claro lá fora, pensando que só veria Vallentine mais tarde e lá estava ela, cochilando no sofá, deitada de lado com seu barrigão lindo, seus cabelos jogados para trás como tinha costume de fazer quando pegava no sono durante uma leitura.

Meu lado esquerdo estava imobilizado e eu estava louco para me levantar e ir acariciar seus cabelos.

A porta se abriu e o Dr. Kennedy entrou, sorrindo com a prancheta na mão.

- Que bom ver você acordado, me parece muito bem. - Ele pegou no meu pulso e olhou no relógio. - Que maravilha...Você está pronto para outra aventura.

- Nem tanto... acho que desta vez minha mulher me algema em casa. - Rimos.

- Algemo mesmo! - Sua voz soou sonolenta. - No berço do seu filho ainda por cima. - Ela levantou-se e veio até a cama, parando ao meu lado.

- Bom dia, meu amor!

Kent riu.

- Está ferrado meu amigo!

- Sim! Estou mesmo! - Estendi a mão direita para ela segurar, pois era a única livre.

- Vamos trocar os curativos... Mas é importante que não faça esforço para não arrebentar os pontos internos, você passou por uma grande cirurgia para remover os fragmentos de bomba, pregos e pedaços de metais... e passou por cirurgia plástica, principalmente na região do rosto... 

- Então, doutor? Quando eu posso levar o meu marido pra casa?

Kent olhou para Vallentine. 

- O certo era dar alta para Bruce só amanhã, mas o seu avô me garantiu que vai cuidar bem dele e o seu tio ficará responsável pela medicação e morfina. Dentro de 7 dias podem levá-lo para o cirurgião plástico da clinica do seu avô para avaliar como andam a cicatrização e remoção dos pontos, tudo bem!?

- Não se preocupe, doutor! Ele terá toda a assistência que precisa em casa. Inclusive eu mesma já pedi licença no trabalho pra cuidar dele

- Bruce... Repouso absoluto.

- Pode deixar, Doutor! Vou ficar em repouso... - Olhei para Vallentine apertando sua mão. - Minha esposa também precisa de muito repouso até o bebê nascer... Está perto! - Sorri contente.

- Soube que vai ser um parto humanizado? Você é corajosa! - Disse o médico ajudando a enfermeira a tirar a faixa da minha perna.

- Vou realizar o sonho da minha mãe! - Vallentine riu. - Ter o meu bebê em casa. Claro que meu avô e meu tio tiveram que dar inúmeras garantias ao meu pai de que tudo irá correr bem. A minha irmã pariu no jardim de casa e ela nem planejava isso.

- Você é saudável, tem todas as chances de ter um ótimo parto, e esse grandão aqui não precisar ficar andando de um lado para o outro.

- Não tenha tanta certeza assim! - Respirei fundo. - Ainda mais quando achei que nem voltaria para casa vivo... Estou feliz por estar de volta.

- Vai se comportar! Não queremos nenhum trauma posterior. Você tem a vida toda pra babar o seu filho e pega-lo no colo.

- Eu sei... Mas quero acompanhar... Afinal de contas era pra eu estar aqui de férias justamente para assistir ao parto do nosso filho e te ajudar no processo! - A puxei para um beijinho.

- Está muito bom... - o doutor chamou a atenção para a minha perna.

Olhei o estrago e meu estomago revirou, minha cabeça girou, ela estava horrivel, não tinha um espaço que não tivesse ponto e não estivesse parecendo pele de porco.

- Calma, Bruce! Isso tudo vai sumir, algumas cicatrizes vão ficar, mas nem vai se lembrar... - Ele bateu com a mão devagar no meu peito direito. - Não olhe se não vai se sentir bem.

- Isso é horrivel... como não perdi a perna? - Disse agitado na cama, me sentindo nervoso, nojento.

- Você é forte, meu amor! Logo estará de pé. Quando ele vai poder andar, Doutor?

- Lave bem com soro... - O médico dava as instruções e eu tentava manter as lágrimas contidas, mas era impossível.

- Assim que os pontos forem removidos e o inchaço ceder. o vascular junto com o ortopedista dará a orientação certa para o começo da fisioterapia, acho que em seis meses Bruce vai estar caminhando sem ajuda.

A lembrança do meu amigo sumindo em meio aquela poeira vermelha misturado ao sangue pedaço de carne me deixavam mais agitado ainda.

- Vall? Me conte como está Brandon? - Precisava de distração. - Como foi a última consulta.

- Foi ótima! Ele está crescendo forte e saudável, agora só está ganhando peso para nascer em breve. - Vallentine riu animada. - Eu pedi uma cadeira de rodas motorizada que você pode se locomover de pé ou sentado, e você mesmo controla. E vamos ficar na casa de hóspedes da mansão para que não tenhamos de subir escadas. Tudo bem?

- Não quero pensar em cadeiras agora. - Apoiei a mão em sua barriga. - É bom ver você... Está tão linda... Não é como ver pelo computador... - Suspirei alto. - Estou parecendo um idiota chorando.

- Não está, meu amor! - ela se inclinou e me beijou. - É tão bom ver você, sentir você! - Vallentine me abraçou forte. - Eu te amo tanto, Bruce!

- Também amo você... Mas não me abraça assim... - Ela me soltou rápido. 

- Desculpa, eu não queria machucar você. - 

- Me desculpa... Prometo compensar todos os abraços e beijos que quer me dar assim que eu melhorar.