Vallentine procura por Bruce

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Vallentine

Me virei na cama a procura de Bruce e nenhum sinal do meu marido, levantei depressa o procurando pela casa e me desesperei ao constatar que a sua cadeira de rodas estava lá, mas ele não. Vesti um robe sobre a camisola, passei pelo quarto da enfermeira, pedindo que ela cuidasse de Brandon e deixei a casa. Eu estava desnorteada, sem idéia de por onde começar a minha procura, então tive um estalo e segui para a sede dos seguranças, uma avaliação nas câmeras e eu saberia ao menos pra que lado ele foi.

Adentrei a sala e Ralph estava sentado diante dos monitores.

- Bom dia, rapazes! - Todos voltaram-se pra mim. - Ralph, por favor, me diga que você sabe onde o Bruce se enfiou.

- Dormindo no alojamento... - Ele sorriu. - ele queria conversar e achei melhor deixar ele dormir aqui do que forçar e acabar se machucando. 

Ralf deu de ombros parecendo conduzido. - Eu não quis te acordar, me desculpe.

- Eu não entendo! Por que ele me deixou pra ir pro alojamento dos seguranças?

- Ele só precisava conversar, estava entediado... Não seja protetora demais, o homem passou por maus bocados, precisava conversar, só isso.

- Tudo bem! Eu posso ir vê-lo?

- Vou te acompanhar... - Ralf se levantou apanhando o rádio e seguimos para o alojamento, assim que entrei, Bruce dormia pesadamente numa cama pequena em que seus pés ficavam pra fora da cama.

- Quer matar o meu marido de torcicolo? - eu ri

- Bem... Essa era a cama dele... Vou deixar vocês sozinhos, qualquer coisa podem me chamar. - Ralf deixou o quarto.

Me aproximei da cama e deitei ao seu lado, o abraçando, Bruce gemeu e me abraçou.

- O que faz aqui? - Ele perguntou sonolento.

- O que você faz aqui? - Repeti a pergunta.

- Ralf não me deixou voltar... Eu estava exausto.

- E onde você estava? - Acarinhei o seu rosto.

- Na cama com você... Não consegui dormir e resolvi dar uma volta, só isso.

- Dar uma volta? - senti que havia algo de errado, mas decidi não pressioná-lo. - E a perna, não cobrou essa volta? Não dói?

- Vallentine! Está fazendo perguntas demais... - Ele disse um pouco mais enérgico.

Suspirei e o encarei séria

- E é tão ruim assim que eu me preocupe com você?

- É porque não tenho nada pra falar além de dores, um caminhar... Não tenho feito nada, não sou útil para nada...

- Desculpa! - não sabia mais o que fazer e me sentei na cama. - Você está sendo duro demais consigo mesmo! Você cuida do Brandon!

Ele me encarou.

- Cuido? Eu só tenho um braço bom... Eu nem posso pegar o menino no colo quando quero. Eu tenho que esperar alguém colocar. E quando penso que vou curtir meu filho vem alguém e o tira dos meus braços sem perguntar se pode ou se estou cansado. - Bruce explodiu. - Sou um peso enorme nas suas costas e minha presença não faz a mínima diferença na sua vida e a de todos.

- Agora você está sendo injusto. - Me levantei aborrecida. - O seu estado é temporário, Bruce! Logo a sua vida vai voltar a ser o que era antes. Você só precisa ter um pouco de paciência. E você faz toda a diferença na minha vida. Eu não seria nada sem você.

- Paciência é o que eu mais tenho. - ele ficou me encarando sisudo. - Se sou importante assim... Pare de ficar chamando sua mãe o tempo todo. Tente conversar comigo antes de sair ligando, vamos tentar entrar num acordo e se não resolvermos ou damos conta, aí sim você pode sair chamando até o papa se quiser.

- Você podia ter me dito antes como se sente. Quer ir embora, Bruce?

- Vontade é o que não me falta... Só que eu amo você é o Brandon e não quero deixa-los aqui. - Bruce com dificuldade se sentou ao meu lado. - Tenho minha casa em New Jersey... Lado não muito favorável, mas é a minha casa... Podemos ir para lá.

- Eu não perguntei se você queria ir embora sozinho! - lhe dei um beliscão sem qualquer força. - New Jersey? - entortei o bico. - Eu não posso ficar muito longe da editora, Bruce! É o meu trabalho. A editora tem um apartamento próximo ao Central Park! Podemos ir pra lá, só nós três e a Wayne!

- Não... Eu não posso pagar pela manutenção daquela casa... E é da editora, não vou usar o que não é meu. - Ele me olhou de lado. - Resolvemos isso depois... Vamos para casa, Brandon deve estar para acordar.

- Você sozinho não pode. Mas, podemos juntos, Bruce!

Ele não falou nada, apenas se levantou estendendo a mão para mim.

- Vamos para casa... Você precisa descansar e eu preciso esperar o fisioterapeuta que começa hoje.

- Por que você sempre encerra os assuntos antes de terminarmos? Daí, fica aí aborrecido, remoendo o que queria ter dito e não disse.

- Eu não vou para Manhattan. - Ele me encarou bravo, as sobrancelhas se juntando. - Eu sei aonde é o meu lugar e não vou aceitar que minha mulher pague para eu morar... então se é pra trocar seis por meia dúzia eu fico aqui.

- Bruce! - Vallentine tomou as minhas mãos. - Não vou pagar pra você morar, como você disse eu sou a sua mulher e agora nos cabe dividir despesas, ou você também não espera que eu aceite que você me sustente. Você não quer mudar pra Manhattan, tudo bem! Vamos pra New Jersey, pro Brooklyn... Pra Marte! Eu só quero ser feliz com a minha família

- Vão para onde? - Papai estava na porta olhando para nós dois.

- Mais um não! - Bruce disse baixinho.

- Oi pai! - o cumprimentei. - Ainda não decidimos exatamente, mas vamos mudar.

- Não vão se mudar... não estamos mandando vocês embora, de forma alguma. - Papai entrou no alojamento encarando Bruce. - Minha filha não vai morar em New Jersey, muito menos o meu neto.

- Não vão!... não se preocupe com isso. - Disse Bruce o encarando.

- Pai, essa decisão não cabe a você! - Protestei. - O seu critério pra eu sair de casa era que me casasse. Eu casei!

- Não para uma área que exista perigo... - Ele impediu a nossa saída. - Compro uma casa para vocês, mas enquanto Bruce não puder se virar sozinha, daqui vocês não saem. Entendeu bem?

Papai enfiou o dedo no nariz de Bruce.

- Isso é o que nós veremos, pai!

Papai entortou a cabeça para o lado como se esperasse a ser desafiado.

- Ele está certo... Eu preciso me recuperar primeiro.

Bruce me olhou apertando a minha mão.



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