Bruce e Sophie

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Bruce

Acordei e senti falta de Vallentine ao meu lado, em compensação Brandon estava resmungando.

O ajeitei em meus braços e passei a brincar e conversar com ele. Tão pequeno e tão esperto, parou para escutar a minha voz, ele chegava a abrir a boca para me escutar.

- isso garotão... é o papai que está aqui com o meu meninão lindo! - acariciei seu corpinho pequeno.

Era uma sensação tão gostosa de tê-lo ao meu lado, e estava tão fragilizado que deixei minhas lágrimas rolarem, elas eram naturais e me deixei ser levado pela emoção.

- Bom dia, Sr. Johnson! - Wayne entrou no quarto sorrindo, trazendo a bandeja com meus remédios e água.

- Bom dia! Viu Vallentine? - Perguntei deixando a enfermeira pegar o pequeno Brandon no colo.

- Ela foi até a mansão, disse que já volta.

- E minha cunhada?

- Está tomando café... - Ela apontou para fora do quarto.

Sorri me levantando da cama com calma, fui ao banheiro e logo me juntei a Sophie na mesa, levando os comprimidos comigo.

- Se sente melhor, Sophie? - Sorri ao olhar para ela.

- Sim! obrigada por me deixar ficar aqui essa noite. - Sophie parecia abatida, mas sorriu amável como sempre.

- E você, Bruce? - Ela olhou para mim reparando nas cicatrizes. - Se sente melhor?

- Vou ficar... - Sorri me sentindo encabulado.

- Não tenha vergonha ou pena de si mesmo, Bruce! - ela tocou na minha mão. - Deve é ter orgulho de cada cicatriz que tem... Você salvou muita gente naquele dia e está vivo para contar.

- Contar? - Dei risada sacudindo a cabeça, achando aquilo absurdo.

- É... - Sophie se levantou indo até um armário puxou uma caixa voltando a mesa.

Com calma ela abriu tirando um notebook e lá de dentro, colocou no carregador e estendeu para mim.

- Conte sobre o que passou e viveu nesses meses que ficou. Alguém precisa mostrar que vocês são homens de bem, que estão lá para ajudar e não para apenas matar.

- E o que eu vou fazer com isso? - Encarei minha cunhada. - Eu não vejo o porque disso!

- Bruce! tem uma centena de pessoas querendo saber de como é a vida em campo e você é o cara para nos contar, porque eu mesmo quero saber! - Ela sorriu contente.

Fiquei com aquele notebook aberto a minha frente, Sophie se levantou, apanhou seu casaco, me deu um beijo desejando um bom dia e saiu para ir a escola.

levei o cotovelo a mesa olhando para aquele cursor piscando a minha frente do editor de texto, fiquei pensando se tudo não seria uma grande tolice em escrever algo que eu vivi.

Então tomei meu café com calma, olhando ainda para a tela do notebook, curioso em saber como se começava um livro. Me lembrei de Alexia, ela já estava no seu segundo livro para ser lançado.

Sem ideias, fechei a tela e deixei o notebook a minha frente, tomei meu café e ao olhar para a entrada da sala de jantar, lá estava ela, Vallentine, a mulher dos meus sonhos, da minha vida.

Sorri abrindo os braços e ela veio ao meu encontro, nos beijamos apaixonados, sem dizer uma só palavra, acariciei seus cabelos, toquei em seu rosto e um ânimo se instalou dentro de mim. Sim, eu precisava deste ânimo, de confiança e de amor.

- Bom dia, meu amor! - Vallentine veio até mim com uma expressão curiosa e me beijou. - Atualizando o Facebook?

- Sophie me deu este notebook para me distrair. - Acariciei suas costas. - Onde estava?

- Fui trocar umas palavras com meu pai. Não quero sair daqui o deixando bravo com a gente, mas também não vou ceder a pressão. Ele me propôs uma coisa.

- O quê? - Entortei a cabeça para o lado para escutar.

- Que ele aceita que nos mudemos para New Jersey, mas que aceitemos a casa que foi da Vó Sophie em troca da sua. Daí podemos pagar o resto do valor em suaves prestações. É uma casa simples e aconchegante, no centro de New Jersey.

- Simples e aconchegante? - Dei risada. - Ela é enorme... Tá! - estendi a mão aberta a sua frente. - De quanto estamos falando, Vall? qual será o valor destas prestações?

- Não sei! Mas algo que possamos pagar... Nós dois! Mas, só se você concordar! - Ela me beijou. - Eu não importo de irmos para a região suburbana.

Suspirei longamente.

- Veja o valor, Vallentine... vamos negociar isso... eu tenho uma reserva no banco, não quero me desfazer da casa da minha mãe, eu posso manter ela alugada e pagar a casa com o que vou recebendo. - A olhei, ela estava visivelmente cansada. - Me desculpe... estou te dando mais trabalho do que o nosso pequeno Brandon.

- Está tudo bem, Amor! Também tenho as minhas reservas, e podemos alugar a casa da sua mãe pra levantar mais fundos. Cadê o nosso bebê?

- Está com Wayne, ela ia trocar a fralda dele e dar o leite reserva que você sempre deixa.

- Dormiu bem? - Ela continuou a acarinhar o meu rosto.

- Sim! Dormi muito bem! - Acariciei sua mão. - Já tomou café? Eu te acompanho se quiser?

- Por favor, estou mesmo com fome. O que pretende fazer quando deixar a cadeira de rodas de vez?

- Eu já a deixei... - A encarei com um sorriso arteiro. - Eu ainda não sei... só sei ser segurança, motorista da minha marrenta durona...

- Prefiro não ver você como o motorista de mais ninguém

- É o meu trabalho, Vallentine.... eu não tenho estudo, universidade. É o que posso fazer no momento.

- Vou morrer de ciúmes! -ela fez um bico

Não quero ver nenhuma madame babando o meu homem.

- Não verá! - Sorri pegando em sua mão.

Levei a boca e beijei demoradamente.

Vallentine tomou seu café da manhã e eu a acompanhei, conversamos e já era hora dela dar o peito para Brandon que ultimamente se mostrava bem guloso.

E eu passei a olhar para aquele notebook novamente, pensando como eu iria começar a contar a minha história.



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