Bruce resolve reagir

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Bruce

Acordei na madrugada novamente tendo aquele pesadelo entre a realidade do que aconteceu misturado ao meu cotidiano. Me levantei da cama devagar sem acordar Vallentine e segui para fora da casa, contornando o local até chegar na academia que era ao lado da piscina interna da casa.

Digitei a senha para desativar o alarme e entrei. assim que acendi a luz, procurei me organizar para começar a minha série de exercícios. não pretendia passar seis meses para começar a me tornar o homem que eu era. O tempo urgia e eu queria ficar bom logo para poder pegar o meu filho no colo e voltar ao trabalho.

E assim foi, comecei com pesos pequenos, trabalhando a musculatura do braço e perna. Fiz alongamento antes de começar e no final dela.

Trinta minutos de esteira. Até que minha resistência estava boa, o que me cansava era que a minha perna esquerda não acompanhava o ritmo da direita, mas eu tinha certeza que logo isso iria mudar.

Já eram 4:30 horas da manhã quando voltei para casa, tomei um banho e voltei para a sala, apanhando o notebook. Fiz um café para mim e me sentei a mesa e não saí de lá até Vallentine acordar. Não contei a ela que estava escrevendo sobre o que passei no Iraque, eu nem sei se queria mostrar a alguém um dia, deixaria por conta do destino.

Os dias foram passando e minha rotina se tornou essa. Acordar no meio da madrugada e ir me exercitar, escrever e fisioterapia durante a tarde. Meu braço já estava respondendo bem aos estímulos e o alongamento que o fisioterapeuta me ajudava a fazer estava surgindo efeito, soltando os nós dos nervos que haviam surgido com o trauma.

Não fui ao terapeuta, me recusei a isso e Vallentine não me forçou, agora me sentia bem melhor depois que passei a por para fora naquele notebook.

Em um mês eu já tinha escrito praticamente 390 paginas e estava nos últimos ajustes, e Vallentine me pegou num momento mais empolgado em que eu relatava a minha angustia segundos antes da bomba explodir e ver meu amigo indo pelos ares.

- Bruce, o que tanto faz nesse computador, Amor?

Levei um susto e a encarei.

- Sophie disse que eu deveria escrever o que passei... E é o que estou fazendo. - Disse me sentindo envergonhado.

- Sério?! - ela mostrou-se empolgada. - E quanto você já escreveu?

- 391 paginas, e acho que mais 10 e termino. - A olhei sobre meu ombro que olhava para a tela curiosa. - Não vai ler quase o final! - Soei arteiro tapando a tela com a mão.

- Você escreve bem! Ao menos as poucas linhas que eu li, e a sua história têm potencial editorial.

Sorri encabulado esfregando a testa.

- Vallentine! Você não vai querer publicar isso. - Disse não confiando no que dizia.

- Se meu marido permitir, eu vou querer sim!

Dei risada alta sentindo meu rosto pegar fogo.

- Você está me dizendo que vou virar um escritor? Para!!! - continuei a rir. - Isso é... Apenas... - Não soube expressar.

- É a sua história de vida! Uma auto-biografia.

Olhei para a minha esposa ainda não acreditando que aquilo tinha um cunho editorial.

- Eu não quero que faça isso só para me agradar... Então vamos fazer assim... eu termino e você lê ele completo. E quero que seja honesta, Vallentine! Se não prestar, eu guardo. - Me levantei ficando de frente para ela. - Combinado?

- Combinadíssimo ! - ela me beijou.

- O que vai fazer hoje? - Perguntei agarrando na cintura de Vallentine.

- Não tenho certeza! Não tinha nada programado

- Vamos ver a casa de sua avó! vamos fechar logo esse acordo. - A puxei para um abraço. - O que acha!?

- Que bom, meu amor! - Vallentine me beijou

Sorri amável e voltei a me sentar.

- Deixa eu terminar isso... Porque a minha editora chefe está me cobrando! - Brinquei com ela.

- Fique à vontade, mas não demore, quero tomar café com o meu marido.

- É só me chamar quando estiver tudo na mesa!

Vallentine me beijou e saiu.



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