Um Amor, Por Emergência!

Kent termina seu turno no sábado

Kent

Finalmente meu turno tinha acabado. Olhei no relógio que marcavam 16:38hrs. Estava atrasado, mas a emergência precisava de mim. Tomei um bom banho e segui para casa depois de me despedir do último paciente na traumatologia que tinha acordado do pós cirúrgico.

Manhattan estava fervilhando, muita gente caminhando pelas calçadas. Eu era um deles.

Passei numa delicatessens para comprar alguns bombons para Samantha, já que ela tem sido minha salvação e minha companheira nos últimos tempos. Também precisava pedir desculpas, ela tinha planejado algo na parte da tarde e não apareci.

Já estava chegando perto do edifício quando vi do outro lado da rua, Manú é San tomando uma taça de sorvete juntas. Atravessei correndo me sentando no banco ao lado de San.

- Deste jeito vão virar duas monstrinhas! - Brinquei.

- Papai!!!! - Manú gritou subindo na mesa e pulando no meu pescoço.

- Como estava o hospital? -Sam indagou com um sorriso

- Movimentado... - Torci a boca colocando Manú sentada no meu colo. - peguei um trauma... Engenheiro caiu do terceiro andar... Fraturou costelas, pior foi o estagiário que não respeitou a contagem de troca da maca, movimentou o paciente, a costela acabou perfurando o pulmão esquerdo.

- Nossa! E como está o paciente depois disso? Espero que não renda mais um processo pro hospital.

- Está bem... - Sorri e puxei a caixinha de bombons finos da minha mochila. - Me desculpe... Eu não consegui sair antes... Mas amanhã estarei de folga. Temos o Domingo inteiro só para nós.

- Eu sei! - ela sorriu e apanhou a caixinha das minhas mãos. - Olha o que temos pra sobremesa depois do jantar, Manu! - era comovente vê-la pensando na minha filha antes de si mesma

- Chocolate! - Manú agarrou no meu rosto me fazendo olhar para ela. - Cadê o meu?

- Você também quer?

Ela consentindo com a cabeça num sorriso sapeca. Coloquei a mão dentro da mochila e tirei um coelho de chocolate. Manú cresceu os olhos e mostrou para San.

- O meu é mais bonito! - Manú estendeu para ela.

- Não posso contestar! O seu é muito mais lindo. - Sam apertou o narizinho dela que riu. - Está com fome, Dr Kent?

- Na verdade não... - Olhei em volta. - Quer caminhar um pouco e ir até a Time Square Hoje a rua está fechada, podemos andar nela, comer cachorro quente... - Dei de ombros. - Está calor.

- Por mim, tudo bem! - ela deu de ombros. - A Manu recebeu uma visita hoje.

- Ah é? - Olhei para minha filha que devorava a orelha do coelho.

- Tia Calú! - ela respondeu de boca cheia.

- Sei. - Olhei para San. - Ela pegou as coisas dela?

- Sim! - Sam torceu o lábio e encarou a mesa, tamborilando com os dedos

- Algum problema? - Procurei o olhar de San. - Ela disse alguma coisa que te aborreceu?

- Não! Ela foi até bem simpática.

- Muito bem... O que importa é que ela levou o que era dela. - Me levantei. - Vamos subir. Vou por a mochila no apartamento e colocar uma roupa mais confortável.

Ergui Manú e a coloquei no meu ombro sentada. - Já pagou pelo sorvete?

- Sim! Estávamos só fazendo hora até a Manu acabar. Vamos pra casa.

Atravessamos a rua, segurei a mão de San até entrarmos no hall do edifício.

- Tia Calú contou muuuuitas coisas para tia Shan! - disse a pequena me dando o restante do chocolate.

Estremeci diante do que Manú disse, rapidamente a coloquei no chão pegando o chocolate. Me calei, pois a minha raiva só de imaginar o que ela andou falando me deixou agitado.

- Algum problema, Kent? Não se aborreça, ela tem muito carinho por você

Não falei nada, a porta do elevador se abriu e saímos em direção ao meu apartamento.

- Vou colocar um tênis... Não demoro. - Joguei a mochila no sofá.

Fui a passos largos para o meu quarto, entrei no banheiro encostando a porta. Me olhei no espelho, com raiva de não estar em casa para calar a maldita boca de Calú. Era claro que iria falar algo. Joguei água no rosto várias vezes.

Quando voltei a sala, Emmanuelle já estava num vestido de princesa, com uma varinha de plástico com uma estrela na ponta em mãos.

- Eu estou linda, papai?

- Você está uma graça. - Acariciei seus cabelos. - Vamos ao nosso passeio?!

- Você parece tenso!- Sam acrescentou baixo

- Impressão sua. - apanhei a carteira dentro da mochila. - Vamos embora.

- Tudo bem! - ela deu de ombros

Foi bom ter saído de casa, passeamos bastante, curtimos um final de tarde quente e a volta para casa tivemos que tomar um táxi. Emmanuelle estava dormindo em meus braços completamente largada.

Ao chegar em casa, a coloquei na cama, tirei seus sapatinhos, San tirou seu vestidinho e a enfiou no pijama. Deixamos o quarto depois de deixar minha filha confortável e seguimos para a sala.

- Quer um café ou uma cerveja? - Parei na porta da cozinha.

- Vou encarar o que você beber! - ela sorriu e tirou a jaqueta jeans que usava.