— Vamos, Kihyunnie — Minhyuk me sacudia e fazia bico, tentando me convencer — Por favor, você precisa disso.
— Eu não vou desobedece-lo só porque ele não estará em casa, Minhyuk. Isso seria falta de respeito e de consideração com a confiança que ele tem em mim.
— Kihyun, só hoje. — ele bagunçou meu cabelo e apertou minha bochecha — Colégio novo, vida nova. — me aproximei de Minhyuk e comecei a fingir que lhe ensinava algo, ele me olhou confuso, mas logo percebeu o que eu estava fazendo quando seguiu meu olhar e viu que meu pai havia acabado de entrar na sala.
— O senhor já vai, pai? — ele assentiu enquanto arrumava a gravata.
— Minhyuk, não vá embora tarde, Kihyun precisa dormir cedo. — Meu pai ditou e Minhyuk assentiu — Kihyun, quero fotos de no mínimo cinco páginas por dia de exercícios do livro que te dei resolvidas. — ele se aproximou de mim e puxou um pouco minha orelha, eu engoli seco — E eu espero não ver nenhum exercício incorreto.
— S-Sim senhor. — alguns empregados passaram com as malas do meu pai e ele saiu da casa.
Minha avó faleceu ontem e meu pai viajou para ficar com a família e ir ao enterro, ela e o restante de minha família moravam em outro estado, então meu pai teve que viajar e avisou que passaria uns três dias fora de casa. Eu não fui, já que eu não conhecia ela e meu pai não queria que isso atrapalhasse meus estudos. Meu pai viajar e não voltar no mesmo dia, nunca aconteceu antes, então Minhyuk queria que eu aproveitasse a oportunidade.
— Seu pai é um babaca — Minhyuk disse assim que meu pai saiu, e então eu lhe dei um empurrão
— Não fala assim dele. — meu pai era bruto e mandão, mas ele era assim porque queria que eu tivesse um futuro promissor, então eu entendia ele. Fora que, além de Minhyuk, ele era a única pessoa que eu tinha na minha vida.
— Só hoje a noite, sai comigo só essa noite, amanhã você volta pra sua vidinha insuportável. — Minhyuk praticamente implorou e eu me dei por vencido. Eu sabia que ele não desistiria até conseguir o que quisesse. Eu também sabia que era errado, sabia que eu não deveria, e se eu soubesse do que aconteceria, eu não teria ido.
~
Minhyuk ficou na minha casa até o horário de nos arrumarmos. Ele gostava de sair à noite e ficou o dia todo falando o quanto estava ansioso para me apresentar sua boate preferida, quanto mais Minhyuk falava, mas desesperado eu ficava. Eu não estava acostumado a ir em lugares assim, na verdade, essa seria a primeira vez, fora que, a ideia de desobedecer o meu pai, me apavorava.
Minhyuk se arrumou na minha casa, ele havia levado roupas, já que sabia que conseguiria me convencer, como sempre. Ele não só se arrumou, como me arrumou também. Me obrigou a vestir uma blusa branca bem larguinha, com botões, esses que eu cismei em fechar, já que Minhyuk queria deixar os três primeiros abertos, então ele arrancou eles e deixou apenas os que ele queria fechados. Também vesti uma calça jeans preta, rasgada nos joelhos e muito, muito justa. Conjunto de roupas esse que Minhyuk me deu de presente ano passado, já que eu jamais compraria um trage desses. Me aproximei do espelho enquanto Minhyuk bagunçava meu cabelo pela terceira vez, já que eu sempre o arrumava novamente.
— Se você arrumar esse cabelo de novo, eu arranco ele como fiz com os botões.
— Por que eu tenho que ficar com ele assim? E essa blusa larga? Eu não sei nem se vou conseguir andar com essa calça, ela está tão justa que... — eu reclamava, mas Minhyuk me interrompeu.
— Para de reclamar, Kihyun — ele me virou para o espelho e deu um tapa na minha bunda — Olha como você está gostoso!
— Meu Deus! Meu Deus! — eu fiquei em choque.
— ISSO, MEU DEUS! — ele gritou e riu
— MINHYUK EU ESTOU RIDÍCULO!
— O QUE? — comecei a arrumar meu cabelo e tenho certeza de que a expressão de desespero era nítida em meu rosto.
— SE MEU PAI ME VER ASSIM, ELE MATA!
— EI!! PARA, PARA — ele gritou enquanto tentava segurar minhas mãos, assim que conseguiu, me imprensou contra a parede e me encarou — PARA!
— VOCÊ É MALUCO!
— PARA DE GRITAR COMIGO!
— É VOCÊ QUEM ESTA GRITANDO!! — eu rebati e ele me soltou
— Calma, Kihyun — ele começou a bagunçar o meu cabelo novamente e eu respirei fundo várias vezes, na intenção de me acalmar.
— Minnie... — o chamei em um tom manhoso e abaixei a cabeça.
— Kihyun, olha pra mim — eu o olhei e ele sorriu — Você não está ridículo, você está lindo. — ele deu um beijo na minha testa — Vai dar tudo certo, seu pai não vai descobrir e você vai se divertir pela primeira vez na sua vida.
— Você é uma influência tão ruim, Minhyuk.
— Você que é certinho demais. — ele rebateu e eu ri. Apesar de Minhyuk ser completamente maluco e nunca pensar em suas ações com antecedência, eu confiava nele, mesmo sabendo que era burrice da minha parte.
~
As luzes de diversas cores piscando sem parar faziam com que eu mal conseguisse manter meus olhos abertos, a música estranha estava absurdamente alta eu eu conseguia sentir as batidas da mesma, como se estivessem dentro de meu peito, o cheiro de álcool que exalava pelo local me deixava enjoado, as pessoas dançando descontroladamente me assustavam e a forma como algumas se beijavam e se apalpavam me inojava. Quase todos os casais eram homossexuais, haviam pouquíssimos casais heteros, talvez eu só tenha visto um.
— Por que tem tanto homossexual aqui? — perguntei a Minhyuk em um tom alto o suficiente para que ele conseguisse me escutar.
— Você está em uma balada gay, Kihyunnie. — eu arregalei os olhos e o encarei. — Você pode tentar enganar a sí mesmo, Kihyunnie, mas a mim não. Você deveria aproveitar que está aqui para tirar suas "dúvidas" — ele fez aspas com os dedos.
Quando Minhyuk se descobriu gay a alguns anos atrás, eu fui o primeiro a saber. Eu sequer sabia o que era isso e assim que ele me explicou, eu disse que também era. Sempre gostei de meninos, nunca tive aquela paixonite por uma menina quando era criança, mas sentia esse tipo de coisa por outros garotos, claro, sem entender. Eu fiquei feliz por finalmente entender meus sentimentos e achar que isso não era errado, até que eu tomei coragem para perguntar ao meu pai o que ele achava, não sobre eu ser, eu não seria louco de contar a ele, mas perguntei o que ele achava sobre o assunto. Ele falou coisas horríveis, ficou irritado e quase me bateu só por eu ter tocado no assunto. Eu me senti tão mal com tudo o que escutei, que tirei essa história sobre ser gay da minha cabeça, falei para Minhyuk que eu estava enganado e claro, ele não acreditou e sabia que eu só estava fazendo aquilo por causa do meu pai.
Minhyuk estava certo sobre eu ter que aproveitar esse dia. Afinal, quando eu teria outra oportunidade de ficar com alguém assim? Eu não posso ter compromisso com ninguém, meu pai jamais deixaria, ainda mais com alguém do mesmo sexo, então nada melhor do que ficar com alguém em um lugar como esses, onde ninguém quer compromisso e no dia seguinte eu poderia fingir que nada aconteceu.
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A Bad Life [Changki; 2won]
FanfictionKihyun tinha a vida centrada e organizada, sempre obedecendo seu pai, achando que sua vida era normal e correta, até conhecer alguém que mudará completamente a sua visão de mundo, o que pode ser bom, mas o trará consequências. [Mesmo universo de "A...