23. Sente ciúmes?

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Assim que cheguei a enfermaria, a enfermeira analisou meu rosto e o local onde eu havia recebido os chutes, ela disse que estava tudo bem, me entregou uma compressa de gelo e mandou que eu colocasse no meu rosto para que não ficasse tão roxo. Alguns minutos depois, Minhyuk entrou na enfermaria e se aproximou de mim, se sentando na cama em frente a que eu estava sentado.

— Nossa, ele te acertou em cheio. — ele e disse e riu, o olhei sério e ele desviou o olhar, parando de rir.

— Foi ele mesmo, não foi? Ele disse que não fez nada com o Kihyun, mas eu tenho certeza de que foi ele. — Minhyuk suspirou.

— Sim, foi ele.

— Eu sabia! Eu sou um idiota, não deveria ter gritado com ele e saído daquele jeito, eu deveria ter me certificado de que ele ficaria bem, eu deixei minha raiva tomar conta de m... — eu parei de dizer assim que o escutei gargalhar — O que é tão engraçado?

— Eu tô brincando, não foi o mesmo garoto que me bateu.

— O que? Então quem foi?

— Foi o pai dele.

— O que? O pai dele deixou ele daquele jeito? — eu estava surpreso e um pouco assustado com aquilo.

— Ele até que foi bonzinho, deveria estar de bom humor no dia.

— Meu Deus, Minhyuk! — fiquei ainda mais assustado com a situação.

— Por isso ele tem tanto medo de fazer qualquer coisa, o pai dele é maluco.

— E por que ninguém processa ele? Isso é agressão a menor.

— Ele não quer, eu sempre tentei convencer ele, mas ele não quer.

— Ele não tem que querer nada, ele não faz isso porque tem medo, como você deixa isso acontecer e nunca fez nada? — eu já havia aumentado o tom voz.

— Ei, ei! Vai com calma, eu não tenho culpa. É a decisão dele, não se meta nisso, se eu fizesse algo em relação a isso, o Kihyun nunca mais olharia pra minha cara de novo. Eu e o pai dele somos as únicas pessoas que ele tem, seria difícil pra ele perder qualquer um de nós. — eu o olhei e suspirei — Não se meta nisso, o Kihyun sabe o que faz, apenas confie nele.

— Tudo bem, onde ele está agora?

— Na sala, ele preferiu não sair no intervalo, eu ia no banheiro e vi você levando uma surra.

— Ele me pegou desprevenido. — eu disse e Minhyuk riu novamente.

— Não pegou não. — eu acabei rindo também.

— Por que eles te bateram?

— Bem, eles descobriram que sou filho de empregada e parece que não gostaram muito dessa história.

— Que idiotas. — eu revirei os olhos — Como você estuda aqui? Digo, essa escola é bem cara...

— Meus pais são divorciados, a única coisa que minha mãe cobra do meu pai é que ele financie minha educação.

— Entendo.

— Eu nem ligo muito, só estudava na minha escola antiga e estudo aqui por causa de Kihyun mesmo.

— Vocês são bem próximos, não é?

— Sim, por quê? Sente ciúmes? — ele riu, mas parou assim que me viu meio sem graça — Espera, você sente mesmo?

— Posso te fazer outra pergunta? — perguntei, ignorando o que ele dizia.

— Claro.

— Você também é apaixonado por ele, não é?

— Sim. — ele afirmou e meus sentimentos em relação aquilo eram confusos, senti um pouco de raiva, talvez até... pena. — Mas eu já estou me recuperando.

— O que? Se recuperando?

— Eu já estou esquecendo ele, na verdade, atualmente eu não sinto nada tão intenso.

— Por que está tentando esquecer ele?

— Corrigindo, eu não estou tentando, eu estou esquecendo. — ele me lançou uma piscadela e riu — Kihyun e eu não dariamos certo assim, ele jamais sentiria algo por mim, eu não faria ele feliz desse jeito.

— Por que acha isso?

— Porque eu conheço ele, eu sei do que ele gosta e do que ele precisa, também sei do que eu preciso e sei que não conseguiríamos dar isso um ao outro. — eu não o respondi de imediato, fiquei pensando por alguns segundos.

— Você acha que... Eu deveria tentar esquecer também?

— Não.

— Por que?

— Por que eu nunca vi Kihyun tão feliz e empolgado como quando ele me contou o que havia acontecido entre vocês na noite da boate ou quando ele estava se arrumando pra festa de sexta. Você faz bem a ele Changkyun e poucas coisas fazem bem a ele. — eu não consegui segurar o sorriso ao escutar aquilo e ele se levantou.

— Minhyuk — eu o chamei.

— Sim?

— Você pode fazer um favor pra mim? — eu perguntei e ele assentiu — Entrega isso a ele pra mim? — tirei um origame de coração que havia preparado para Kihyun e entreguei — Mas não diga que fui eu e tente entregar sem ele perceber, por favor.

— Pode deixar. — ele colocou o papel no bolso e se retirou da enfermaria.

A Bad Life [Changki; 2won]Onde histórias criam vida. Descubra agora