51. Kihyun!

489 71 40
                                    

E então eu estava alí, do lado de fora, eu havia saído daquela casa e não teria mais volta.

Comecei a andar o mais rápido possível, que não era muito, já que eu estava carregando um mala e uma mochila, ambas pesadas, mas aquilo não me importou, naquele momento eu só me importava em ir para o mais longe possível daquela casa, já que as chances de o meu pai mudar de idéia eram enormes.

Durante todo o caminho, eu só conseguia pensar em tudo o que já havia acontecido desde o momento em que eu conheci Changkyun. A forma como ele chegou em mim e fez com que eu tivesse coragem de me entregar para ele sem ao menos o conhecer, como ele fez eu me apaixonar em pouco tempo, como insistiu em mim mesmo com todos os problemas e complicações, o bem que ele me fez quando estávamos juntos, tudo.

Em anos, eu só me senti realmente feliz quando o tive por perto, quando o tive me tocando, falando comigo e me observando. Changkyun não precisava de muito para me fazer feliz, ele precisava apenas existir e estar alí, aquilo já era o suficiente para fazer com que eu me sentisse a pessoa mais feliz do mundo.

Com a mesma intensidade em que ele me fazia bem, não tê-lo me machucava, isso fez com que por muito tempo, eu tivesse desejado nunca ter o conhecido, não só por mim, mas também por pensar em todo o mal que eu o fiz, mesmo com os momentos bons, ele não merecia ter passado por nada ruim.

Mais ou menos dois quarteirões longe de casa, próximo à antiga casa de Minhyuk, eu me sentei na calçada e me dei conta de que não tinha para onde ir, eu não sabia aonde era a casa do Jooheon e não tinha celular para chamar algum táxi ou ligar para qualquer outra pessoa, não haviam pontos de ônibus naquele bairro e eu teria que andar muito até encontrar algum, mesmo assim, eu continuaria sem ter para onde ir.

Eu tinha duas alternativas: dormir na rua e esperar até o dia seguinte para falar com Minhyuk e Changkyun na escola, ou voltar para casa.

Minhyuk estava morando com Jooheon, e eu não sabia se ele iria querer me abrigar, ou poderia. E Changkyun, bom, eu não tinha certeza de como eu ficaria com ele.

Depois de alguns minutos sentado na calçada daquele lugar frio e deserto naquele horário, eu me dei conta de que talvez Changkyun tivesse se precipitado ao me mandar aquela carta, talvez ele só estivesse triste por ter perdido Jooheon e não quisesse ficar sozinho, talvez a minha ideia de que ele havia me esquecido e não sentia a mesma coisa por mim, era correta.

Aquilo tudo não se passava de uma incerteza, eu tinha dinheiro, mas sequer sabia ao certo como usaria, eu não deveria ter saído naquele jeito, não deveria ter largado absolutamente tudo por causa de uma carta idiota, escrita por uma pessoa que eu sequer sabia se ainda conhecia depois de tanto tempo. Eu cheguei à conclusão de que aquilo tudo era um erro.

Depois de longos minutos tremendo de frio e chorando, sentado na calçada de uma rua escura e considerada perigosa, os chuviscos já haviam se transformado em uma chuva mais forte e eu me levantei.

Olhei ao redor mais uma vez, uma última vez, tendo certeza de que aquilo tudo foi precipitação, coloquei minha mochila nas costas, ignorando a dor que já sentia naquela região e peguei minha mala, ignorando a dor nos braço e comecei a andar de volta para casa.

Meu pai estava certo, eu era um inútil, não conseguiria me virar sozinho, não era capaz de ir embora, eu voltaria e ele acabaria comigo, como disse que faria. Mas estava tudo bem, eu sabia que algum tempo depois tudo voltaria ao normal e eu teria minha vida de volta, eu não gostava dela, mas era o máximo que eu tinha, o máximo que eu conseguia e merecia.

Vi o farol de um carro que apareceu atrás de mim iluminar a rua, fiquei aliviado, já que aquela escuridão me assustava, mas ao mesmo tempo, senti medo, já que eu estava sozinho, não fazia ideia de quem estava no carro e nem mesmo das intenções dessa pessoa.

Comecei a acelerar meus passos quando o percebi que o carro parou, meu corpo inteiro tremia e eu estava prestes a chorar novamente quando eu escutei uma voz, essa que não me era nem um pouco estranha.

— Kihyun! — eu parei de andar no momento em que o escutei gritar meu nome, meu coração estava acelerado e meu corpo ainda não havia parado de tremer, eu não sabia se era frio ou outra coisa, mas sabia que eu estava nervoso.

Me virei devagar para trás devagar e o encarei, vendo apenas uma imagem embaçada por causa das lágrimas que tomavam conta dos meus olhos.

A Bad Life [Changki; 2won]Onde histórias criam vida. Descubra agora