44. Sim senhor

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Minha tarde foi basicamente a mesma coisa, eu não conseguia me concentrar em absolutamente nada, a única coisa que eu conseguia fazer, era olhar vago ou chorar.

Assim que cheguei em casa, logo avistei meu pai sentado no sofá, eu o olhei por alguns instantes e então decidi me aproximar.

— Boa noite. — o desejei e ele me ignorou — O senhor já jantou? — perguntei e fui ignorado novamente.

Me dirigi até a cozinha e procurei algo pronto para comer, mas não encontrei nada, estranhei, já que a cozinheira sempre deixava comida pronta para mim, mesmo que eu não comesse na maioria das vezes.

— Pai, não tem nada pra comer? —perguntei ao voltar para a cozinha e ele bufou.

— Não me chame assim.

— Mas você nunca se importou com isso.

— Isso era antes de você me envergonhar daquela forma.

— Por que está me tratando assim? Eu já pedi desculpas, ja aprendi a lição, aquilo não irá se repetir, eu já me afastei dele, eu não sei mais o que fazer para o senhor parar de tratar assim.

— Eu já te tirei do curso, estou procurando outro, você ficará na biblioteca durante o tempo que ficaria no curso por enquanto.

— Sim senhor. — ele continuou sem me olhar, encarando a televisão — Eu posso lhe pedir uma coisa?

— Não.

— Por favor...

— O que você quer Kihyun?

— O senhor pode pedir pra me trocarem de turma na escola?

— Por quê?

— Alguns meninos estão implicando comigo. — menti.

— Você pode lidar com isso.

— Mas... isso atrapalha o meu rendimento.

— Ta, tudo bem. Eu vou dar um jeito nisso. Amanhã mesmo você já deve poder ir para outra turma.

— Obrigado. — eu o observei por alguns instantes e suspirei — Pai?

— O que você quer agora, Kihyun?

— Eu te amo.

— Faça um sanduíche pra você ou coma algo da dispensa. — ele se levantou e andou até às escadas, me ignorando novamente.

Eu fiz o que ele havia dito: fui para a cozinha, fiz um sanduíche e o comi. Me dirigi até meu quarto e logo tomei um banho, meu corpo ainda estava muito dolorido, mas não tanto quanto antes.

Estava guardando meu uniforme já dobrado no armário quando deixei que minha gravata caísse, eu me abaixei com dificuldade por causa da dor e a peguei. Ao me levantar, bati com a cabeça no armário, fazendo com que uma caixa que se encontrava na prateleira de cima, caísse. Eu chiei por ter que abaixar de novo e assim que olhei para a caixa, me lembrei de que era o lugar onde eu havia guardado os origames que Changkyun me dera, fazia muito tempo que eu não recebia um daquele, ele não me mandava mais, já que nós já estávamos juntos e tudo o que ele tinha para dizer, podia ser dito pessoalmente.

Eu me abaixei novamente, mas dessa vez, sem dar atenção a qualquer dor. Recolhi os papéis e guardei na caixa, eu pensei em guarda-los, mas ao invés disso, me sentei na cama e esvaziei a caixa, colocando todos os origames sobre o lençol.

Fiquei horas apenas observando aqueles papéis e relendo os recados inúmeras vezes, chorando vez ou outra e às vezes até deixando um sorriso escapar ao lembrar dos bons momentos.

A Bad Life [Changki; 2won]Onde histórias criam vida. Descubra agora