34. Tudo

429 62 12
                                    

— Tudo bem, chega — eu disse rindo e ele parou de distribuir os beijos pelo meu rosto — Me de uma calça...

— Nossa, já está pedindo mais presentes? Não acha que está sendo muito exigente?

— Pare de ser bobo, você entendeu. Eu preciso de uma calça.

— Não. — eu arqueei uma sobrancelha — Suas pernas são tão lindas, eu realmente gosto delas, não as esconda de mim... — pensei em contestar, mas ele parecia ter sido muito sincero, estava se tornando cada vez mais difícil dizer não à Changkyun.

— Eu preciso estudar, tenho uma prova importante no curso de matemática semana que vem. — ele suspirou e me selou, segurou minha mão e nós voltamos para o quarto, eu me sentei na mesa de estudos e logo comecei a retirar meu material da mochila, eu não queria perder mais tempo, estava realmente preocupado com a prova, não queria problemas com meu pai de novo.

— Vou fazer algo pra gente comer, tudo bem? — ele disse ao acariciar meu cabelo, eu assenti e ele saiu do quarto.

Abri meus livros e cadernos nas páginas onde eu havia parado durante a madrugada, já que como eu geralmente fazia, estudei até bem tarde no dia anterior. Aquelas letras e números eram como uma língua completamente diferente para mim, talvez uma das matérias mais difíceis que eu já havia tido. Eu não conseguia aprender aquilo de jeito nenhum, sentia meu coração apertar e uma sensação de desespero tomar conta de mim. Senti meus olhos marejarem e respirei fundo, eu me sentia um idiota em querer chorar por causa daquilo, fiquei encarando aqueles papéis por longos minutos até que não consegui mais resistir, apenas apoiei meus braços sobre a mesa e minha cabeça nos mesmos, deixando que as lágrimas insistentes caíssem. Escutei a porta abrir, ergui meu corpo rapidamente e comecei a secar meu rosto com as mangas do moletom, em uma tentativa falha de fazer com que Changkyun não percebesse que eu chorava, eu não queria que ele achasse que eu era um idiota.

— Ei, o que houve? — ele perguntou ao correr até mim e colocar o prato que carregava em cima da mesa.

— Nada.

— Não minta para mim Kihyun, você estava chorando? O que houve? — eu não o respondi, apenas virei o rosto, eu não queria que ele me visse daquele jeito — Foi alguma coisa que eu disse ou fiz? Eu te machuquei? — ele perguntou em um tom preocupado e eu o olhei negando com a cabeça

— Não, não tem nada a ver com você, eu só... — olhei para os livros e suspirei — Estou a uma semana tentando aprender isso, eu só tenho mais uma semana até a prova e ainda não consegui entender nada, eu estou ferrado. Eu não queria chorar por causa disso e nem te preocupar, me desculpa, eu sou um idiota. — eu abaixei a cabeça e ele se agachou ao meu lado.

— Ei, nunca mais ouse se ofender assim, entendeu? — ele disse como se me desse uma bronca — Não precisa se desculpar, isso é normal, você estava nervoso — o senti acariciar meu cabelo e o olhei — Está tudo bem. — ele disse sorrindo e eu assenti — No que você tem dificuldade? — perguntou olhando para os livros e cadernos sobre a mesa.

— Tudo. — ele riu e se levantou.

— Me deixe sentar — eu não entendi direito, mas me levantei e então ele se sentou, pegou meu lápis e começou a resolver uma das questões, ele fazia parecer tão fácil, escrevia sem parar, era como se já soubesse a resposta e apenas a repassasse para a folha. Eu o olhava boquiaberto, tentava entender o que ele fazia, mas falhava.

— Você conseguiu? — perguntei assim que Changkyun parou de escrever e ele assentiu — Como?

— Meu pai é engenheiro, sempre foi um mestre em exatas, então sempre me influenciou a ter interesse por isso e me ajuda quando preciso.

— Você... pode me ensinar? — ele assentiu, arrastou um pouco a cadeira para trás e deu patidinhas em sua coxa, insinuando que eu deveria me sentar em seu colo, assim eu fiz e logo senti seus braços envolverem minha cintura.

— Eu te ensino, mas só com uma condição.

— Qual?

— A cada questão que eu te ensinar a fazer, eu quero um beijo. — eu tive vontade sorrir ou rir, mas segurei e virei o rosto, o olhando pelo canto dos olhos

— Eu não sei se posso fazer isso — eu disse e ele riu — Não tenho outra opção?

— Não, essa é a única. — eu ri e o selei

— Vamos logo, por favor, nós já perdemos muito tempo

— Nós podemos comer enquanto isso? — eu assenti, peguei o prato  que ele havia colocado sobre a mesa e o aproximei — O que você come quando vai à biblioteca?

— Geralmente nada.

— O que? Kihyun, você é maluco?

— Eu não costumo sentir fome, acabo esquecendo de comer.

— Coma. — ele disse em um tom de ordem ao pegar um dos sanduíches e me entregar, parecia ter ficado irritado com o que eu havia acabado de contar — Nunca mais se atreva a ficar sem comer, entendeu? — eu não o respondi, apenas assenti enquanto mordia o sanduíche.

A Bad Life [Changki; 2won]Onde histórias criam vida. Descubra agora