45. Isso é mentira

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Se passaram cinco meses desde que meu pai me viu com Changkyun. Ele voltou a me tratar normalmente depois de algumas semanas e eu estava me esforçando o máximo para não desaponta-lo. Eu apanhei apenas cinco vezes e depois de algumas semanas, meu pai voltou a permitir que eu ficasse próximo de Minhyuk, que havia se transferido de turma comigo e sempre que meu pai permitia, ia para minha casa, claro, sendo muito mais monitorados do que éramos antes.

Eu via Changkyun apenas na hora da saída e nas raríssimas vezes em que ele saía da sala no intervalo. Assim como eu, ele não parecia nada bem. Wonho e Hyungwon pareciam não estar muito felizes comigo, eu até tentei acenar para eles algumas vezes, mas fui ignorado em todas elas.

Naquele dia, era meu aniversário. Eu nunca fui muito de comemorar meu aniversário e nem fazia festas, isso porque meu pai não se importava com esse tipo de coisa e meu único amigo era Minhyuk, então não tinha sentido fazer algo. Minhyuk ficava animado em aniversários, mas dessa vez, ele estava muito mais agitado do que o normal, enquanto eu, estava bem mais estressado e chateado. Ele fez questão de ir até minha casa para irmos até a escola juntos e não parou de falar um minuto sequer.

— Eu vou te levar a vários lugares e você vai poder comprar bebida pra gente. Vai ser incrível! Você pensou sobre os apartamentos que pesquisei pra você? Tenho certeza de que ao menos algum daqueles cabe no seu orçamento, se não couber está tudo bem, minha mãe com certeza deixaria você ficar lá em casa, pelo menos por um tempo — ele dizia sem pausas, em um tom baixo o suficiente para que o motorista não escutasse, mas eu sim.

— Minhyuk. — eu o chamei  — Nós já conversamos sobre isso inúmeras vezes, eu já disse que não sei se vou querer sair de casa agora, mesmo já sendo de maior.

— Kihyun, poder sair de casa no seu caso não é luxo, é livramento.

— Eu não quero sair, eu já disse que não quero.

— E você vai continuar apanhando igual a um idiota por qualquer coisa que você faça? Você não querer denunciar ele por ser seu pai eu até entendo, mas continuar nessas condições sem necessidade? Isso já é idiotice, Kihyun.

— Então talvez eu seja um completo idiota.

— É, você realmente é.

— Ele é a única coisa que eu tenho.

— Isso é mentira, você tem tem a mim, Kihyun.

— Por quanto tempo? — senti meus olhos marejarem e tentei segurar  as lágrimas — Ele é a minha única família, é a minha única certeza, eu sei que ele só faz o que faz porque me ama e quer que eu o obedeça. Ele já tem tudo planejado pra mim, se eu fugir dele, eu não vou saber o que fazer, ele quem me priva de fazer coisas das quais eu me arrependeria depois.

— Eu também sou uma certeza para você, Kihyun. Nós vamos resolver tudo isso juntos, tudo bem? Eu vou estar aqui com você, independente do que aconteça.

— Até mesmo se eu quiser continuar com a vida que tenho? — o carro estacionou na frente da escola e Minhyuk suspirou.

— Independente do que aconteça. Você é o meu melhor amigo Kihyun, eu vou sempre estar aqui pra você. — ele retirou um papel do bolso e me entregou.

— O que é isso?

— É uma conta que fiz pra você em uma rede social, você não precisa do celular pra usar, quando seu pai deixar você usar o computador, pode falar comigo por ela.

Eu guardei o papel e abracei Minhyuk, mas logo me afastei quando percebi que o motorista nos observava pelo retrovisor. Nós nos retiramos do carro e assim que entramos na escola, eu tive uma surpresa que teria sido agradável, em outra história.

A Bad Life [Changki; 2won]Onde histórias criam vida. Descubra agora