Lembrando: colocarei * antes e depois de cenas de agressões físicas para caso alguém não goste/não se sinta bem lendo esse tipo de coisa.
Boa leitura!❤
"Você é um covarde", essas palavras se repetiram na minha cabeça inúmeras vezes durante todo o meu caminho de volta para casa. Eu estava com medo, na verdade, eu estava desesperado. Eu sabia que realmente era um covarde e odiava isso, escutar aquilo saindo da boca de Changkyun foi muito pior do que qualquer outra vez em que eu repeti para mim mesmo. Assim que o táxi parou na porta da minha casa, toda a coragem que juntei para enfrentar o que vinha em seguida, desapareceu. Eu queria enganar a mim mesmo, tentar me convencer de que eu não era covarde, mas eu não conseguia.Paguei o taxista e me retirei do carro, andei até a porta da casa devagar e reparei que ela não estava trancada. Assim que abri a porta, avistei meu pai sentado em uma das poltronas, ele me encarou e a raiva era nítida em seu rosto, assim como o meu medo, me aproximei lentamente e ele se levantou.
— Onde você estava?
*
— Me desc... — comecei a dizer, mas parei assim que senti um tapa forte em meu rosto.— KIHYUN — ele gritou meu nome e segurou meus braços, a dor que eu sentia enquanto suas unhas não tão curtas penetravam minha pele mesmo com o tecido tá blusa alí era tanta, que eu quase esqueci da ardência em meu rosto — Onde você estava?
— E-Eu fui em uma festa. — eu disse enquanto falhava na minha tentativa de não chorar e ele me jogou no sofá.
— Você foi em uma festa? — ele perguntou e eu logo senti tapas no meu corpo e em meu rosto. Como sempre, ele não se importava com onde atingia, apenas descontava a raiva dele, sem se preocupar com como estava fazendo isso. — EU ME MATO DE TRABALHAR PRA TE DAR UMA EDUCAÇÃO DE QUALIDADE E VOCÊ ME RETRIBUI FUGINDO DE CASA PRA IR EM FESTAS KIHYUN? — ele gritava e continuava me batendo, intercalando suas ações entre tapas e socos por todo o meu corpo e no rosto também, quando eu falhava em protegê-lo. — E QUE ROUPA RIDÍCULA É ESSA? — ele puxou minha blusa com força, rasgando a mesma e me arrastando um pouco como consequência.
Ele se afastou e eu permaneci com o rosto escondido em meus braços, ele ter parado de me bater e se afastado não me acalmou, muito pelo contrário, eu fiquei ainda mais desesperado, pois já sabia o que viria em seguida: o cinto.
Senti o primeiro golpe na região da cintura e gritei, os outros foram mais focados nas pernas, mas vez ou outra atingia meus braços ou costas também, ele realmente não ligava pra onde me atingia e eu apenas chorava e protegia meu rosto. O barulho do cinto batendo contra meu corpo era relativamente alto e eu sentia como se minha pele fosse rasgar a cada golpe.
Quando ele terminou, algumas partes do meu corpo estavam dormentes, enquanto em outras, eu sentia uma dor absurda. Ele me virou para ele, agarrou meu cabelo e se aproximou mais.
— Nunca mais fuja de casa. — ele disse sério e com a voz e expressão facial assustadoras que eu tanto detestava — Nunca mais sequer minta pra mim e nunca mais vista esse tipo de coisa. Você entendeu? — eu assenti devagar e ele apertou ainda mais meus fios entre seus dedos — VOCÊ ENTENDEU?
*— S-S-Sim senhor. — ele me soltou e pegou meu celular, que havia caído do meu bolso.
— Isso vai ficar comigo por enquanto. Vá dormir.
— Sim senhor. — eu observei ele subir as escadas e me levantei devagar e com dificuldade por causa da dor que eu sentia.
Meu corpo inteiro doía, manquei até às escadas deixando alguns gemidos de dor escaparem e subi devagar, me apoiando no corrimão. Assim que cheguei em meu quarto, deitei em minha cama, eu não conseguia e nem queria fazer nada além de chorar. A duas horas atrás, Changkyun estava prestes a me levar ao paraíso e em um piscar de olhos, eu voltei ao mesmo inferno de sempre.
Eu passei a maior parte da madrugada chorando, eu não sabia que horas eram quando eu finalmente consegui parar e mesmo depois que contive minhas lágrimas, não consegui dormir. Um milhão de coisas passavam pela minha cabeça, eu pensava na forma como havia tratado Changkyun mal mais uma vez, como eu provavelmente fiz mal a ele, pensava nas coisas que havia falado para ele antes de tudo desmoronar de novo, pensava no meu pai e na dor que eu sentia toda vez que me movia rápido demais na cama, pensava no jeito em que encontrei Minhyuk, sendo segurado por aqueles garotos e em como eu não podia fazer absolutamente nada para evitar, eu pensava em tudo. Minha cabeça estava uma bagunça e o sol já estava nascendo quando eu finalmente peguei no sono.
Quando acordei, senti um pouco de dor ao me levantar, andei devagar até o banheiro e logo me despi. Algumas manchas roxas haviam aparecido pelo meu corpo, meu rosto também tinha algumas e um machucado no canto da boca, pegando tanto o lábio inferior, quanto o superior. Eu entrei no box, liguei o chuveiro e tomei um banho demorado.
O fim de semana foi normal, passei ele estudando, ou pelo menos a maior parte dele, já que vez ou outra eu pegava o origame de coração que Changkyun havia me dado e ficava horas o observando. Quando cheguei na escola segunda-feira, eu estava nervoso, não queria olhar para Changkyun depois do que havia acontecido naquela festa, mas eu não tinha outra opção. Entrei na sala, logo avistei os meninos sentados no lugar de sempre, mas eu os ignorei e me sentei em uma das carteiras do canto, onde eu havia sentado no primeiro dia de aula. Minhyuk logo se aproximou e se sentou ao meu lado.
— Eu não acredito que seu pai descobriu Kihyun, você está bem?
— Sim.
— Tem certeza?
— Sim, não precisa se preocupar. — eu disse e o olhei, tentando forçar um sorriso — E você, está bem?
— Eu estou ótimo! — ele me respondeu e deu um sorriso, que ao contrário do meu, parecia sincero.
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A Bad Life [Changki; 2won]
FanfictionKihyun tinha a vida centrada e organizada, sempre obedecendo seu pai, achando que sua vida era normal e correta, até conhecer alguém que mudará completamente a sua visão de mundo, o que pode ser bom, mas o trará consequências. [Mesmo universo de "A...