— A Júlia! Ela ficou preocupada e... Ela tava até perguntando o endereço do hospital pra vir aqui ver você!
— Ela vai vir aqui quando? — me interessei.
— Ela não disse o dia.
No fundo, eu tinha uma queda por ela, eu não teria assumido 100 gramas de maconha se fosse outra pessoa, mas era a Júlia. Eu não ia deixar ela assumir tudo sozinha, não ia conseguir dormir sabendo que ela estava presa. Esse foi o principal motivo de eu ter assumido tudo sozinho.
Ninguém sabia que eu gostava dela, mas o meu padrasto desconfiava.
A porta do meu quarto abriu e a minha mãe entrou, ela veio até mim sorrindo e beijou a minha testa.
— Tá se sentindo bem?
— Tô.
Ela passou a tarde comigo, e quando anoiteceu o meu pai ficou comigo pra minha mãe ir descansar um pouco.
— Amanhã eu vou ficar aqui de novo, não precisa vir se não quiser. — disse olhando pro meu pai.
Eu pensei que o meu pai iria bater nele, ou que eles fossem discutir, igual sempre fazem, mas o meu pai apenas assentiu. A minha mãe me deu outro beijo na testa e o meu padrasto fez o mesmo.
Ficamos só eu e o meu pai no quarto. Ele ficou em silêncio me olhando.
— A Júlia vai vir me visitar. — disse puxando assunto.
— Ela te disse?
— Não, o Fraga me disse.
Ele olhou pra baixo e me olhou sério, o que me fez fica sério junto.— Ela não é boa companhia pra você.
— Ela é legal, pai.
— Não tô falando que ela não seja, nem sei como ela se comporta, eu só quero o seu bem. Já esqueceu o que ela fez?
— Eu não esqueci, só que não é por causa daquilo que a nossa amizade vai acabar!
— Amizade? É amizade ela ter deixado você assumir tudo aquilo sozinho? — disse calmo, porém, sério.
— Ela tinha dito que ela era a dona antes do senhor chegar lá, eu assumi porque eu quis! Eu não ia deixar ela na cadeia sabendo que eu podia ajudar!
— Tá, e quando ela vier te visitar vai fazer o que? Ela vai trazer 100 gramas de maconha de lembrança pra você por acaso?
Eu apenas olhei pra baixo por alguns instantes e o olhei de volta.
— Acho que ela não vai trazer nada. —disse sorrindo de canto de boca.
Ele me olhou sério e logo após sorriu de canto de boca também, ele pousou a mão na minha perna e fixou o olhar em mim.
— Fiquei com tanto medo de te perder, meu filho... — disse ficando sério, com os olhos cheios de lágrimas.
Inevitavelmente meus olhos lacrimejaram também e eu me sentei na cama com um pouco de dificuldade, estiquei meu braço e quando ele pegou na minha mão, eu o puxei pra abraçá-lo.
— Me desculpa se eu nunca te dei a atenção que você merece. — disse chorando.
Não disse nada, apenas fiquei com o rosto afundado no peito dele. Ele ficou acariciando meu cabelo e sussurrando que me amava.
— Também te amo, pai! — disse ainda abraçado nele.Ficamos abraçados 2 minutos, coisa que nunca tínhamos feito antes. Eu sei que vai parecer loucura, mas por um lado, ficar a beira da morte foi bom.
Agora o meu pai iria querer ficar mais e mais comigo.
2 semanas depois
Eu já estava em casa, mas eu não podia fazer esforço e o que mais tinha era remédio pra eu tomar.
Eu não podia fazer muita coisa, então eu dormia, via TV, comia...
Bem sedentário!
Eu saí do hospital e a Júlia não tinha ido lá, eu coloquei muita expectativa desnecessariamente. Ela até se importava, mas não tanto assim.
— Bebe água! — disse vindo com uma garrafinha até a minha direção.
— Tô cheio de água. — disse colocando a garrafinha no chão, do lado da cama.
— Filho, você precisa beber água, ainda mais agora que...
Ela ficou em silêncio por alguns segundos.
— Ainda mais agora o que? Ainda mais agora que eu não tenho um rim? — disse um pouco ríspido.
— Não fala assim, Rafa! Tá sendo difícil pra todos nós. — disse um pouco melancólica.
— Mas quem tomou o tiro foi eu!
Ela me olhou séria, deu um longo suspiro e levantou da minha cama.
— Bebe a sua água, Rafa!
Eu olhei pra ela e olhei pra baixo. Peguei a garrafinha e bebi a metade da água.
— Já bebi! Pode ir agora.
Ela me ficou me olhando por alguns segundos e saiu do quarto. Admito, fiquei um pouco irritado por causa da superproteção exagerada que ela estava tendo comigo. Na verdade, tudo o que tinha acabado de acontecer comigo estava me estressando, mas eu não quis chatear ela.
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Tropa de Elite 3: Tal Pai, Tal Filho.
Action(apresentação dos personagens no último capítulo + fotos) A história retrata a vida de Rafael Nascimento, filho do então coronel do BOPE (Batalhão de Operações Policiais Especiais), exonerado, Roberto Nascimento, que foi baleado por engano em uma da...