Capítulo 21

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Eu nunca fui guiado pela paixão a uma profissão, eu sempre fui guiado pelo dinheiro que a profissão poderia me proporcionar. Antes de eu escolher qualquer curso, eu estava vendo se daria um bom futuro pra mim e Direito se encaixou perfeitamente ao meu modo de pensar.

Eu faria esse curso pra me formar juíz, eu nunca tinha pensado nisso antes, mas a vida é sempre imprevisível, então eu dei uma chance pra mim mesmo.

— Cê vai ter que passar a madrugada estudando as vezes, eu fazia isso pra caralho.

— É... Eu sei! — disse rindo.

Ficamos em silêncio e logo eu comecei a falar.

— O BOPE te cobrou isso?

— Isso o que?

— O curso.

— Pra entrar pra polícia e depois no BOPE não precisa de ensino superior. Só precisa do médio. Eu que pensei lá na frente e quis fazer o curso. Eu fiquei com medo de sair da polícia e não ter nada pra eu fazer depois, não ter emprego pra me sustentar, pra sustentar a minha família que na época era só a sua mãe. — disse me olhando.

Quando ele falou isso, eu percebi um pouco de tristeza no falar dele, no olhar dele.

— A sua mãe me ajudou pra caramba. Ela me apoiou em tudo, me apoiou até no dia que eu decidi entrar pro BOPE. — disse olhando pro chão.

Fiquei em silêncio, eu não tinha o que falar, eu só fiquei na minha, olhando pra ele.

Ele suspirou e me olhou sorrindo de lado.

— Se um dia cê precisar de ajuda, cê fala, eu te ajudo.

— Eu vou te pedir ajuda sempre então. — disse rindo.

Ele riu e me abraçou. Eu estava muito próximo do meu pai, mais próximo dele do que da minha mãe.

O Fraga tinha me ajudado a fazer o currículo e eu trabalhava, tinha pouco tempo de casa, mas eu já tinha ganhado o meu primeiro salário.

Eu ganhava por mês mil e cem, era muito pra mim que não morava sozinho, mas ao mesmo tempo era pouco.

Meu pai sabia que eu estava afim de morar sozinho, ele foi a primeira pessoa que soube. Não tinha como eu comprar um apê ganhando só mil e cem, ele me ajudava me dando mesada, todo mês ele depositava na minha conta trezentos reais. Só aquilo estava ótimo.

Minha mãe não me ajudava em nada, ela só colocava na minha cabeça que eu não precisava sair de casa agora.

Que eu podia morar eternamente com ela, a mesma coisa era o Fraga.

Já o meu pai, não. Ele me apoiou pra caramba, e antes de eu ter começado a trabalhar, ele já me dava a mesada. Ele começou a me dar dês do dia que eu disse que eu queria morar sozinho.

Eu tinha marcado de sair com a Mavi, ultimamente eu estava saindo bastante com ela, a gente havia ficado novamente duas semanas depois da praia, desde então a gente saía pra vários lugares, principalmente pra orla, ela amava andar de long, eu tinha um long encostado, quase não usava, comecei a usar por causa dela.

Tropa de Elite 3: Tal Pai, Tal Filho.Onde histórias criam vida. Descubra agora