Capítulo 10

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Dias depois

Acordei com o meu celular tocando e vi que era o meu pai, demorei um pouco pra raciocinar e atender, mas logo o fiz.

— Oi. — disse com a voz embargada.

— Acordando agora?

— É, tá tudo bem?

— Tá. Te liguei pra te perguntar... Quer sair?

Mais surpreso que o meu pai quando escutou que eu queria passar o final de semana com ele, só eu quando escutei que ele estava me convidando pra passar o final de semana com ele.

O meu pai raramente tomava iniciativa de algo, isso era natural dele.

— Óbvio! — disse pulando da cama.

— Tava pensando da gente rolar lá na academia, que que cê acha?

— Você não foi exonerado? Pode mesmo assim?

— Tem nada a ver, eu posso entrar lá ainda.

— Tá marcado então!

Conversamos por mais uns minutos e nos despedimos.

Dias depois

Chegamos na sede do BOPE, eram nove da manhã, meu pai estacionou o carro e entrou na frente.

Fiquei um tempo no carro e como eu já sabia o caminho, só fui pro dojô.

— Monta! — disse deitando no dojô.

Eu gostava de passar o tempo assim com o meu pai, ele gostava de me ensinar técnicas. Ficamos por volta de uma hora seguida treinando, eu me senti renovado depois de fazer o que eu não fazia há tempos, depois de fazer o que eu realmente sabia e gostava.

— Bebe a água. — disse me dando a garrafa.

— Como que o senhor ainda entra aqui? — levei a garrafa até a boca.

— Eu só parei de trabalhar como policial, não tô proibido de entrar aqui. — riu.

Ri e me deitei no dojô.

— Fiquei sabendo que cê saiu com a Júlia... — disse ficando em pé e me olhando.

— Minha mãe te contou?

Ele riu e pegou no meu braço, me ajudando a levantar mesmo sem eu ter pedido.

— Aconteceu alguma coisa? — disse rindo.

— Olha a cara dela de quem ficaria com um garoto de dezesseis! — disse rindo.

— Tu sabe o gosto dela?

— Não, mas...

— Então pronto! — me interrompeu, rindo.

Apenas ri e ele me deu uma banda. Ficamos rolando por mais uma hora e depois saímos do dojô. Meu pai foi falar com alguém e eu fiquei esperando ele.

Ele voltou falando com um pessoal, que nem se aproximaram de mim, e fomos pro carro.

— Seus amigos?

— Isso! — disse ligando o carro.

Bateu uma curiosidade de saber como funcionava pra entrar pra polícia, mas foi só curiosidade.

— Como o senhor entrou?

— Entrei pra onde?

— Pra polícia.

Ele me olhou um pouco surpreso e voltou a olhar pra pista.

— Fiz Direito Criminal, mas não é obrigatório, só precisa ter o ensino médio completo. Aí eu fiz o concurso pra PM, passei e fiz o curso do BOPE. Foi praticamente isso.

— A prova é difícil?

— Não existe prova fácil, existe prova que você conhece melhor que outras.

— Ah...

— Por que? Tava pensando em, sei lá, fazer?

— Não, não. É curiosidade mesmo.

— Hm.

Fomos pra casa do meu pai e eu fiquei lá por horas, depois eu voltei pra minha mãe.

Mantive a mesma conversa com o meu pai por meses, estava sempre tentando saber um pouco mais sobre os concursos e tudo mais.

Eu me formei com dezesseis no colegial, eu só não comecei a fazer uma faculdade porque eu não me interessei muito, mas por incrível que pareça eu estava me interessando aos poucos.

Dias depois

Eu faço aniversário em novembro, dia quinze. Já tinha feito dezessete há uns dois dias e no lugar de uma festa, eu quis só ficar em casa, bem quieto.

Estava no sofá, bem à vontade, e a campainha tocou.

— Atende, por favor! — minha mãe gritou da cozinha.

Fui até a porta e quando abri, era o Fraga com a Júlia segurando um bolo caseiro. Ela sorria abertamente e como ela me intimidava, eu falei com o meu padrasto primeiro.

— Cê não pediu nada, mas... Tomamos a liberdade de fazer isso pra você! — disse sorrindo.

Olhei pra Júlia que passou o bolo pro Fraga e me abraçou forte, demorei pra corresponder, mas fiz.

— Feliz aniversário atrasado! — disse calorosa.

— Obrigado! — sorri.

Ela ficou me encarando por uns três segundos, que pra mim pareceu uma eternidade.

— Quer entrar?

— Claro que ela vai entrar! — Fraga puxou ela pra dentro de casa.


A minha mãe veio da cozinha, secando as mãos, e parece que quando ela viu a Júlia, tomou um choque. Ela ficou a encarando séria e deu pra sentir o desconforto da Júlia de longe.

Tropa de Elite 3: Tal Pai, Tal Filho.Onde histórias criam vida. Descubra agora