Tropa de Elite 3: Tal Pai, Tal Filho.

Capítulo 37

O Fraga estava na cozinha, só que ele apenas sorriu de lado quando me viu, não aguentei e tive que questionar.

— Não vai me dar os parabéns? — disse descontraído.

— Parabéns. — disse sério.

Fiquei em silêncio por uns segundos sem entender muito.

— Não tá feliz por mim? — disse colocando o copo na pia.

— Tô, tô feliz sim. Uma nova conquista sua.

— Então por que cê tá tão sério? — disse o olhando.

— Só não tô satisfeito com a sua escolha. — disse saindo da cozinha.

Fiquei na cozinha parado por uns segundos e depois eu o segui.

— Não tô entendendo você, sério.

— Você se sucumbiu a uma força opressora, Rafael. Logo você que... Que tinha horror de policial. — disse desapontado.

— Tá falando sério? — disse rindo.

— Tô falando sério.

Fiquei surpreso e respirei fundo pra responder.

— Fraga, eu era uma criança quando não gostava de policial. Não tem nada a ver você falar de uma coisa do passado.

— Mas você lembra por que você não gostava?

Quando eu ia falar algo, ele me interrompeu.

— Você achou aquilo que o seu pai fez um absurdo! Não sei se você lembra, mas ele ordenou o massacre que aconteceu em Bangu Um. — disse alterando a voz.

— Mas eu cresci, eu tenho minhas opiniões e não é você que pode mudar isso. — disse alterando a voz também.

— Gente, o que tá acontecendo? — minha mãe disse chegando na sala.

Fiquei em silêncio e olhei pra ela.

— Nada, a gente só tava conversando.

— Cê é um comédia. — disse rindo dele.

Ele estava claramente chateado comigo, mas eu não estava ligando. Fiquei lá por quase três horas.

— Mãe, eu vou ter que ir, outro dia eu volto e fico com mais calma.

— Mas já, Rafa? Cê acabou de chegar.

— Eu fiquei bastante tempo hoje. Eu volto essa semana.

Ela assentiu um pouco cabisbaixa e me levou até a porta.

— Tchau, bom trabalho. — disse irônico.

— Só pra constar, Fraga. A sua opinião nunca me importou, você não é o meu pai. — disse olhando pra ele.

— Que isso, gente?!

Não respondi ela e fui embora.