A minha mãe soltou um "hum" e foi pra cozinha junto a ele.
A sexta tinha chegado e eu ainda nem tinha arrumado a minha mochila, só me dei conta quando o meu pai ligou pra minha mãe falando que já estava perto.
— Deixa que eu arrumo, filho! Faz muito esforço não.
— Eu sei me virar, pode deixar que eu faço! — disse extrovertido.
Esqueci que eu não podia agachar e assim que eu fui pegar a minha mochila senti uma pontada forte em cima do corte da operação, foi impossível não expressar dor naquele momento.
— Ai, ai, ai! — fechei os olhos forte e coloquei a mão em cima do curativo.
— Rafael! — disse preocupada e me ajudando a levantar por inteiro.
Ela me deitou na minha cama, e pegou o remédio pra eu tomar.
— Por que que você agachou, Rafael?! Eu disse que ia fazer a sua mochila, garoto! — disse virando o copo de água na minha boca.
Ainda conseguia sentir o corte fisgando. Comecei a suar frio de dor e ela ficou fazendo carinho no meu cabelo.
— Já vai passar, meu amor! Calma, calma. — disse mexendo no meu cabelo.
Fiquei trêmulo e um pouco gelado. Ela ficou fazendo carinho em mim por uns 3 minutos.
— Tá melhor?
— Tô. — disse ofegante.
— Espera um pouco que eu vou ligar pro seu pai. — disse indo até a porta do meu quarto.
A dor estava passando mas eu sentia a fadiga cada vez mais intensa. A minha mãe pegou seu celular e ficou em silêncio, esperando meu pai atender.
— Beto, o Rafa acabou de sentir muita dor. Deixa pra próxima.
— Não, mãe! Foi porque eu agachei, eu tô bem. — disse alto, na esperança que o meu pai escutasse.
Ela me olhou e continuou falando com o meu pai.
— Tá, tá bom. Quer falar com ele?
— Me dá o celular! — disse tentando levantar.
— Não, não! Deita! Tá maluco? — disse vindo até mim e empurrando bem devagar o meu peito.
Fiquei deitado esperando ela parar de falar com o meu pai e depois de 2 minutos ela me passou o celular.
— Pai, eu tô bem! Pode vir me buscar. Eu agachei, por isso senti um pouco de dor, mas já foi embora. — disse rápido, sem deixar ele falar.
— E por que você agachou? Sabe que não pode, Rafa.
— Eu tava fazendo a minha mochila pra ficar com você.
Ele ficou em silêncio e eu também.
— Vou ir aí pra ver o seu estado, só te trago se estiver melhor. Combinado?
— Combinado!
— Então tá, tô indo.
Sorri abertamente e me despedi do meu pai.
— Ele tá vindo!
A minha mãe me olhou e logo em seguida suspirou.
— Seu pai não faz nada que eu mando. — disse séria, um pouco impaciente.
Nem sei o que me deu, só sei que eu quis falar o que me deu vontade e eu falei.
— Ah, mãe! Você não sabe se fica puta porque ele não me dá atenção ou porque ele tá me dando atenção, decide! — disse rispidamente.
Ela me olhou séria, então eu reparei, tinha falado bem grosseiramente.
— Rafael, me respeita! Eu não sou sua amiga, sou sua mãe! Quê que deu em você?!
Percebi que havia sido grosseiro desnecessariamente.
— Desculpa. — disse baixo e a olhando.
Ela me olhou de volta e pegou minha mochila.
— Deixa que eu arrumo isso!
Não disse nada, apenas desviei o olhar dela pra TV.
Eu amava a minha mãe, mas às vezes eu não a entedia! Já tinha escutado mil discussões dela com o meu pai, o mesmo assunto de sempre! "Você não dá atenção pra ele.", "Não sei se você sabe, mas você é pai!". Aquilo me cansava, aí quando eu senti uma dorzinha, ela tentou cancelar meu encontro com ele e quando não conseguiu, ficou irritada.
Meu pai chegou 30 minutos depois.
Vi ele falando com a minha mãe, e aí eu escutei ele falando o meu nome.
Fui até ele e não disse nada, só o abracei forte.
— E aí? Tá tudo pronto pra partir?
— Aham!
A minha mãe me olhou e voltou a olhar pro meu pai.
— Ele tá com a língua afiada, vive me respondendo agora. — disse cruzando os braços e me encarando.
Meu pai me olhou sério e olhou pra minha mãe.
Eu desviei o olhar deles e fiquei olhando pra TV.
— Você não tem boca pra falar isso pra ele? Tem que me falar pra eu resolver? — disse ríspido.
— Deixa de ser ignorante, Roberto! Eu só tô te falando! Ele é seu filho também, você tem que falar com ele também! — disse aumentando o tom de voz um pouco.
— Me poupa de discussão hoje, eu tô cansado, não tô nem um pouco afim de escutar desaforo.
— Você nunca vai mudar, né? — disse em um tom triste e o encarando.
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Tropa de Elite 3: Tal Pai, Tal Filho.
Akcja(apresentação dos personagens no último capítulo + fotos) A história retrata a vida de Rafael Nascimento, filho do então coronel do BOPE (Batalhão de Operações Policiais Especiais), exonerado, Roberto Nascimento, que foi baleado por engano em uma da...