Capítulo 4

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A minha mãe soltou um "hum" e foi pra cozinha junto a ele.

A sexta tinha chegado e eu ainda nem tinha arrumado a minha mochila, só me dei conta quando o meu pai ligou pra minha mãe falando que já estava perto.

— Deixa que eu arrumo, filho! Faz muito esforço não.

— Eu sei me virar, pode deixar que eu faço! — disse extrovertido.

Esqueci que eu não podia agachar e assim que eu fui pegar a minha mochila senti uma pontada forte em cima do corte da operação, foi impossível não expressar dor naquele momento.

— Ai, ai, ai! — fechei os olhos forte e coloquei a mão em cima do curativo.

— Rafael! — disse preocupada e me ajudando a levantar por inteiro.

Ela me deitou na minha cama, e pegou o remédio pra eu tomar.

— Por que que você agachou, Rafael?! Eu disse que ia fazer a sua mochila, garoto! — disse virando o copo de água na minha boca.

Ainda conseguia sentir o corte fisgando. Comecei a suar frio de dor e ela ficou fazendo carinho no meu cabelo.

— Já vai passar, meu amor! Calma, calma. — disse mexendo no meu cabelo.

Fiquei trêmulo e um pouco gelado. Ela ficou fazendo carinho em mim por uns 3 minutos.

— Tá melhor?

— Tô. — disse ofegante.

— Espera um pouco que eu vou ligar pro seu pai. — disse indo até a porta do meu quarto.

A dor estava passando mas eu sentia a fadiga cada vez mais intensa. A minha mãe pegou seu celular e ficou em silêncio, esperando meu pai atender.

— Beto, o Rafa acabou de sentir muita dor. Deixa pra próxima.

— Não, mãe! Foi porque eu agachei, eu tô bem. — disse alto, na esperança que o meu pai escutasse.

Ela me olhou e continuou falando com o meu pai.

— Tá, tá bom. Quer falar com ele?

— Me dá o celular! — disse tentando levantar.

— Não, não! Deita! Tá maluco? — disse vindo até mim e empurrando bem devagar o meu peito.

Fiquei deitado esperando ela parar de falar com o meu pai e depois de 2 minutos ela me passou o celular.

— Pai, eu tô bem! Pode vir me buscar. Eu agachei, por isso senti um pouco de dor, mas já foi embora. — disse rápido, sem deixar ele falar.

— E por que você agachou? Sabe que não pode, Rafa.

— Eu tava fazendo a minha mochila pra ficar com você.

Ele ficou em silêncio e eu também.

— Vou ir aí pra ver o seu estado, só te trago se estiver melhor. Combinado?

— Combinado!

— Então tá, tô indo.

Sorri abertamente e me despedi do meu pai.

— Ele tá vindo!

A minha mãe me olhou e logo em seguida suspirou.

— Seu pai não faz nada que eu mando. — disse séria, um pouco impaciente.

Nem sei o que me deu, só sei que eu quis falar o que me deu vontade e eu falei.

— Ah, mãe! Você não sabe se fica puta porque ele não me dá atenção ou porque ele tá me dando atenção, decide! — disse rispidamente.

Ela me olhou séria, então eu reparei, tinha falado bem grosseiramente.

— Rafael, me respeita! Eu não sou sua amiga, sou sua mãe! Quê que deu em você?!

Percebi que havia sido grosseiro desnecessariamente.

— Desculpa. — disse baixo e a olhando.

Ela me olhou de volta e pegou minha mochila.

— Deixa que eu arrumo isso!

Não disse nada, apenas desviei o olhar dela pra TV.

Eu amava a minha mãe, mas às vezes eu não a entedia! Já tinha escutado mil discussões dela com o meu pai, o mesmo assunto de sempre! "Você não dá atenção pra ele.", "Não sei se você sabe, mas você é pai!". Aquilo me cansava, aí quando eu senti uma dorzinha, ela tentou cancelar meu encontro com ele e quando não conseguiu, ficou irritada.

Meu pai chegou 30 minutos depois.

Vi ele falando com a minha mãe, e aí eu escutei ele falando o meu nome.

Fui até ele e não disse nada, só o abracei forte.

— E aí? Tá tudo pronto pra partir?

— Aham!

A minha mãe me olhou e voltou a olhar pro meu pai.

— Ele tá com a língua afiada, vive me respondendo agora. — disse cruzando os braços e me encarando.

Meu pai me olhou sério e olhou pra minha mãe.

Eu desviei o olhar deles e fiquei olhando pra TV.

— Você não tem boca pra falar isso pra ele? Tem que me falar pra eu resolver? — disse ríspido.

— Deixa de ser ignorante, Roberto! Eu só tô te falando! Ele é seu filho também, você tem que falar com ele também! — disse aumentando o tom de voz um pouco.

— Me poupa de discussão hoje, eu tô cansado, não tô nem um pouco afim de escutar desaforo.

— Você nunca vai mudar, né? — disse em um tom triste e o encarando.

Tropa de Elite 3: Tal Pai, Tal Filho.Onde histórias criam vida. Descubra agora