Capítulo 59

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Novamente a época das eleições estava pra chegar, meu padrasto estava animado e agitado como sempre, enquanto ele estava agitado, eu só conseguia lembrar das últimas eleições dele. Aquilo ainda não havia saído da minha mente, as vezes eu ficava desconfiado de várias situações, e na minha mente só vinha o Mascarado. Ele nunca havia tentado nada contra eu e o Fraga depois que ele havia sido preso, mas eu tinha receio.

O batalhão estava na maior correria, no caso, o meu agrupamento, que era o Charlie.

Quando nós íamos fazer alguma operação, éramos divido em 3 agrupamentos: Alfa, Bravo e Charlie. Eu sempre fazia parte do Charlie. Meu agrupamento iria ter que ir em uma favela incursionar, eu não sabia o que me esperava lá, cada operação era um aperto no peito.

Ficou ainda pior pra mim ter que fazer operações quando a Eloá aprendeu a falar "papai", eu ficava pensando em mil coisas, mas eu pensava mais em não voltar pra casa e nunca mais escutar ela me chamando. Aquilo me doía, mas eu não podia parar de trabalhar, eu tinha que fazer a minha parte.

Meses depois


O Fraga iria em um evento onde ele iria se apresentar, debater, falar sobre política e tudo mais sobre esse mundo de corrupção que só ele não queria aceitar, por mais que ele soubesse a verdade.

Faltava 1 semana, eu estava ajudando ele em coisas mínimas, só pra fazer uma média.


Diogo: Se eu ganhar essa eleição... (disse sentado em uma cadeira)

Rafael: Só vê se não abre muito a boca, pra não acontecer um caso igual o da Marielle.

Diogo: Isso tem muito tempo já, Rafa. E se eu ganhar, vão ter que me engolir. (disse rindo)


Ri junto e começamos outro assunto, ele perguntou se estava indo tudo bem no batalhão, se eu ainda fazia por amor... E nem eu sabia se eu fazia por amor ou por fazer.

Nesse dia a Mavi passou lá no apartamento da minha mãe com a Eloá, ela falando que só.


Rosane: Dá essa princesa pra cá! (disse pegando a Eloá)


A Eloá amava minha mãe, quando a via já se esticava toda pra ir pra cima dela. A Mavi não havia parado de trabalhar, havia voltado há pouco tempo, então, como a Eloá não era matriculada em nenhuma creche, a Maria deixava ela ora com a mãe dela, ora com a minha mãe, ora com o meu pai, e por aí ia. Todo mundo ajudava.

Esse dia foi lazer, com todas as famílias reunidas, liguei pro meu pai que me disse que ia chegar um pouco mais tarde no restaurante, eu concordei e fui me arrumar.

Saímos de casa 6 horas, a Maria havia ligado pros pais dela, eles estavam muito próximos de nós depois do nascimento da Eloá, mesmo a família dela estando tão próxima, eu ainda não tinha muito contato com a Júlia, não que eu quisesse também. Eu até gostava, não tinha que olhar pro Vinícius, nem forçar uma amizade que nunca aconteceria.

Ele era bem distante da família dele, aparecia mais quando era uma ocasião bem importante.

Chegamos no local e eu que havia feito a reserva, então eu tive que ir na frente. Nos sentamos e a noite foi ótima, meus pais não tinham mais nenhum desentendimento em público, nem meu pai se desentendia com o Fraga, nem a minha mãe com a Daiana, estava tudo tranquilo.

A Eloá passava de mão em mão na mesa, era ótimo ver isso também.

O restaurante fechava só quando o último cliente saía, nessa noite, os últimos clientes fomos nós. Tinha tempo que eu não curtia assim com a Maria, eu nunca tinha curtido tanto com a Eloá e nunca tinha curtido assim com as duas famílias reunidas, foi maravilhoso ver todos em harmonia.

Cheguei em casa e a Eloá já estava dormindo, acordei ela só pra ela tomar um banho e coloquei ela pro berço.

O final de semana passou rápido, assim como a semana, logo chegou o dia do evento político do Fraga, seria um evento público, com certeza iria sair confusão, sempre saía, e os policiais do Choque iriam ser chamados, talvez o BOPE.


Higor: O comandante tá chamando a gente na sala de reunião. (disse passando por mim)


Fui junto com o Higor, tinha uma denúncia de assalto à banco com reféns, e o BOPE foi acionado.


xxx: Atenção, quando chegarem lá, não é pra fazer movimentos bruscos. Fui claro? Todo cuidado é pouco, o principal é defender os reféns e deixá-los a salvo!


Entrei na viatura e nos deslocamos, eram 5 viaturas no total, não paramos as viaturas em frente ao banco, deixamos uma esquina antes, pra não haver qualquer tipo de agitação desnecessária.

Fomos andando devagar até o local, haviam muitos familiares chorando, apreensivos, e quando a gente chegou, eles ficaram mais nervosos ainda.

Não sei o porquê, mas a tensão aumentava quando o BOPE chegava.

Fizemos o cerco e eu fiquei atrás de um poste que tinha em frente ao banco, me apoiei em um joelho e o Higor ficou atrás de mim, em pé. Todo cuidado era pouco, eu estava centrado, eu ainda não tinha visto o meliante, ele estava escondido.


xxx: Rafael, pede pra todos se afastarem.

Saí do meu posto e assim eu fiz, obedeci meu comandante e voltei pro lugar.


Rafael: Sabe quantos bandidos tem ali dentro? (disse olhando pro Higor)

Higor: Tem mais de 3.


Ia ser longa a operação, muito longa. O negociador tomou a frente e assim se iniciou a operação.

Depois de horas de acordo, 3 dos 5 se renderam. Eles saíram da agência, foram algemados e ficaram na viatura, mas os outros 2 não se entregaram, estavam com reféns servindo de escudo pra eles. Eu estava muito perto, mas eu não podia disparar em um sequer. Se eu fizesse isso, iria alertar o outro, o que ocasionaria em feridos. De repente, o Higor saiu de trás de mim, eu o olhei, o comandante o olhou e todos os policiais também o olharam.


Higor: A gente não vai atirar se vocês largarem elas. (disse calmo, indo em direção a eles)

xxx1: Se você chegar mais perto, eu atiro! (disse gritando)

Higor: É só se entregar, eu não vou atirar em você, ninguém aqui vai. (disse tirando a bandoleira)

Rafael: Que que você tá fazendo? Volta agora, caralho! (disse baixo)

Tropa de Elite 3: Tal Pai, Tal Filho.Onde histórias criam vida. Descubra agora