Capítulo 35

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Ele ficou comigo lá em casa até seis da tarde, quando a Mavi chegou. Ele falou com ela, ela chorou mais um pouco, mas depois passou.

Como eu nunca gostei do Natal, ele foi horrível pra mim. Na verdade, eu parei de gostar a partir dos meus quatorze anos, mas não convém.

Passei o Ano Novo com a Mavi na praia de Copacabana vendo os fogos. Ela ainda estava traumatizada, não quis levar o novo celular dela, pra não ser assaltada, não quis levar muito dinheiro e nem quis colocar nada de ouro, nem um relógio ela pôs.

A minha formatura foi em janeiro, dia vinte. Eu fui o orador já que eu me destaquei bastante durante o curso, quase que não saíram as palavras, mas depois de várias respiradas profundas, tudo saiu.

Eu nunca imaginei esse dia chegando, parecia que havia sido ontem que eu tinha acabado de iniciar o curso e tudo mais.

Quatro anos, mesmo que eles tenham sido longos, passaram bem rápidos, mais rápido do que eu imaginava. Nada foi como eu imaginei, eu me estressei demais, fiz amizades boas e cheguei até a chorar porque parecia que o TCC nunca estava bom e o professor sempre queria mais e mais, parecia que não ia ter fim.

Mas finalmente estava formado. Eu tinha a opção de fazer a especialização, o MBA, o mestrado ou o doutorado, mas eu preferi não fazer nada, preferi dar um tempo de estudos.

Eu não sabia se era o que eu queria realmente, o meu pai ainda me alertou no primeiro dia de aula mas eu nem dei ideia. Se eu realmente quisesse ser juíz, eu teria que fazer outro concurso, além da faculdade. Ninguém sai da faculdade de direito criminal, advogado. Muito menos juíz ou promotor. Eu me iludi em relação a isso.

Eu teria que me formar bacharel em direito e, pra ingressar na magistratura e no Ministério Público, eu precisaria prestar concursos específicos. Muito complicado, então eu foquei em arrumar um emprego melhor, mas não tinha nada em mente, só estava na caça.

Dois meses depois

— Você tem certeza disso?

— Tenho... Na verdade, não sei ainda. — me sentei na cama dele.

— Rafael, cê tem noção que o ano mal começou e vários policiais já morreram?

— Tenho, pai.

— E mesmo assim você quer entrar pra PM?

Suspirei e pensei mais de duas vezes antes de responder.

— Quero, me explica como faz.

Meu pai respirou fundo e sentou do meu lado.

— Não era isso que eu queria pra você, é muito complicado, é muito arriscado, mas se é o que você quer... Você que sabe.

Ele me explicou como eu deveria fazer. Segundo ele, a disponibilidade varia conforme a necessidade de contratação de cada órgão regional, mas como eu iria pra PMERJ... Acho que teria bastante vaga.

Próxima etapa era eu falar pra minha mãe o que eu queria fazer da minha vida, a Mavi ia ficar por último, não por ela ser "irrelevante", longe disso, mas porque eu achei que as pessoas que me trouxeram a vida deveriam saber antes de todos.

Tropa de Elite 3: Tal Pai, Tal Filho.Onde histórias criam vida. Descubra agora