Capítulo 50

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Todos me olharam e se aproximaram.

Rafael: Antes de falar isso que um de vocês falaram, é melhor que não abram a boca pra falar merda. Se eu bati nele teve motivo! Quando alguém ameaçar algum familiar de vocês, vocês podem falar a vontade, mas se ninguém nunca fez isso com alguém da família de vocês, é só calar a boca!

Eles ficaram alternando o olhar entre eles, deviam estar me odiando mas eu não liguei pra porra nenhuma.

xxx2: Amigo, menos, vai embora. (disse com tom de deboche)

Antes dele terminar de falar, eu fui pra viatura, não porque eles haviam mandado, mas porque se eu ficasse ali por mais uns poucos minutos, eu iria me descontrolar. Entrei na viatura e liguei pro Higor, pra saber da Bia, ela havia sido liberada pra voltar pra casa, ficaria em casa até o braço cicatrizar e o Higor já estava no batalhão. Fui para o batalhão e a Bia ainda estava por lá com o braço enfaixado, conversando com todos e sorrindo.

Rafael: Cê me deu um susto, hein! (disse rindo)

Beatriz: Mas eu tô bem. (disse rindo)

Sorri pra ela e o Higor se aproximou de mim juntamente do comandante. O comandante nos mandou pra sala dele.

Rafael: Cê falou o que pra ele?

Higor: A verdade, ué. Cê não pediu?

Quando eu ia debater com o Higor o comandante entrou na sala. Ele se sentou e ficou nos encarando.

Comandante: Começa a falar, Nascimento.

Eu tive que abrir o jogo com o comandante e expliquei o que aconteceu, expliquei porque eu precisava fazer a operação na Rocinha e a única coisa que ele não admitiu foi eu ter omitido.

Comandante: Dessa vez eu vou deixar passar, mas da próxima vez que os senhores mentirem, eu tomarei medidas que os prejudicarão, dentro e fora do batalhão, isso os senhores podem ter certeza absoluta. Estamos entendidos?

Higor: Sim, senhor.

Rafael: Sim, senhor.

Comandante: Dispensados.

Batemos continência e saímos. Saí da sala do comandante um pouco cabisbaixo, mas eu mereci a chamada. Isso eu consegui aceitar, mas o que não estava me descendo era aqueles policiais do BOPE.

Uma coisa que eu havia percebido é que eles se achavam superiores a qualquer outra força policial, não generalizando, mas muitos policiais eram assim. Parece que esses policiais que agem com desdém com PMs convencionais esquecem que pra eles vestirem aquela farda camuflada, preta, eles tiveram que passar pela farda azul, tiveram que passar por tudo o que eu estava passando.

Fiquei no batalhão só até às 9 da noite, cheguei em casa e quando eu abri a porta, a Maria veio rapidamente até mim e me abraçou forte. Ela tinha se comunicado comigo o dia inteiro, mas quando ela me viu... Ela me abraçou tão forte, parecia estar aliviada de me ver vivo e seguro em casa.

No dia seguinte eu estaria de folga, então eu tirei o dia pra ir conversar com o Fraga do ocorrido, obviamente ele já deveria estar sabendo, quando o BOPE desceu com Mascarado, as imprensas já estavam televisionando o acontecimento, eu não estava mais lá.

No dia seguinte eu fui lá bem cedinho, quem me atendeu foi o Fraga, não fiz muito rodeio pra falar.

Rafael: O Mascarado foi preso.

Ele me olhou sério e se sentou no sofá, fechei a porta e fiquei na frente dele.

Diogo: Eu vi a notícia... Pela TV. (disse me olhando)

Rafael: De nada. (disse ríspido)

Disse deixando ele sozinho e indo pro quarto da minha mãe, ela estava acordada, falando com alguém no celular. Me olhou e rapidamente disse que precisava desligar.

Ela levantou da cama e veio me abraçar.

Rafael: Bom dia, mãe. Tá bem? (disse sorrindo e a olhando)

Rosane: Tô ótima, meu bem. (disse calma)

Rafael: Quero conversar com a senhora, pode ser?

O Fraga apareceu na porta e ficou nos encarando.

Rosane: Pode! Senta aí! (disse animada)

O Fraga entrou e eu parei ele.

Rafael: Sai do quarto, eu quero falar com ela.

Diogo: Não posso escutar?

Rafael: Não, sai. (disse ríspido)

Ele ficou sério e saiu do quarto. Sentei na ponta da cama com a minha mãe e ela ficou esperando eu falar.

Rafael: Mãe, a senhora deve tá sabendo já, eu só quero te falar que agora a senhora tá segura. Não vão te ameaçar mais, pode ficar tranquila, pode sair normalmente e...

Ela me interrompeu.

Rosane: Eu pedi pra você não se meter, filho.

Rafael: Agora já foi e...

Ela me interrompeu.

Rosane: E se ele for solto? Se ele fugir da cadeia?

Eu realmente não tinha pensado nisso, fiquei a olhando serio e continuei falando.

Rafael: Isso não vai acontecer não, pode ficar bem. E... Mãe, a senhora sabe que eu te apoio em tudo, tudo mesmo. Mas o Fraga passou dos limites, ele te colocou em risco, ele me colocou em risco. Ele não precisa mais pagar nada pra ninguém, e você também não precisa continuar o seu relacionamento com ele.

Ela ficou me olhando pasma, acho que ela nunca imaginou esse conselho vindo de mim, ela abaixou a cabeça e respirou fundo. A vida era engraçada, o Fraga foi essencial pra minha formação como adolescente, gostava dele, foi questão de tempo pra minha opinião sobre ele mudar. Eu não o odiava, mas o que estava matando o que eu sentia por ele eram as suas atitudes. Quem em sã consciência trafica pra pagar a dívida? Seria mil vezes mais fácil ele ter pedido empréstimo ao banco desde o início.

Parecia hipocrisia da minha parte dar esse tipo de conselho pra minha mãe, ainda mais eu que sempre apoiei a relação dela com ele, mas eu só queria a segurança dela, só isso.

Rosane: Rafael, independente do que aconteceu, eu amo ele, você sabe. Eu vou estar do lado dele até eu não querer mais, mas por enquanto, saiba, eu vou continuar casada com ele.

Rafael: Tá bom, eu te apoio em tudo. (disse abraçando ela)

Ela soltou do abraço e me olhou sorrindo sem mostrar os dentes.

Tropa de Elite 3: Tal Pai, Tal Filho.Onde histórias criam vida. Descubra agora