Capítulo 32

958 72 4
                                    

Meses depois

Naquele mesmo ano, eu me alistei no exército, ao mesmo tempo que eu queria ser militar, eu não queria. Aquela rotina cansativa de acordar cedo, se exercitar...

Acabou que eu cheguei até a quinta fase do alistamento, dali mesmo eu fui dispensado.

A minha vida não estava nem um pouco boa, a relação com os meus pais era ruim, a Mavi tinha virado uma colega praticamente, ela falava de vez em quando comigo, mesmo sabendo que eu não era o pai do Antônio, ela quase não mantinha contato.

Meu aniversário estava chegando, faltava só um dia e eu não estava afim de comemorar nada, eu nunca comemorava por vontade própria mesmo, minha mãe que sempre gostava de fazer algo pra não passar em branco.

A minha casa estava com mais mobílias. Já tinha sofá, uma mesa com quatro cadeiras, e aquilo ali já estava bom pra quem não tinha nem onde sentar quando queria assistir TV.

Assim que deu meia-noite, o meu celular tocou, pensei que fosse a minha mãe mas quando olhei pro visor, era a Maria Vitória. O coração acelerou e eu demorei pra atender, só pra ela não pensar que eu estava feliz demais pela ligação dela, mesmo eu estando irradiante.

— Alô?

— Oi.

Eu demorei pra responder um pouco, estava nervoso. Era incrível como em tão pouco tempo nós criamos vínculo, e em tão pouco tempo... Nós perdemos vínculo. Eu queria que ela voltasse pra mim, mas eu não podia ser tão egoísta a esse ponto.

Eu tinha mentido pra ela, por uma boa causa, mas não deixava de ter mentido. Ela não tinha obrigação de entender, eu errei de qualquer maneira. Já tinha tido a chance de jogar limpo com ela, mas na realidade, eu menti pra me beneficiar, não queria que ela parasse de falar comigo, mas de qualquer forma... Ela parou.

Respirei fundo e respondi ela.

— Mavi?

— É, eu só te liguei pra te desejar um feliz aniversário.

— Obrigado por lembrar. — disse sorrindo.

Ela ficou em silêncio e eu não podia deixar o assunto morrer.

— Então... Era só isso mesmo que eu queria te falar. Tchau.

— Calma!

Ela ficou em silêncio, eu escutava sua respiração.

— Maria, a gente tem que conversar, a gente precisa. — disse com a voz trêmula.

Ela não disse nada e desligou.

Joguei meu celular em cima do sofá e fiquei olhando pra cima, eu só queria que ela me desse uma chance de me explicar melhor, deitei e acabei dormindo no sofá mesmo.

Acordei com a companhia tocando, fui escovar os dentes rápido pra abrir a porta e quando eu abri, a Mavi estava parada na porta, sorrindo sem mostrar os dentes e com um embrulho na mão.

— Cê disse que a gente tinha que conversar, eu vim. — disse sorrindo fraco

Eu sorri abertamente e abracei ela forte, ficamos abraçados por um tempo.

Tropa de Elite 3: Tal Pai, Tal Filho.Onde histórias criam vida. Descubra agora