Tropa de Elite 3: Tal Pai, Tal Filho.

Capítulo 48

Ele cospiu no meu rosto e foi instantâneo, eu dei um soco do nariz dele, eu estava estressado com tantas coisas, raiva do Fraga, o preso fez por onde e eu descontei nele. Ele caiu e o nariz dele começou a sangrar mais do que já estava, o Higor me olhou rindo e eu permaneci sério.

Rafael: Levanta, bora! (disse ríspido e puxando ele)

Joguei ele no camburão e entrei na viatura, limpei meu rosto e a minha mão que estava suja, eu lavei ela com uma garrafinha de água que tinha no carro, não podia chegar na delegacia com a mão suja de sangue, poderia me prejudicar.

Higor: Mas você é tão exemplar, contra agressão... (disse ironicamente e entrando no carro)

Rafael: Esquece. (disse dando a partida)

Fomos a delegacia e os pais da menina fizeram o Boletim de Ocorrência.

Ver aquela menina tão nova naquela situação me deu uma tristeza, eu pensei nas mulheres que eu convivia, pensei na minha mãe naquela situação, pensei na Mavi naquela situação, e isso me ajudou a guardar mais ódio pra descontar no Mascarado.

No dia seguinte, eu tive que ir bem cedo pro batalhão, a reunião iria acontecer e eu não poderia faltar. No mesmo dia eu falei pro meu pai o que estava acontecendo e o resultado não foi diferente do que eu imaginei, ele foi lá no apartamento da minha mãe e esculachou o Fraga. Eu não me meti, e quando a minha mãe me perguntou se eu havia dito algo pro meu pai, eu assenti, não fiquei com medo dela ficar brava comigo, ela ficou e eu simplesmente não liguei.

A reunião durou por quase 1 mês, faltava só mais um mês pro Mascarado começar a caçar o Fraga pra valer, e as ameaças estavam só piorando.

Mavi: Amor, quando você voltar pro batalhão, me liga pra eu saber que você tá bem. (disse cabisbaixa)

Ela estava preocupada, eu estava preocupado com a preocupação dela, parecia que ela estava se despedindo de mim e aquilo estava me agoniando. Ela estava me abraçando toda hora, acordou junto comigo porque queria me fazer companhia, fez o meu café-da-manhã... Era de se estranhar, ela não era assim.

Ela me levou até a porta e me beijou longamente, olhei pra ela e ela estava com os olhos marejados.

Rafael: Vai dar tudo certo, fica calma. Daqui a pouco eu chego.

Mavi: Tá bom. (disse sorrindo)

Sorri aberto e me despedi. Chegando no batalhão, eu me arrumei bem rápido, coloquei o colete a prova de balas, peguei as armas, tudo que eu precisava e... Quando eu coloquei o colete e senti o peso dele, parecia que eu estava sentindo o peso do que viria, eu estava com uma sensação ruim, mas eu não podia voltar atrás, agora só me restava enfrentar.

Higor: Tá preparado?

Rafael: Nem um pouco. (disse ajustando o colete)

Higor: Mas a briga é sua! (disse batendo no meu peito)

Respirei fundo e fomos pra formação, na minha viatura foram mais 2 policiais que normalmente não patrulhavam comigo, foram 5 viaturas, todas cheias, 25 policiais contando comigo. O Higor comandou a equipe que eu estava, a nossa ideia era cercar os bandidos, então cada aquipe foi pra um lado.

Era triste ver o medo no olhar dos moradores quando nos viram subir o morro, muitos fechavam as casas, outros corriam pra se proteger e a troca de tiro ainda nem havia começado, poucos segundos depois muitos fogos foram queimados, agora os bandidos sabiam que nós estávamos no morro.

Não vou mentir, estava nervoso demais, aflito demais, o que mais me preocupava era saber que eles poderiam nos atacar por trás.

Higor: Vai na frente que eu te dou cobertura! (disse ficando atrás de mim)

Assenti e fui na frente, padrão, olhando tudo a minha volta, demorou até demais pra troca de tiros começar, mas ela veio e veio com tudo. Agora era guerra, fiquei atrás de um muro, mesmo sabendo que ele não me daria 100% de proteção, e o Higor ficou do meu lado. Os outros policiais se espalharam e estavam revidando cada tiro dos bandidos, ousei a colocar a minha cabeça pra fora do muro, e em cima de uma laje eu vi o tal do Mascarado trocando tiros com a gente, a princípio ele não havia me visto.

Muitos pensam que policial não tem medo de sair no meio do tiroteio, nem de ser baleado, nem de morrer... Mas o que muitos não sabem é que o que difere nós dos outros cidadãos, é apenas a farda, mas o sentimento é o mesmo, o medo de ser atingido é o mesmo...

Conseguimos chegar no outro muro, eu ainda não tinha dado um tiro pra cima deles, eu estava inseguro, vi mais policiais vindo nos ajudar e então eu dei o meu primeiro disparo, a Beatriz estava com muito mais coragem que eu, isso dava pra enxergar de longe.

Um tiro dela pegou em um dos traficantes, aquilo me deu um gás a mais pra começar a trocar tiro firmemente, eu consegui acertar outro no peito, outros policiais avançaram, parecia que a troca de tiros não teria fim, já estava durando há uns 15 minutos, eu sei que isso ainda era pouco, mas eu estava agoniado.

Higor: A gente tá cercado! (disse ofegante)

Rafael: Como assim?! (disse alterando a voz)

Higor: Não tem como voltar, só se a gente pedir reforço. (disse olhando pra cima)

Realmente não tinha como nós sairmos dali, o tiro não cessava e nem pra trocar de barreira estava dando. Os outros policiais estavam do outro lado, trocando tiros também. O nosso comandante havia ido com a gente, mas ele ficou na viatura com 2 policiais. Olhei pro Higor e ele imediatamente entendeu o que eu quis dizer.

Higor: Comandante, na escuta? (falou ofegante)

Comandante: Positivo!

Higor: A gente tá cercado!

Comandante: A gente quem?

Higor: A minha tropa!

Comandante: Entendido, fica calmo, o reforço já vai chegar.

O Higor parou de responder e nós ficamos trocando tiros por mais uns 15 minutos, eu nunca havia ficado tanto tempo em uma operação, e nunca havia ficado tanto tempo em uma troca de tiros.

Rafael: Higor, a minha munição... Tá acabando! (falei ofegante)

Higor: Troca de lugar comigo! (falou me puxando pelo braço)

Ele fez sinal pra outros policiais ficarem atentos. Fiquei parado, sem fazer nada, até que os tiros cessaram, olhei pro Higor e ele saiu de trás do muro. A Beatriz e mais 2 policiais foram juntos com ele, eu desconfiei.