Capítulo 78

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O blindado só nos ajudou a sair da favela, embaixo daquele tiroteio seria impossível sair sozinho. Ele nos deixou do lado de uma viatura, lá o Lins pegou a direção. O blindado era muito lento pra levar a gente até o hospital, a gente precisava de algo mais rápido pra salvar a vida do Higor.

O Lins foi pro Hospital Municipal Lourenço Jorge e a todo momento eu conversava com o Higor, tentando manter ele acordado, consciente.

Rafael: Não fecha os olhos, a gente já vai chegar, aguenta mais um pouco. (disse com a voz trêmula)

Higor: Rafael, eu vou morrer... (disse fraco e tossindo)

Rafael: Não! Não vai! Você vai ficar bem! (disse com a voz trêmula)

Ele apertava meu braço, parecia estar com medo. Mas quem estava com mais medo, era eu.

Rafael: Cê vai ficar bem, vai ficar tudo bem, calma.

Higor: Liga... Liga pra Beatriz. (disse fraco)

Peguei meu celular, chorando, e liguei pra ela, mas quando ela atendeu, eu fingi a calma.

Beatriz: Oi, Rafa. (disse com voz de sono)

Rafael: Beatriz... Tá podendo falar? (disse com a voz embargada)

Beatriz: Tô, pode falar. (disse simpática)

Rafael: Olha, fica calma. Eu preciso que você vá pro Lourenço Jorge, agora.

Beatriz: Que que aconteceu?! O Higor tá bem?! (disse assustada)

Rafael: Ele foi atingido na operação de hoje, mas fica calma, ele tá vivo. (disse com a voz trêmula)

Ela não disse nada e desligou. Olhei pro Higor e ele estava com os olhos fechados, estava mole.

Rafael: Higor?!

Ele não respondeu.

Rafael: Não faz isso comigo, por favor, Higor! Eu te amo! (disse o abraçando e chorando)

Ele não respondia mais a nenhum estímulo meu.

Chegamos poucos minutos depois no hospital e ele foi atendido imediatamente. A minha farda, que era camuflada, agora estava toda vermelha, suja de sangue.

Fui atendido também, tiraram o estilhaço daquela granada da minha perna e fizeram um curativo, fui liberado em menos de 20 minutos.

Me sentei na calçada em frente ao hospital, a outra viatura chegou pouco tempo depois, perguntando pelo Higor, e eu nem sabia informar direito o estado dele.

Beatriz: Rafael!

Olhei pra cima e a Beatriz veio chorando na minha direção.

Rafael: Fica calma! (disse levantando e abraçando ela)

Beatriz: Cadê o Higor? Onde ele tá? (disse chorando)

Rafael: Já levaram ele, fica calma. Olha pra mim, fica calma. (disse segurando o rosto dela)

A abracei, tentando acalmar ela. Ela foi se acalmando aos poucos. Sentei com ela na beira da calçada e ficamos sentados por mais de uma hora, e aos poucos ela ia se destraindo enquanto conversava comigo.

Tropa de Elite 3: Tal Pai, Tal Filho.Onde histórias criam vida. Descubra agora