Capítulo IX

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REINO DE MONTEMOR



Na entrada no Castelo Real, prostrados na porta se despedindo dos convidados, estavam a Rainha Crisélia bem como o príncipe herdeiro Rodolfo, e sua esposa, Lucrécia. Catarina e o pai caminhavam em direção a eles, a carruagem já estava pronta, finalmente chegara a hora de retornar a Artena, e Catarina agradecia aos céus, já não suportava mais sorrir e manter a cordialidade e simpatia com todas aquelas pessoas, uma Corte com tantos convidados reais exigia uma postura adequada, mas isso a cansava as vezes.

Ela parou próxima aos recém-casados enquanto o pai cumprimentava a rainha, Rodolfo a olhava com o canto dos olhos, embora sorrisse para a esposa, que se apoiava de maneira exagerada em seu braço, como se temesse que ele fugisse a qualquer minuto.

- Foi uma honra tê-la aqui conosco nesses dias festivos Alteza. – agradeceu Rodolfo. – A sua presença iluminou essa Corte quase tanto quanto a minha, e isso é um feito para poucos.

- Oh sim, sua presença iluminou a todos, tão bonita realmente, e mesmo assim solteira, é uma pena. – completou Lucrécia. – A vida é assim, não se pode ter tudo não é mesmo.

- Eu que agradeço o convite. – respondeu Catarina, sorrindo e ignorando a alfinetada de Lucrécia, nada nesses dias a irritou mais do que ter que aturar a princesa, e pensar que ela seria a rainha de Montemor agora, isso a irritava mais do que tudo.

- Não se preocupe Catarina, logo você encontrará um marido para você. – disse Lucrécia. – Talvez não tão belo e formoso quanto meu Rodolfo, mas alguém razoável imagino eu. – ela se virou e com a cabeça apontou Bernardo, que se encontrava do outro lado do pátio com os pais. – Soube que o príncipe Bernardo é um dos que desejam desposá-la, e cá entre nós, ele é bem alto e com as mãos grandes, se é que me entende.

- Ele fez uma proposta, de fato. – respondeu ela. – Mas ainda não tive tempo para pensar com calma, ainda quero avaliar minuciosamente, afinal um casamento e uma aliança não é algo que se pode decidir da noite para o dia.

- Nisso concordo com você. – comentou Rodolfo. – Quero deixar bem claro Catarina que me entristeceu que a aliança entre nossos reinos não pôde ser realizada, era algo esperado há tanto tempo, Afonso pensou apenas nele mesmo ao abdicar do trono.

Catarina via que as palavras de Rodolfo estavam carregadas de um duro rancor, a atitude de Afonso o atingira mais do que a qualquer um, talvez até mais do que a atingira. Catarina o conhecia bem o suficiente para saber que ele nunca havia desejado ser rei, ele nunca quis essa responsabilidade, e agora todo o peso de ser o herdeiro era jogado sem piedade em seus ombros. Por um momento ela teve pena dele.

- Não se preocupe Alteza, não guardo nenhum rancor. – disse ela. – Bom, foi um prazer novamente, agora se me dão licença, devo me despedir da rainha.

O irresponsável e a tola, mas que casal de reis eles irão formar, pensou com certo desprezo. Com uma leve inclinação de cabeça, ela se afastou deles e foi em direção onde Crisélia e o pai conversavam. Ao perceber a aproximação dela, a rainha Crisélia abriu um largo sorriso.

- Minha querida, estava agora mesmo comentando com vosso pai o quanto você está belíssima. – disse afetuosamente. – Eu me lembro de quando era apenas uma menina, dada a correr pelos corredores do castelo.

- Isso foi há tanto tempo Majestade. – respondeu ela. – Não sei se me reconheceria nessa criança, tanta coisa mudou desde então.

A Grande Rainha - Contos da CáliaOnde histórias criam vida. Descubra agora