Capítulo XX

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REINO DE ARTENA



Estavam todos acomodados na grande mesa, era o início do banquete de sua coroação, mas tudo o que Catarina desejava no momento era ficar sozinha. A perda do pai ainda era muito recente, a ferida aberta em seu peito sangrava, onde um frágil coração batia descompensado. A coroa pesava em sua cabeça, e uma certa culpa a corroía também, ela desejara tanto essa coroa, o poder que ela trazia, mas agora daria qualquer coisa para voltar atrás, voltaria a posição de princesa com facilidade se isso trouxesse seu pai de volta, tudo o que desejava agora era tê-lo novamente ao seu lado, mas infelizmente, ele se fora para sempre.

Ainda não era o momento para banquetes, festas, bebidas e convidados, mas ela não tinha escolha, havia um protocolo a ser seguido, e o tempo oficial do luto se fora, e Catarina tinha suas prioridades, em meio a uma guerra ela corria contra o tempo.

Ela respirou fundo. Uma vez. Duas vezes. Então se levantou, da ponta da mesa observou os presentes, eles seguiram seu movimento e se levantaram também, aguardando o discurso da rainha.

- Primeiramente, quero agradecer a presença de todos, Majestades, reis e rainhas, príncipes e princesas, todos os nobres de Artena, a presença de vocês em minha coroação marca um compromisso de união entre nós, regentes de nossos reinos. Hoje é um dia muito importante para Artena, nós perdemos nosso amado Rei, meu querido pai, e sua perda será sempre sentida, mas hoje se inicia uma nova era para o meu povo, uma nova era para Artena. Tempos difíceis se abatem sobre nós agora, a guerra veio ao encontro do meu povo, mas nós enfrentaremos como cabe aos Artenianos, com a cabeça erguida e sem medo, e venceremos o inimigo! Um brinde ao futuro, ao meu novo reinado, e a vitória que nos aguarda! – exclamou Catarina, forçando um sorriso e levantando a taça a frente.

Todos os convidados ergueram suas taças num brinde à nova soberana, risos e sorrisos preenchiam o salão de festas.

- Deus salve a Rainha! – exclamou o Rei Heitor.

- Salve! Salve! Salve! – responderam em uníssono os presentes, erguendo mais alto suas taças.

Terminadas as proclamações oficiais, foi dado início ao banquete. Catarina ordenou que fosse servido o jantar, e enquanto as travessas e pratos eram preenchidos com leitão assado, pato caramelizado e as mais diversas frutas, verduras e pães, um talentoso grupo de musicistas começaram a tocar as Baladas de Marman, um dos conjuntos de sonetos favoritos de Catarina.

A medida que o jantar se desenrolava, Catarina mantinha uma conversa com Heitor e Gertrudes, de Alfambres, que estavam sentados à sua direita, com breves comentários de Rodolfo e Lucrécia, que estavam sentados a sua esquerda.

- Catarina, realmente sinto muito em não poder ajudá-la no momento, mas tenho um acordo comercial de longa data com a Lastrilha. – repetiu Heitor, pela terceira vez. – E eu, como Presidente do Conselho, bom, não seria correto tomar partido.

- Ora meu pai, mas não agir ou ajudar nesse momento também significa tomar partido, o partido de Otávio. – comentou Bernardo, que estava sentado ao lado da mãe.

- Claro que não, querido, seu pai não está tomando o partido de Otávio, ele jamais ficaria do lado daquele homem contra nossa querida Catarina. – argumentou Gertrudes.

- Eu entendo sua posição Majestade, a boa relação de Alfambres e Artena permanece mesmo em meio a esse conflito. – confirmou Catarina.

A Grande Rainha - Contos da CáliaOnde histórias criam vida. Descubra agora