Capítulo XVII

1.1K 89 4
                                    


REINO DE ARTENA



Quando Catarina entrou na sala, encontrou os homens ali dentro todos ansiosos e confusos, seu pai e Demétrio estavam de pé, andando próximos a mesa, enquanto sentado no outro canto estava Aquino, visivelmente desconfortável com toda aquela situação.

Pensando bem, ela não esperaria uma reação diferente, para homens era uma coisa não natural receber ordens de mulheres, ainda mais quando a mulher em questão era uma princesa que ainda devia obediência ao seu pai e Rei, não era uma rainha, então era compreensível que serem convocados por ela com tamanha urgência e na sala de reuniões real, fazia aqueles homens estarem no mínimo confusos.

- Minha filha, do que se trata tudo isso? – perguntou Augusto. – O que acontece para que você convoque uma reunião dessas?

Catarina observou o pai, naquelas perguntas ela notou mais do que ansiedade ou curiosidade, ela notou também desconfiança. Aquilo a entristeceu, ela amava o pai e sabia que ele a amava também, mas seu pai continuava duvidando de suas intenções, não importava o que ela dissesse, ele parecia que jamais confiaria nela para governar o que quer que fosse.

- Eu irei explicar meu pai, mas antes falta uma pessoa. – respondeu ela. – Não quero ter que contar tudo mais de uma vez.

- Quem falta, Alteza? – perguntou Demétrio.

Neste momento a porta se abriu, e andando devagar, num passo contido e receoso, entrou Afonso. Ele vestia o uniforme da Guarda Real, como ela gostava daquele uniforme, caía muito melhor nele do que aquelas roupas de plebeu que ele costumava usar depois que abdicara do trono.

- Afonso, que bom que se juntou a nós. – cumprimentou Catarina.

- Você solicitou a minha presença, Alteza. – disse Afonso. – Em que posso ser útil?

- Eu tenho algumas informações, e achei que você deveria estar a par delas também. – respondeu ela.

- Com todo o respeito, Alteza, mas qual o motivo da presença de Afonso quando não convocou os demais líderes e capitães? – perguntou Aquino.

- Eu confio nele. – disse Catarina simplesmente.

Afonso a encarou, e ela sustentou seu olhar. Naquela rápida troca de olhares ela viu que ele ainda se ressentia pela forma como ela o censurara na outra noite, quando Otávio a beijara a força. Após a partida do Rei Otávio ela ficou pouco tempo no castelo, logo viajou até Vila Salgada para conversar com Antonieta, e apenas agora eles conversavam cara a cara, mas aquela demonstração de confiança partindo dela suavizou a expressão séria em seu rosto.

- Que tipo de informações você tem Catarina? – perguntou Augusto.

Ela se aproximou do pai e de Demétrio, colocou a carta que carregava sobre a mesa e apoiou as duas mãos na madeira escura e resistente, puxando o ar com força enquanto se preparava para despejar tudo o que sabia.

- Otávio atacará Artena. – disse ela sem rodeios. – Uma guerra se abaterá sobre este reino.

Um silêncio pairou sobre os presentes, todos parecendo assimilar o que aquelas palavras significavam, a surpresa e o choque visíveis no rosto de Aquino, um certo conformismo nas expressões de Demétrio e Afonso, que poderiam suspeitar que isso iria acontecer, e no rosto do pai ela viu dúvida, dúvida pincelada com inconformismo.

- Isso não é possível, não posso acreditar, Otávio é um crápula, mas daí a declarar uma guerra quando acabamos de tê-lo como hóspede? Ele partiu daqui com votos de amizade não faz três dias minha filha. – comentou Augusto. – Como pode ter certeza disso?

A Grande Rainha - Contos da CáliaOnde histórias criam vida. Descubra agora