REINO DE ARTENA
Catarina estava na banheira, a água quente parecia revigorar seu corpo, reabastecer suas forças, algo que ela precisava no momento. Tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo, tantas preocupações, ela sentia que suas forças haviam sido drenadas, sua mente estava esgotada.
- Alteza, a senhora acha que Afonso irá questionar o vosso pai sobre ter sido dispensado de sua escolta? – perguntou Lucíola.
- Não, não acho que ele irá fazer isso, a menos que seja questionado a respeito. – respondeu Catarina. – O que provavelmente vai acontecer, mas meu pai não tentará me dissuadir dessa decisão, afinal não estamos nos falando o suficiente para tanto.
- O Rei Augusto não anulou a compra das armas de Marman e aceitou a ideia do alistamento dos novos soldados, ele parece aceitar melhor suas ideias, Alteza.
- Não seja tola Lucíola, meu pai não tinha outra saída exceto aceitar as armas que chegarão de Marman, e quanto ao alistamento, eu tive que soprar essa ideia nos ouvidos de Demétrio, para que ele a levasse até meu pai, se partisse diretamente de mim ele pensaria que eu possuía segundas intenções ou que era algo desnecessário. – Catarina suspirou, cansada. – Só queria que meu pai entendesse que eu não desejo guerra alguma, quero apenas proteger o meu reino caso a guerra venha até nós.
- E a conquista de mais terras e uma nova rota para o Oriente? Vossa Alteza ainda pensa nessas coisas?
- Isso ainda está nos meus planos, obviamente, a minha ambição permanece inalterada. – respondeu Catarina. – Mas no momento tenho outras preocupações, a ameaça de Otávio é real, eu posso sentir, é nisso que tenho que me concentrar no momento. Quando eu for rainha, chegará a hora de novas conquistas, mas uma coisa de cada vez.
- Sobre o Rei Otávio, os boatos são de que o coração dele apodreceu dentro do peito, mas era nítido que ele só tinha olhos para vossa Alteza. – comentou Lucíola.
- Ah aquele velho nojento, a forma como ele me olha só me dá náuseas. Eu não tenho dúvidas, até o final de sua estadia aqui ele pedirá a minha mão, se é que já não pediu. É tentador demais para ele, casando comigo ele teria Artena em seus domínios e também a mim, em sua cama.
- E vosso pai aceitaria?
- Não, graças aos deuses meu pai detesta Otávio, nunca pensei que ele fosse capaz de odiar alguém, mas quando se trata de Otávio ele chega bem perto. – Catarina fechou os olhos por um momento, e encostou a cabeça na borda da banheira. – Afonso parece estar indo no mesmo caminho, quando Otávio mencionou a saúde da Rainha Crisélia e aquela plebeia dele, achei que Afonso fosse dar um soco nele ali mesmo, mas no final ele se controlou.
- Vossa Alteza e Afonso não conversaram mais depois daquele dia?
- Sabe que não Lucíola, se tivéssemos nos falado depois daquilo eu te contaria, como conto tudo. – respondeu Catarina, e com os olhos entreabertos viu Lucíola sorrir. – Eu deixei as coisas bem claras para ele, eu não sei onde estava com a cabeça quando o beijei, não posso me envolver com um soldado, a posição dele agora é a de um grande "nada", me apaixonar por alguém como ele, eu jamais faria isso, está fora de cogitação.
- Mas, Alteza, não é possível controlar um sentimento assim, ninguém escolhe por quem se apaixona. – ressaltou Lucíola. – Seria uma ironia muito grande do destino se vossa Alteza se envolvesse com ele, afinal ele estava destinado a ser seu marido.
- Seria uma brincadeira cruel do destino, na verdade, mas podemos escolher por quem não nos apaixonamos, eu sempre acreditei nisso. – Catarina abriu os olhos, e viu que a criada a encarava. – E eu não me apaixonaria por Afonso, ele, um mero soldado, aquele que desistiu da coroa por amor a uma plebeia vendedora de sopa, nem meu respeito ele teria não fosse o fato de ter salvo a vida de meu pai.
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A Grande Rainha - Contos da Cália
FanfictionExistem aqueles que nasceram para ser reis, que nasceram para ter seu nome escrito na eternidade e que mais do que tudo desejam a grandeza, e assim era Catarina de Lurton, princesa do reino de Artena. Prometida desde criança ao príncipe Afonso do re...