Capítulo XVI

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REINO DE ARTENA



Catarina e Otávio já haviam percorrido toda a extensão do Jardim Real, ela o conduzira pelo labirinto, dando voltas e mais voltas por entre seus caminhos tortuosos, lhe mostrando as mais belas e exóticas flores do Castelo, e ressaltando a estética única da formação de tão raro lugar, antes de enfim levá-lo ao centro, onde se encontrava a fonte com a água pura e cristalina de Artena.

- Este lugar é realmente magnífico, sem dúvida o mais belo jardim da Cália. – disse Otávio. – Ouvi dizer que é o que mais ama em toda Artena.

- Não nego que esse jardim é meu lugar favorito no Castelo. – disse ela.

- Esse labirinto era o que sua mãe mais amava aqui em Artena também. – comentou Otávio, para a surpresa de Catarina. – É curioso que você tenha herdado isso dela.

- Como sabe disso? Conheceu minha mãe, Majestade? – perguntou Catarina, sem conseguir esconder a curiosidade.

- Sim, eu conheci Cecília. – confirmou ele. – Ela era uma princesa de Nícia como você sabe, mas fora educada e crescera em Teravila, sob a proteção do bondoso Rei Edgar, que coincidentemente era um grande amigo de meu pai, eu viajava muito para Teravila, foi onde nos conhecemos.

- Eu...eu não fazia ideia. – disse Catarina. Essa informação a deixara visivelmente atordoada, seu pai nunca lhe contara que a mãe fora educada em Teravila, longe de seu reino, ou melhor, ele nunca lhe contara nada sobre ela.

- Posso ver que não. – comentou ele com um meio sorriso. – Cecília era uma mulher encantadora, dona de uma beleza exuberante, inteligente e perspicaz como poucas que conheci, com exceção talvez, de você, Catarina.

Otávio a encarava, e o desejo em seu olhar a fez se recompor. Ao tocar no nome de sua mãe ele a desestabilizara, sua mãe era seu ponto fraco, ela não podia deixar que ele ditasse a conversa, não iria ser manipulada desta forma.

- Me considera inteligente e perspicaz Majestade? – perguntou ela, fingindo inocência.

- Te considero mais do que isso. – respondeu ele. – Você é fascinante, Catarina, diferente de qualquer princesa que conheci, você enxerga o jogo, você gosta de jogá-lo.

- É por isso que me enviou aquela caixa de músicas, sabia que eu não duvidaria de suas intenções. – afirmou ela.

- E você não me decepcionou, embora não tenha conseguido convencer seu pai, Augusto foi bem enfático em nossa reunião hoje afirmando que não me dará a sua mão em casamento, inclusive deixou claro que isso está fora de cogitação.

- Mas o que o faz pensar que eu me uniria a você Otávio? – perguntou ela com desdém. – Eu não tenho nenhum interesse em um casamento, seja com quem for.

Eles estavam ao lado da fonte, e Otávio se aproximou, seus corpos agora a poucos centímetros de distância um do outro. A mão dela estava apoiada sobre a borda, e Otávio a acariciou levemente.

- Ah Catarina, interesses mudam de acordo com a ocasião. – disse ele com a fala mansa. – Posso garantir que consigo fazer você mudar de ideia, basta um certo incentivo.

- E que tipo de incentivo seria esse? – perguntou ela, queria ver se Otávio diria em voz alta o que ela já sabia.

- Bom, princesas às vezes devem fazer sacrifícios para o bem-estar de seu reino, você sabe bem disso, e Artena está vulnerável sem a proteção militar de Montemor, isso pode ser perigoso. – respondeu ele. – Não que um casamento comigo fosse um sacrifício, eu garanto que lhe faria muito feliz, mas veja, desta forma o exército da Lastrilha impediria que qualquer outro reino tentasse tomar estas belas terras, ao oferecer esse acordo eu tenho em mente apenas o bem-estar seu e de Artena.

A Grande Rainha - Contos da CáliaOnde histórias criam vida. Descubra agora